CORRENTE SANGUÍNEA
Nosso planeta é um mapa de
desolação. Aqui, a água como recurso natural indispensável está acabando. O Rio
Tietê, que corta nossa cidade por completo, é uma fonte de doenças, mal estar,
putrefação e ausência de vida. Logo ali, ar saturado. Milhares de carros
entopem a cidade, parados, de um lugar que não vai a lugar algum. Mais adiante,
queimadas matam o solo fértil, nutrientes necessários à vida perdidos para além
do tempo. Habitat natural de insetos, borboletas, abelhas completamente
destruídos. Acolá, lavouras de milho, soja, frutas, legumes morrendo à míngua,
por ausência de chuvas, que quando caem dos céus, em gotículas serenas já
chegam como chuva ácida.
Acidez é a rota para nosso
planeta, que cobra vida! O corpo humano é setenta por cento água. O planeta,
mais... Porém a potável, que só ela é fonte de vida, é pouquíssima! Seu pequeno
volume somado aos cumes de montanhas geladas, com o calor saturado e ampliado
das contingências do consumo capitalista, lixo sem controle, camada de ozônio
aumentando sua esfera, pobres placas de água doce se derretem e se transformam
em salgada de mares e oceanos, que não aplacam nossa sede de viver!
O pior é que os seres humanos, os mais inteligentes dos animais, que tanto poderiam fazer para transformar em flores a corrente de sangue que corre em volta de nós, apenas promovem a guerra. Duelos destruidores por palavras, por ações, por armas nucleares, por bombas... Lágrimas de sangue em meu coração, quando tudo o que desejo é um pouco de amor... Um laço de união... Um coração de flor!
Liz Rabello