sexta-feira, 10 de abril de 2020


Meu corpo
Invólucro
Veste minh'alma de cores
Lilases róseos
Cinzas de dores
Transmuto valores
...
O poema não nasce
Meu corpo inerte
Apenas se veste

Liz Rabello



ISOLAMENTO SOCIAL

Meus ombros não suportam a dor
Enrijecem os músculos
Oprimem os gestos
Lágrimas inundam meu ser

Lábios que querem beijar
Fecham-se em silêncios mortais
Braços aos abraços cruzados
Mãos que não se afagam

Isolamento social
Recolhimento interior
Paz que se busca
E se encontra na fé
Quarentena de amor

Liz Rabello


LÍDER ISRAELENSE QUE CHAMOU COVID–19 
DE CASTIGO GAY PEGA A DOENÇA

AMOR AO PRÓXIMO

Preconceito não cabe
Em nenhuma parte
Não se cospe pra cima
Muito menos pra baixo
Não se tosse a saliva
Não se fala demais
Não se canta de galo
Nem se muge de gado
Estamos todos na mesma arca
Num dilúvio de Noé
Ideologias... Já dizia Cazuza
Só temos uma pra sobreviver!

Liz Rabello


AS FLORES CHORAM

Onde estão as mãos
Dos idosos que cultivavam flores?
Das risadas e gargalhadas
Das matriarcas que faziam macarrões?

Onde estão os cultivadores
De nossas tradições
Que mantinham vivo
O DNA em nossos corações?

São números em potes
No crematório
Sem oratório
Sem despedidas
Sem velórios

Liz Rabello