segunda-feira, 2 de dezembro de 2019


UMA ÁRVORE NO MEIO DO CAMINHO

Sempre tive fome de verde.  Quando meus olhos se abriram ao Condomínio AGV, pensei saciar este desejo. Uma montanha de floresta virgem, sem dedos e pés de homens, sem trator à vista.  Imediatamente comprei a chácara. Era tudo o que eu queria. O paraíso é cortado pelas águas. De um lado, o Caminho das Matas: do outro, o Caminho dos Lagos.

Minha rua “João-de-Barro”, não por acaso, tem casinhas em poste e muitos outros pássaros a lhe fazer companhia. Brinco que entraram no Programa “Meu Poste, minha Vida”. Para chegar até ela, é preciso pegar o caminho dos lagos. Uma área mais urbanizada do local.  Um pouco mais ao alto, a Estação de Tratamento de nossa água potável. Vem da montanha, cuja vista, da varanda, deslumbra meu olhar. Segue uma trilha pelo caminho das Matas. Quanto mais a gente sobe, mais o verde se fecha. Proprietários do local mais ermo esbarram com as leis florestais e não podem derrubar árvores para construir suas chácaras. Há um grande embate entre preservar e usufruir. Muitos teimam, constroem, mas têm dificuldades em chegar até lá quando chove demais. Outros se uniram, boicotaram as leis e tratores abriram ruas no meio da mata. Árvores tombaram. Animais mata adentro se refugiaram. Dias depois, uma pequena plantinha nasceu no meio das pedras colocadas na rua aberta. Cresceu mais rápido do que os proprietários em suas novas construções. Quando deram por ela, lá estava. Uma pequena árvore no meio do caminho!

Carros, caminhões, tratores...  Todos desviando, à direita ou à esquerda.  Um pequeno círculo se formou ao seu redor. A árvore vingou, ganhou respeito. É dona da rua e de todos os corações.
Liz Rabello