EDUARDA E MÔNICO
Com
você posso ser
Sentir
de coração
De
mente demente
Aquilo
que não se mente
Semente
somente de amor!
Quando
meu amor me disse que me enviou um torpedo que não havia chegado, logo previ,
mandou a outra sem querer. Ele é todo atrapalhado. Tem uma mochila com diversos
compartimentos. Bolsos furados, uma nárnia alegre onde tudo se perde e nada se
encontra. Em nossos primeiros momentos delirava à procura de um não sei o quê,
que esquecera no local anterior onde estivera. É sempre assim... Cabos de
carregadores de celulares espalham-se por todo canto. Três, que usa ao mesmo
tempo, só que nunca tem tempo de me atender quando necessário é. Quanto ao
torpedo, certeza do comando, que não disparara o essencial, pra quê palavras se
o coração chegou? Está bem aqui na minha mão, batendo descontroladamente, em
meio a felicidade em nuvens de algodão. E eu sinto que é verdade. Uma demência
louca de amor, com toda paz e sobriedade, pois que sem mente sã é difícil
realizar desejos secretos, já que o secreto se perde em segredos de amor. Logo de
cara dei-lhe um presente perfeito: uma mochila novinha, que esquece de usar.
Tão
pouco tempo e já o conheço como a palma de minha mão. Menino travesso. Moleque
sem jeito. Amigo perfeito. Mil histórias a contar. Um milhão de outros amigos a
me anunciar. Ama a poesia, assim como eu. Rima histórias na vida real.
Trabalha, trabalha, sem nada ganhar. Dinheiro nunca está em suas mãos.
Não
tem carteira assinada, nem propriedade privada. Paga aluguel e não tem
preocupação. O ladrão pode vir que nada tem a levar. Abre portas e não as
fecha, pois não tem o que temer. É bem mais jovem do que eu e me ensina a ver
as nuances da aurora, as belezas raras de folhas a se mesclar nas caminhadas
pelas trilhas da vida, que me leva a percorrer.
Como
Eduarda e Mônico, somos o oposto, um do outro a se tocar, será que um dia vamos
nos encontrar nesta paradoxal tempestade de ser não ser quem desejamos ser?
NOTAS DESAFINADAS
Mar calado,
noite densa
Nenhuma onda
gigante se manifesta
Palavras são
redemoinhos ausentes
Pedregulhos
pousados no fundo do mar!
Corpo em pausa,
corpo neutro
Nenhum som de
encanto te faz acordar
Palavras são
notas desafinadas
Na ponta do
penhasco a se equilibrar!
Arrepio na
coluna... É o vento!
Trazendo
cantigas de um tempo lá atrás
Palavras agora
exalam novos aromas
Perfumes
mesclados a sabor e a paz!
Coração se
exalta, enrubesce o rosto
Desejos
mansinhos de vida a voar
Palavras nascem
querendo acordar
Aurora repleta
de sonhos a vivenciar!
"QUE O SOM DO PIANO SEJA TOCADO
PELAS ASAS DE UMA BORBOLETA"
Liz Rabello