quinta-feira, 5 de março de 2015



BUMBUM NÃO É BOLA

Há muitos anos atrás numa sala de primeiro ano, tinha um aluno que todo santo dia dava um pontapé muito bem dado em uma bundinha fofinha da classe. Quando não em pênis. Todos já haviam passado pelo terror exposto. Várias vezes eu o chamei num canto e conversei com ele. Nada, nada o fazia modificar suas atitudes. Uma manhã me deu a louca. Mostrei a parede e disse "Dê um pontapé aqui!" - Como não era bobo, não queria obedecer, até que gritei. Então, bem de leve, encostou o pé na parede. Eu berrei:  “Mais forte! Mais forte!”. Chorou, sentiu a dor e nunca mais deu pontapé em ninguém. Não só a classe passou a ser mais feliz, como ele também, que não mais significava o "pavor" aos demais. Por que todos os meus diálogos não surtiram resultados? Porque existem formas e formas de aprendizagem. Uma é pelo aprender ouvindo e aceitando, outra é convivendo e dialogando e inserindo as experiências alheias. Outra é a própria experiência e o sofrimento que ela produz. Sem  dúvida a melhor é esta última , no entanto suas consequências às vezes são irreversíveis. Há de se cuidar para ficarmos atentos e aprendermos de forma mais simples.


Liz Rabello