domingo, 12 de março de 2023

 SEQUEI

Sedenta fiquei
triste arrebentei fileiras
erosões profundas
em terra ardente
Status de morte!
Eis que de súbito
uma corrente de ar,
mais fria,
ventos uivando,
derreto-me
pelas vertentes de erosão
do morro seco
e me lanço em ondas de choque
com águas que se precipitam rio abaixo,
transformo o nada do deserto
em terra verde!
Sou o sangue da Terra!
Sou Água!

Liz Rabello(2014)

quinta-feira, 2 de março de 2023

 


ODE AO FUTURO
Força
São fagulhas do Sol
Farol no horizonte
Girassóis
Giram em busca de menos dor
São guirlandas, calor
Na imensidão do infinito
Luz
Leveza
São ventos voláteis
Sinais de amor ao porvir
Ao passado,
Cabe o silêncio
Ventos levando o que foi
Ao futuro,
Cabe a esperança
A luz, os gritos de amor!
Liz Rabello

domingo, 12 de fevereiro de 2023

DESTAQUE NO TRIGÉSIMO OITAVO CONCURSO INTERNACIONAL DA ALPAS

HOMENAGEM À QUERIDA REJANE BONADIMANN 



O AMOR É AZUL

Estavam apaixonados. Ao luar, pertinho do mar, ela lhe dizia ao ouvido amorosamente: “O amor é azul, seu cheiro está impresso em minhas digitais. Sinto-o comigo. É como se nunca tivesse sido eu, sozinha, sem você... É como se este seu odor me aquecesse desde sempre.”

Não era a primeira vez que ela, tímida, se sentia assim. Às vezes, em álbuns de fotos antigas, vinha em sua mente a mesma cor do amor, o mesmo odor da bondade. Certa vez perguntou à mãe por que ela, sendo menina, vestia azul. E ouvira aquela mesma resposta: “Porque é a cor do amor.”

Eles se conheceram pelo virtual. Ela, oferecendo residência para quem estivesse precisando de moradia num intercâmbio cultural, nos Estados Unidos da América. Ele, procurando estadia, enquanto estivesse fazendo seu mestrado por lá. Ficaram amigos de imediato. Respeitoso, o sentimento foi crescendo, enquanto moravam juntos com toda a família dela, apoiando os estudos do rapaz. A mãe da menina, carinhosamente lhe fazia as melhores refeições, tudo o que se pode oferecer de bom no Brasil, país rico em Gastronomia e criatividade culinária.

A garota, que se expressava bem em três idiomas: Português, Inglês e Espanhol, não tinha nenhuma dificuldade em dialogar com o rapaz, que só conseguia se expressar na Língua Portuguesa. Ela passou a ajudá-lo nas leituras, nos trabalhos escritos e em tudo o que ele necessitava. A amizade foi crescendo. O amor cada vez mais era azul.

Um dia ele lhe perguntou: “Como foi que você conseguiu sair do Brasil e aprender tão bem o Espanhol e o Inglês?” – Ao que ela respondeu: “Saí do Brasil com poucos dias de vida e me mudei para a Espanha. Cresci falando duas línguas: a do meus pais e a do país que me abraçou. Mais tarde, já adolescente, viemos para os Estados Unidos e então, aprendi o Inglês.”

Não falaram mais sobre este assunto, embora as perguntas borbulhassem na mente do rapaz. Pela Internet, ele se comunicava com os pais, mostrava fotos da menina, da casa, falava da família, com muito amor. Até o dia em que se confessou apaixonado: “Eu me sinto como se o amor e nosso futuro já fosse escrito por mãos divinas.”

Os pais dele adoraram a foto da garota. Praticamente a mesma idade do filho, apenas alguns meses de diferença. Um dia perguntaram o nome completo dela e era bastante familiar aquele sobrenome. Mas Silva, no Brasil, é extremamente comum.

Certa noite, após o jantar, família reunida e um álbum aberto: fotos da Maria bebê, vestida de lindas mantas e casaquinhos de crochê, todos azuis como o céu. Numa nova conversa com os pais, pela Internet, Leonardo confessou: “Mamãe, Maria ama o azul. As fotos dela se parecem com as minhas. Será que você poderia me enviar algumas para eu matar minhas saudades de vocês e do meu passado?”

Pedido feito, ações concretizadas. Os pais choraram ao se lembrar daquele período mágico, em que receberam de Deus, tamanho presente! Quando Leonardo nasceu, seu enxoval todo azul, foi um encanto bordado e tricotado pelas avós materna e paterna. A mãe não tivera dúvidas ao doar tudo aquilo àquela bebê, que nasceria antes de que os pais embarcassem para a Espanha. A mãe, grávida, era sua babá e cuidava de seu primogênito com muito amor, enquanto ela terminava os estudos na Faculdade de Artes. A moça não tinha nenhuma peça para a criança que logo iria nascer. E também não tinha nenhuma possibilidade financeira de comprar algo, já que todas as economias do casal foram direcionadas para essa viagem de mudança de país. No novo lar, o marido já tinha emprego garantido. Nunca se comentou com o filho sobre este gesto. Até que, já adulto, ele quis saber o motivo de ter tantas lembranças em fotos e objetos e não existir nenhuma peça de roupa de quando o rapaz era bebê. Doação confirmada e esquecida nos retalhos minúsculos da memória.

Quando as fotos chegaram, o casal num uníssono de alegria teve o insight. Já não havia dúvidas: Ele, Leonardo; ela, Maria, estavam escritos nas estrelas, com as mesmas roupinhas azuis!

Liz Rabello


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

 

MEMÓRIAS EM BRANCO E PRETO
Ao me deparar com uma foto antiga de um rádio, viajei por minhas memórias. O nosso era movido à eletricidade, ficava em cima de uma geladeira e só funcionava no tranco. Era preciso lhe dar um tapa. Eu me lembro das novelas, de como a gente chorava, ouvindo as cenas trágicas. O mais incrível eram os jogos de futebol. Nunca consegui entender como papai decifrava aquela correria toda. Signos e bolas. Goleiros e jogadores. Árbitros e palavrões. Tinha muito dó da mãe dos juízes. Música? Memória de mel: "Que beijinho doce que ele tem. Depois que beijei ele, nunca mais amei ninguém." Anos mais tarde, na casa da esquina, uma TV para todos: Chico Buarque: Eu me lembro de chorar, emocionada pela minha gente humilde, diante de uma TV, apaixonada pelo brilho dos seus verdes olhos em branco e preto.
Liz Rabello

 

MUTAÇÕES DE PEDRAS
Estava na chácara e meu dente implantado caiu. Por sorte, intacto. Após escová-lo e guardá-lo com cuidado, telefonei ao dentista e marquei consulta às oito e trinta, para a quinta-feira. Levantei na quarta, cedinho, e fiz limpeza na chácara. Peguei estrada e voltei para a capital. Cheguei exausta e fui dormir. Descansei e acordei acesa. Não tinha sono. Coloquei o celular para me despertar às sete. Assim daria tempo para ir ao consultório.
Acordei onze e meia. Apavorada, corri ao banheiro, lavei o rosto. Escovei os dentes e pensei: "Vou assim mesmo, fora de hora, preciso retirar esta pedra do meu caminho". Nem quis banho. Coloquei a primeira roupa que vi à frente, e, ao pentear os cabelos, força do hábito, sorri para o espelho. Pasma, meu dente estava lá... Luzindo de novo!
Demorou para cair a ficha. Tinha acordado atrasada e ido ao dentista. Ao voltar, dormi tão profundamente, que apaguei da memória os últimos instantes.

Para piorar a história, estava procurando algo para pintar bolinhas num quadro. O cotonete era grande demais. Precisava de algo menor. Encontrei na minha bolsa um aparelhinho. O que seria aquilo? Não sabia o que era, muito menos de como viera parar dentro da minha bolsa. Pintei as bolinhas do meu quadro, sem pestanejar. De repente, passe de mágica, numa propaganda de aparelhos dentários, eis que aparece o aparelhinho, que servia para limpar dentes. Eu o ganhara de presente do meu dentista quando lá estive e me esqueci do fato.
Será que estou com começo de mal de Alzheimer?
Liz Rabello

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

DESTAQUE EM CONTO NO TRIGÉSIMO OITAVO CONCURSO DA ALPAS

HOMENAGEM À QUERIDA REJANE BONADIMANN



O CASAMENTO QUE NÃO EXISTIU

Foram dez anos de namoro, entre idas e voltas, brigas e juras de amor eterno. Eram dois pombinhos apaixonados, se beijando de olhinhos fechados, carícias para tudo quanto é lado. Eu os adorava. E no dia do casamento deles, era a mais alegre mãe no altar. Ria das macaquices da dama de honra. Não parava um segundo sequer de mexer-se. Agonia total. Não era à toa que aquela menininha havia se lançado para fora da janela da perua, aos nove meses de idade, enquanto seu pai dirigia, atentamente, sem correr, sem tirar os olhos da rodovia escura, durante uma noite fria em que voltavam para casa. Mas isto é uma outra história que fica para outro conto. O pajem, cópia fiel do meu filho quando criança, já estava até com uma parte da camisa para fora e outra para dentro da roupa cara. Eram as figurinhas mais arteiras e divertidas daquela cerimônia travessa, cujo padre, mais parecia um moto boy, pego às pressas numa esquina qualquer. Errava o Português culto, que a ocasião requer, o tempo todo. Estava tão feliz que sequer o percebia.

Depois de assinados todos os documentos de cartório, porque as cerimônias foram concomitantes, numa linda capela do Alfaville, entrecortadas por árvores belíssimas, paz e flores naturais embelezando o local, lá foi o casal, ainda emocionado para as fotos de praxe. Lindas! O álbum ficou uma raridade. Ali documentou-se todos os momentos de emoção. Desde a entrada triunfante da noiva, uma princesa em noite de gala, vestida de um lindo cor de palha, cravejado de pedras em brilho. Uma menininha tímida que mal se sabia naquele véu de noiva que a ornamentava. Meu filho tremia no altar, à espera da tão sonhada melodia do amor. Anos após, numa ida à Aparecida do Norte, descobrimos que até promessa fizera para casar-se com aquela flor.

Cerimônia finda, família todinha reunida, aplaudindo, testemunhando, assinando e documentando realmente as juras de amor eterno, que ambos faziam para sempre, nós nos encaminhamos para o salão de festas. Ali já estavam os pais de minha nora, recepcionando os convidados quando cheguei. O evento transcorreu às mil maravilhas até a chegada da torcida corinthiana. Amigos do noivo que tomaram conta do salão. Ao contrário do que todos temiam, até que se comportaram muitíssimo bem. Afinal, tudo o que meu filho fazia, sempre tinha um ponto negativo. Nem eu, sua defensora perpétua, acreditava que estava tudo tão certinho. Todos reclamam de mil problemas quando há uma cerimônia assim. No nosso caso, a festa foi maravilhosa. Alegre como eu estava. Feliz como só eu poderia me encontrar. Queria mais do que nunca a felicidade do meu filho e a sabia estar ocorrendo naqueles instantes únicos.

Muitos convidados trouxeram presentes e os levaram ao salão de festas, por conta da ausência de tempo costumeira dos habitantes desta louca cidade de São Paulo. Na saída, enchemos dois carros: o nosso e o da irmã da minha nora. Carregamos tudo para o apartamento deles. E, é claro, o casal a tiracolo... Só que ele foi comigo e ela, com a irmã. Logo de cara, a separação! Sem querer, sem perceber, estávamos eu, a irmã e o cunhado, invadindo a privacidade da noite de núpcias dos noivos. Primos haviam dado um presente numa caixa fechada, pesada demais, com um tic tac estranho. Ficamos curiosos e resolvemos abrir somente aquele presente. E o fizemos. Não era a bomba do Bin Laden, que rindo apelidamos. Apenas um simples relógio de parede, em pedra talhada, um enfeite especial. A esta altura, duas horas da manhã, a noiva já estava sem véu, sem sapatos e louquinha para tirar o vestido. Meu filho não conseguia abrir os botões (quarenta e dois, por sinal). Ela pediu ajuda à irmã, que pediu ao marido, que pediu a mim. E eu consegui! Metade dos botões abertos quando me dei conta de que eu, a sogra, estava sendo “SOGRA”? Não, nem nos piores pesadelos da coitadinha da noiva, poderia haver uma sogra em sua noite de núpcias. Fechei tudo rapidamente e fomos embora, praticamente correndo! Não sem antes dar a meu filho alguns documentos a mim entregues pelo rapaz do Cartório, que deveriam ser levados para um local exato, em tempo hábil, conforme legislam as leis em vigor. Lembro perfeitamente que meu filho os colocou no bolso do paletó da roupa do casamento.

Dia seguinte soube que perderam um tempão com aqueles botões e que dormiram intenso e profundamente até nós os acordarmos com um telefonema na madrugada, avisando que iríamos levá-los ao aeroporto para a viagem a Natal, que já estava devidamente paga e programada. A despedida foi emocionante demais.

Dez dias depois, casal de volta, queimados pelo delicioso Sol do Nordeste, sorrisos lindos nos lábios, felizes como nunca! E mais uma vez, família reunida para recepcioná-los e trocarem de lugar para todos terem chance de ver as fotografias da viagem, o vídeo do casamento e o álbum, com fotos, uma mais bonita do que a outra, documentando o casamento que não ocorreu! Como? Que história é esta? Simples assim: havia um prazo para entrega dos documentos, que foi excedido. Além disso, cadê os documentos? Desapareceram dentro da roupa lavada, entregues pela irmã à loja de aluguel. Resultado: Tiveram que esperar dois meses, para as tramitações costumeiras e irem ao Cartório e realmente se casar, como manda a lei. Nossa Senhora Aparecida teve que ser homenageada por meu filho, duplamente. Que amor lindo dele por minha nora. Casou-se e casou-se. Só que teve que aguentar e ainda aguenta as brincadeiras da família, que jamais entende as datas do álbum, dos convites, com a inexatidão dos documentos oficiais.

Pior foi o sogro perdoar que o genro lhe passou a perna, levando sua filha para o leito nupcial sem casar!

Liz Rabello

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

LÁGRIMAS DE SANGUE

Era jovem, apaixonada pelo meu marido. Já mãe do meu filho mais velho... Quando chegaram visitas para o jantar... Um casal, ela, minha amiga pessoal; ele, amigo do meu esposo. Aquelas visitas tornaram-se frequentes. Nós, também, retribuíamos os convites para sairmos juntos. Até que comecei a perceber o interesse do amigo por mim, telefonemas no meio da tarde, quando sabia, meu marido não estava, recados absolutamente desnecessários. Um dia, aquilo me irritou e abri o jogo: “Se você não parar com isto vou contar para sua mulher!” A resposta veio rápida: “Pode deixar, eu mesmo conto!” E realmente contou. Nunca soube exatamente o quê, porque minha amiga jamais voltou a falar comigo.

Os anos se passaram, não falei nada a ninguém, nem ao meu esposo, sabia o quanto era ciumento. A morte levou meu segredo para o túmulo. Primeiro o meu marido, depois o homem traiçoeiro. Encontrei, recentemente, a amiga. Muito bonita (aliás, sempre foi!) Demos de cara uma com a outra e não houve como não nos cumprimentarmos. Ela sorriu e eu lhe dei um abraço e um beijo; disse-lhe ao pé do ouvido: “Meus pêsames pelo falecimento do seu marido” – Ela sorriu, novamente: “Não sinta, eu sabia muito bem quem era ele, mas o amava.”

Olhei para ela com olhos de quem nunca a viu e a admirei por ser capaz de amar assim. Ela sempre soube a verdade, mas o queria mais do que a nossa amizade e se sacrificou por ele. Hoje, revejo os fatos: precisei de mais de trinta anos para me sentir justiçada. Quantos anos precisarei para me renovar da injustiça de hoje?

Liz Rabello

UM BEIJO INESQUECÍVEL

Sete ou oito anos. Brincávamos no fundo do quintal de minha casa. Cada uma de nós tínhamos por namorado uma das árvores do pequeno pomar. Era apaixonada por uma goiabeira, de galhos contorcidos, onde me sentava para ler Monteiro Lobato, Irmãos Grimm ou as revistinhas de histórias em quadrinhos do Pato Donald, que adorava. Eu me atrasei na escolha e fiquei com o pé de caqui. Naquele tempo também a gente “ficava”. Abracei a árvore com todo ardor, fechei os olhos. Encostei os lábios, de selinho, é claro. Um, dois, três... Lasquei o maior beijo numa taturana preta! Mais tarde, boca inchada, tive que contar a história do beijo para um montão de médicos e enfermeiras, que riam pra valer da minha ingenuidade. Meu primeiro beijo de amor foi inesquecível! Aprendi a não fechar os olhos.

Quinze anos. Namorava. Brigamos! Ferida, magoada, falava sem parar, queria que me provasse que me amava. Ele gesticulava, não o deixava nem murmurar uma defesa... Não teve dúvidas, calou-me com um beijo inesquecível, maravilhoso, como jamais alguém me beijou, nem ele próprio! Eu o carreguei para o altar e juntos ficamos até bem depois da morte o levar.

Mais de trinta anos. Viúva. Pós-graduação na PUC, Semiótica, Mestrado. Uma loucura de livros! Era Coordenadora Pedagógica no colégio, dia de comissão de classe com professores. Sexta-feira. Amigas me convidaram: Vamos dançar? Estava exausta, quase não sei dançar. Como fazê-lo? Me carregaram. Fui a contragosto. Fiquei sentada na mesa olhando. Observando os casais girando! E ali, do meio da multidão, ele veio, atravessou o salão, me pegou pela mão e me levou, sem nenhuma palavra. Deslizava meu corpo para todo lado. Só olhava para os olhos dele. Não sei se foi o mundo que parou ou ele. Só senti seus lábios nos meus... Momento mágico! Vi estrelas... Ninguém mais existia ali. Só nós dois. Não sei nem mesmo qual era a música que dançávamos, pois só ouvi a melodia do meu coração. Ficamos juntos por quatro anos. E até bem depois deste tempo eu o amei por demais.

Liz Rabello

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

 

POEMAS MINIMALISTAS - DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

SPINA

AMOR INCURÁVEL
Estrela Sol ilumina,
seduzindo Lua Cheia...
Sua obsessão ausente.
Um certo ar, mistério indecifrável,
paira por trás, fulminantes raios.
Lua, musa nua, amável, indiferente,
veste-se de luz, intensamente fria!
É ela quem seduz, completamente.

Liz Rabello

É um poema iniciado com uma palavra trissílaba, composto de duas estrofes. Sendo a primeira com três versos de três palavras em cada, e a outra com cinco versos de cinco palavras em cada. Terá que ter uma única rima distribuída no terceiro verso da primeira estrofe, no primeiro da segunda estrofe (opcional), e obrigatória no terceiro e quinto versos da segunda estrofe. A última palavra da primeira estrofe determina quais serão as próximas rimas. As rimas precisam ser perfeitas e todas no plural ou singular.

É proibido outras rimas pelos versos.

Obrigatoriamente precisa ser finalizado com algum tipo de pontuação.

O título é facultativo. Não há obrigatoriedade.

Não se usa as conjunções: e, mas, contudo, entretanto, no entanto, todavia, porém, pois.Palavras ligadas por hífen, são contadas como uma só. Ex: disse-lhe (uma palavra).

Palavras aglutinadas por apóstrofo, são contadas individualmente. Ex: minh'alma (duas palavras).

As palavras que têm sílaba muda podem iniciar o poema, desde que tenha três sílabas formadas por vogais e consoantes. Ex: Observo

As palavras compostas ligadas por hífen serão contadas como uma única acepção. Exemplos: criado-mudo/, guarda-chuva/, bem-te-vi/, vaga-lume/, obra-prima/, beija-flor/ etc. Entretanto, FICA RESTRITA a utilização no início da primeira estrofe, que terá que ser uma palavra inteira, ou seja, não composta.

TROVA - QUARTETO
Um mistério indecifrável
paira por trás de um clarão.
Seria o Sol todo amável,
dando à Lua o coração?

Liz Rabello

Métrica 7/7/7/7... RIMAS obrigatórias ac/bd... Frase única... A Trova deve conter todos os elementos cabíveis, dentro da métrica, em elisões: vogais, por exemplo. Seu significado deve bastar-se a si mesmo... Se o leitor precisar PENSAR,     para INTERPRETAR, não é trova. Pontuação demarcada... Sem título obrigatório. Não iniciar versos com letras maiúsculas, a não ser que a pontuação venha a exigir.

Liz Rabello


POETRIX - TERCETO
MISTÉRIO INDECIFRÁVEL
Clarão por trás da Lua
Sedução da estrela Sol?
Obsessão

Liz Rabello

Título obrigatório... O terceto pode conter até trinta sílabas métricas. O título não entra nesta contagem, portanto, pode e deve ser explorado... Começar versos com ou sem letra maiúscula... Sem pontuação (a não ser que o significado venha a exigir)... Concisão... Ao contrário da Trova e do Haikai, o Poetrix não pode conter frase única. 

O Haikai é uma pérola, o Poetrix é uma pílula. Para criar este poema mínimo é necessário LAPIDAR. Retirar dele todos os elementos que estão a MAIS: artigos, verbos, pronomes, tudo o que possa deixar em ABERTO o significado, para o leitor definir. A participação do leitor na decodificação da mensagem é fundamental. É proibido o grafismo. Rimas empobrecem o Poetrix e devem ser evitadas.

Uma das características do Poetrix é possuir um SUSTO ou SALTO. Em geral, encontra-se no terceiro verso, brincando com o título, oferecendo multiplicidade de significados.

Liz Rabello

HAIKAI TRADICIONAL TERCETO
Sol apaixonado?
Sempre corre atrás da Lua...
Amor incurável!

Liz Rabello

Métrica 5/7/5... Sem rimas... Frase única... O Haikai se basta a si mesmo. Pontuação demarcada... Sem título obrigatório. Não iniciar versos com letras maiúsculas, a não ser que a pontuação venha a exigir.

Liz Rabello


CAMAQUIANO - QUADRA
Indecifrável mistério
estrela Sol
amor incurável
Lua indiferente

Liz Rabello

Um novo estilo poético sucinto horizontal em “quadra”, contendo apenas “08 palavras”, onde o pouco é muito. As palavras formam seus “pares em cada linha”; com elegância nas frases, ou seja, uma do lado da outra com sentido à primeira palavra, pois, se trata de um “Poema Frasal”, com poucas palavras; desde que tenha coerência poética. Ele é iniciado apenas com letra maiúscula na primeira linha do verso, as demais prosseguem com letras minúsculas, exceto os nomes próprios. Palavras ou nomes compostos, equivalem a “uma palavra”. Neste poema não há métricas, trata-se de um “Poema Desenvolto”.  (Desembaraçado-livre). O formato (Estrutura) as frases ficarão uma embaixo da outra; no sentido uniforme, onde as palavras ficarão voltadas para o lado esquerdo, não pode centralizar as palavras, ou as deixando aleatórias; e não há espaçadas de linhas de uma para a outra.


ALDRAVIA
estrela
Sol
amor
incurável
Lua
indiferente

Liz Rabello

Aldravia é a primeira forma poética genuinamente brasileira, onde o poeta deve traduzir o máximo de poesia em somente 6 palavras.

- Aldravia não é frase em pé. Devemos evitar preposições, artigos e conectivos, alguns verbos e dar preferência as palavras inteiras. Segundo as regras dos criadores, conectivos não devem ser usados pois dão as mesmas o sentido de frases em pé. Podemos construir Aldravias belíssimas, e genuínas sem precisar usá-los. Preposições são aqueles termos invariáveis que usamos para ligarmos duas palavras. Existem outras, porém as mais comuns são as essenciais: a, ante, após até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, atrás.

- Aldravia não deve conter palavras em maiúsculas, exceto em caso de nomes próprios, ou algum vocábulo que desejamos destacar. Mas a regra geral é que nenhuma palavra deve iniciar em maiúsculas.

- Aldravia não deve conter ponto final, vírgula, ponto e vírgula. As exceções de pontuação são os dois pontos, interrogação e exclamação, quando necessários.

- Não são permitidas Aldravias em acrósticos. 

- Deve ter ritmo e poeticidade

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

POLÊMICA: SERÁ QUE AS PLANTAS E ÁRVORES TÊM CONSCIÊNCIA E PODEM ATÉ SENTIR DOR?

CURIOSIDADES SOBRE AS PLANTAS

Logo que comprei minha propriedade em Piedade, uma pequena chácara, plantei muitas árvores frutíferas e primaveras. Ao todo: vinte e três pequeninas plantas, que cresceram e se tornaram árvores frondosas. Entre elas, uma seringueira. Minha falta de experiência me fez cometer um erro gigantesco: eu a plantei perto da fossa negra, ao lado da casa. A menininha frágil cresceu como louca e suas raízes alcançaram, de um lado: a fossa e do outro, adentraram para debaixo da construção. Lógico que fomos obrigados a cortá-la. Uma semana depois, o tronco que sobrara chorava, e eu, sequer consegui fotografar a sua dor ou a minha.

Liz Rabello

A ciência já percorreu um longo caminho, mas a gente ainda não solucionou todos os mistérios da natureza. Um desses mistérios é como as plantas e árvores funcionam a nível sensorial, e também como se comportam, tanto individualmente como em grupo. Muitos de nós conversamos com plantas, até porque nos disseram que elas precisam de amor para crescer com saúde. Afinal de contas, árvores e plantas são seres vivos. Mas será que elas sentem dor? Será que se comunicam umas com as outras? Elas têm algum tipo de consciência?


ÁRVORES SÃO GENTIS UMAS COM AS OUTRAS

As árvores são muito educadas umas com as outras. Um fenômeno conhecido como timidez da copa acontece em certos tipos árvores. É quando as copas das árvores não se tocam. Elas não se sobrepõem aos galhos uma da outra e permitem que a luz solar chegue ao solo. Isso que é saber respeitar o espaço individual!

Esse fenômeno vem intrigando os cientistas há anos e ainda não há um consenso sobre a razão desse acontecimento. Uma das possíveis razões é que as árvores fazem isso como parte de um mecanismo de defesa para ajudar a prevenir a propagação de doenças, bem como compartilhar a luz solar.

TIMIDEZ DAS COPAS

Curiosamente, nem todas as árvores se comportam assim. Isso é mais comum entre árvores da mesma espécie, bem como da mesma idade. Ainda assim, mostra que há algum tipo de reconhecimento do meio ambiente e de seus vizinhos.


PLANTAS COMPARTILHAM RECURSOS

Árvores que evitam se tocar compartilham a luz solar com seus pares, mas também compartilham outros recursos através de suas raízes.


REDE MICORRÍZICA

Essas redes subterrâneas são feitas de fios de fungos que crescem entre as raízes. Eles essencialmente conectam toda a floresta. Plantas e fungos se comunicam usando essas redes, o que inclui o compartilhamento de recursos como carbono e nitrogênio.

COMPARTILHAMENTO DE RECURSOS

As maiores e mais antigas árvores usam essa rede para nutrir árvores mais jovens, compartilhando os recursos necessários para ajudá-las a crescer.

E essa história fica ainda mais interessante: "árvores-mãe" parecem reconhecer sua família e, como resultado, compartilhar mais nutrientes com parentes quando comparado a estranhas.

PLANTAS CONVERSAM ENTRE SI

Essas redes de fungos vegetais são usadas para mais do que apenas compartilhar recursos. Elas também são usadas para se comunicar umas com as outras.

PLANTAS SE AJUDAM MUTUAMENTE

Uma árvore ferida envia sinais de alerta químico para que outras árvores possam se preparar para o perigo. Árvores que estão morrendo compartilham todos os seus recursos através da rede. Parece que a floresta coopera e tem mais em comum conosco do que pensávamos originalmente.

PLANTAS SE COMUNICAM ATRAVÉS DE CHEIROS

A comunicação entre árvores e plantas não é feita apenas no subsolo. As plantas realmente têm um olfato e reagem a certos odores.

As árvores de bordo (ou acer, aquelas com a folha parecida com a da bandeira do Canadá), por exemplo, usam cheiros para alertar as outras sobre o perigo, de acordo com um estudo. Odores são usados para enviar sinais de alarme para suas vizinhas, desde alertas sobre ataques de insetos até amadurecimento de frutas - e tudo que esteja entre essas coisas.

PLANTAS PEDEM SOCORRO

Falando em insetos, quando as plantas estão sob ataque, elas liberam moléculas voláteis que compõem cheiros particulares.

JASMONE

Uma dessas moléculas é a Jasmone, que é emitida por flores de jasmim para alertar plantas próximas sobre pulgões. Então, da próxima vez que você beber uma xícara de chá de jasmim, é melhor fazer isso longe das plantas, se você não quiser assustá-las!

 REAÇÃO EM CADEIA

Moléculas como Jasmone também alertam insetos predatórios sobre a presença de agressores de plantas, para que eles possam atuar e realmente ajudar as plantas angustiadas (e fazer uma boquinha, lógico).

GRAMADO

Sabe aquele cheiro característico de um gramado recém-cortado? Sim, a grama está essencialmente pedindo ajuda enquanto está sob ataque.

PLANTAS RECONHECEM A FAMÍLIA

Esse comportamento, mais comumente associado aos animais, também está presente nas plantas. Como resultado, as plantas que têm parentesco recebem mais recursos compartilhados através das raízes, mais luz e, consequentemente, produzem mais frutas e sementes. Elas são sonoras

PLANTAS CONSEGUEM OUVIR?

As árvores emitem frequências sonoras. São infrassons de ultra-baixa frequência ou ultrassons de alta frequência, por isso os humanos não conseguem ouvi-las. Outras plantas e animais, no entanto, conseguem.

À medida que plantas e árvores emitem frequências, elas também podem detectar vibrações através do ar. Particularmente, elas parecem detectar sons relevantes para sua sobrevivência, como o barulho da água ou o som de insetos.

As flores também podem "ouvir" o som das abelhas e reagir produzindo mais néctar, tornando-as mais atraentes para os insetos e garantindo a polinização. Elas podem "ver".

Embora as plantas não tenham olhos, elas são sensíveis à luz. Na verdade, elas têm órgãos semelhantes aos olhos chamados ocelli, que agem como lentes para detectar luz. Além disso, há também a possibilidade de que o ocelli seja capaz de sentir cores e formas.

PLANTAS PODEM APRENDER?

Através de seus sentidos, as plantas podem realmente aprender e ter a capacidade de lembrar. Acredita-se que façam isso através da aprendizagem associativa (por exemplo, associando a presença do vento à existência da luz), mas o mecanismo exato permanece desconhecido.

PLANTAS PODEM LEMBRAR?

As plantas também se lembram. Um estudo descobriu que uma planta que reagia movendo suas folhas quando tocada, parou de fazer isso depois de saber que a ameaça não era real.

PLANTAS SENTEM DOR?

As plantas não têm os mesmos mecanismos de dor que os animais, então não sentem dor como nós sentimos. Elas, no entanto, reagem às lesões e produzem substâncias que suprimem dor, o que nos faz questionar quais são os motivos delas precisarem disso. Além do mais, descobriu-se que, assim como os animais, as plantas também respondem à anestesia.

PLANTAS TÊM CONSCIÊNCIA?

Então, podemos dizer que as plantas são conscientes? Bem, para começar, precisamos ter uma definição universalmente clara do que é consciência (o que não temos). O que sabemos é que as plantas parecem estar cientes de seus arredores e podem de fato se comunicar.

Um estudo também descobriu que as plantas são capazes de "distinguir-se dos outros". Isso as tornaria conscientes? Ninguém pode dizer com certeza. São necessárias mais pesquisas para se chegar a uma resposta mais concreta.

 FONTE DE PESQUISA

Polêmica: Será que plantas e árvores têm consciência e podem até sentir dor? (msn.com)