Feche olhos pras
queimadas
A gosto de quem não
vê
Os agostos sem
chover!
GIRASSÓIS
Uma lembrança
desencadeia outra! Agosto nunca foi o mês predileto da vida dela. Sempre dizia:
Muitas mortes em família. O meu avô paterno e as minhas bisas foram morar em
outra esfera nesse mês! O verde, que tanto amava, ficava seco, marrom escuro! A
fumaça cortava o céu e voava levada pelo vento a poluir a cidade. Não eram só
as perdas que se tornavam tristes. O ar, o ambiente, a atmosfera também! Agora,
era eu, quem mais sentia. A gosto de Deus... Ele a levou neste mesmo mês.
Poderia ter sido em Setembro, mês das flores, ou em Abril, pés de Manacá
floridos! Ou em Janeiro! Os girassóis estariam se voltando para o Sol em busca
de luz. Ah... Os girassóis! Ou foi a luz do sol, ou a letra G da palavra e eu a
descobri, ao mesmo tempo em que na capa de um dos álbuns, lia triunfante:
Sinta a leveza do
Amor
Olhe sempre os
Girassóis
Cinemas de
entardecer!
(In CÓDIGO AGV, INTERVALOS, Liz Rabello, Beco dos Poetas, 2013)