sábado, 28 de dezembro de 2013

CINQUENTA TONS DO OLHAR



CINQUENTA TONS DO OLHAR

Adoro o verde!
Meus olhos claros
Esverdeando ambiente
Reflexos de Narciso
Começo a contar:
Um, dois, três
Nances diferentes
Quatro, cinco, seis
do meu verde olhar!

Meu paraíso aí está:
Montanhas e vales,
Floreiras e vasos
gramados e galhos,
cercas vivas e ninhos
flores e folhas,
ambiente externo e interno
Tudo muito verde
Cinquenta tons do olhar!

Liz Rabello

SENTIMENTOS


"SENTIMENTOS NÃO MORREM COMO PLANTAS QUE SECAM SEM O BÁLSAMO DAS ÁGUAS, POIS POSSUEM LÁGRIMAS PARA REGÁ-LOS NO CORAÇÃO"

(In MENINAS SUPER POÉTICAS II, de Liz Rabello, Editora Beco dos Poetas, 2012)

SOLIDÃO

Escrever me faz chorar
lágrimas salgadas
tinta colorida no papel
Dói menos!

Adoro dormir. Quando bebê, dizem, era difícil encontrar-me acordada. Passei a maior parte da minha infância convidando meus irmãos para brincarem comigo “de dormir”. Certa vez, fui encontrada dentro do guarda-roupa, após ter deixado a família e todos os vizinhos desesperados com o meu sumiço. Só aprendi a dormir menos quando meus filhos nasceram. Foi então que meu sono pesado tornou-se leve e passei a acordar várias vezes durante a noite e a dormir intensamente logo após.
Estranho o que me aconteceu certa vez em que acordei sobressaltada com o telefone a tocar por volta da meia-noite. Não era ninguém que se manifestasse. Atendi e a voz do outro lado silenciou. De meia em meia hora, por quatro vezes seguidas, fui surpreendida por aquele toque silencioso e maligno. Fora de hábito, perdi o sono meio que preocupada, meio que agoniada, quando ouvi um baque surdo de um corpo pulando muro abaixo perto do meu quarto. Corri até a sala e liguei para a polícia, que veio muito rápido, cercou minha casa e vasculhou em cada canto o quintal inteiro sem nada encontrar de errado.  Morava sozinha com meus dois filhos pequenos desde a morte do meu marido e, naquela noite estávamos os três na cama de casal. Abraçada a eles, tentei adormecer de novo. Como não conseguisse, orei a Deus, o meu bom Deus, que me amparasse.
Não sei se dormi, nem mesmo sei se sonhei ou foi real. Certo é que me vi abrindo bem os olhos e vendo em volta de uma névoa uma mão a mim estendida. Reconheci de imediato, porque além dos olhos dele, o que mais o admirava eram as mãos. Perguntei de mansinho, voz baixa, tranquila: “É você, amor?” Ele de costas, voltou-se e vi, nitidamente, apenas o rosto do meu amado que em outras esferas já morava. Ouvi: “Precisava vir, quero saber como você e as crianças estão”. Fiz um sinal com a cabeça para mostrar meu filho menor que dormia do meu lado, bem pertinho. Olhei também para o meu anjinho, mas quando levantei os olhos, tudo sumiu de minha frente e me vi, consciente, sentada em minha cama, chorando e agradecendo a Deus por me ajudar a viver na solidão.
Liz Rabello

MINHA ÁRVORE DOS SONHOS

Tem um sabor agreste
Verde oliva azul celeste
Gotas de arco-íris em luz
Bolhas de ilusão no meu capuz

Tem um sabor de eternidade
Algo que transmuta realidade
Mudanças de estado, verdades
Erros de egos, status de vaidades

Tem sabor de alegorias
Luzes claras de alegrias
Sons suaves de euforias
Canções em doces melodias

Minha árvore dos sonhos
É assim: água corrente
Nas manhãs incandescentes
Abraçando sol lua paz nascentes

(In APANHADOR DE SONHOS, de Liz Rabello, a ser publicado em 2014)