PÂNICO PELA MANHÃ
Acordar pela manhã é uma festa.
Em geral a Vareta chega bem de mansinho e fica fazendo carinhos até abrir os olhos. Finjo que ainda estou dormindo para usufruir
de suas lambidas e rabinhos de abano mais um pouquinho.
Nesta madrugada as coisas
mudaram de cena, porque acordei assustada, pensando que algum bicho estava no
meu rosto. Pavor da dengue! Dei-lhe um
tapa pensando ser mosquito. Não era, tadinha da bichinha! Dormi de novo.
Acordei com a porta batendo e sendo fechada. Deduzi que era o marido saindo
para sua caminhada matinal. E, é claro, levando nossa menina com ele. Fechei os
olhos tranquilamente e voltei a dormir.
Fui acordada com latidos estridentes, fúria de Vareta em rebelião,
vingança de um tapa que levou sem querer. A Juliana, minha ajudante aqui em
casa, com um celular à mão, no alto, como se estivesse em pânico, balbuciando
algo que nem sei. No torpor do susto, imaginei a porta aberta esquecida pra
valer e alguém entrando para um assalto fazer acontecer. Fiquei sem voz e mal tive como atender ao
celular. Apenas uma chamada para mim. Ai
meu Deus, que manhã!
Liz Rabello