UMA ARTE BEM GOSTOSA
Cidinha Paixão era uma pessoa “quadradinha”, toda certinha, que andava com Diário Oficial debaixo dos braços. Mas era boa de coração. E por esta razão foi unânime a adesão. “Vamos fazer para ela, nossa Diretora predileta, uma festa de aniversário surpresa”. E fizemos. A data caiu numa quarta-feira. Aulas foram desmarcadas. Na surdina, ninguém abriu a boca para falar o que não devia e a surpresa realmente foi para nós. No almoço, o prato servido foi Strogonoff de carne e frango para todos os gostos. Unidos, professores e funcionários fizeram algo para preparar a festa, desde bexigas a enfeites de mesa, que por sinal ficou linda! Trabalhei na cozinha e muitas batatinhas descasquei, cortei e fritei. Tudo pronto, meio dia e nada da Cidinha aparecer. Uma hora, duas horas, três horas.... A fome aumentando e o estômago roncando. Fomos comprar mais batatinhas, porque elas é que estavam desaparecendo. Regadas à caipirinha, foi o que nos restou para conseguirmos fazer a espera durar.
Alguém contratou a escola de samba do bairro. Os músicos e as passistas chegaram. Samba rolou solto no pátio interno, todo fechado, para ninguém saber o que rolava por lá. Eu só me lembro que me sentei na escada e que tirei os sapatos e ensaiei passinhos de samba que jamais soube dançar. Foi neste dia que aprendi que se ficasse de fogo, o que faria seria sorrir. Foi a melhor festa de minha vida. Gargalhei gargalos de alegria!
Cidinha não apareceu e nem soube se ela percebeu que no sábado seguinte a escola toda foi feliz da vida repor o dia do aniversário que não aconteceu.
Liz Rabello