segunda-feira, 14 de abril de 2014





SEM PARAR VIA FÁCIL... DIFÍCIL DEMAIS!

Vou toda semana para a chácara e preciso parar, perder meu precioso tempo, nos pedágios. Uma tarde me alertaram sobre uma promoção: “Saia daqui com seu Sem Parar Via Fácil, em segundos!” Cedi.

Ai, se arrependimento matasse! Segundos viraram minutos, que acabou por mais de uma hora. Mas, a princípio, feliz. Paguei com cheque nominal e meu carro já saiu do Rodo Anel com objeto estranho acima do visor. Funcionando!

Primeiras semanas foi inevitável a alegria de passar, rapidamente, sem parar e sem pagar. Que delícia! Foi então que tudo aconteceu. Numa bela manhã, qual não foi minha surpresa, quando a sirene tocou e a trava de segurança não levantou a cancela e presa fiquei às explicações. Não, nada havia de débitos a pagar, aliás, pela promoção, o prazo ainda se estenderia por mais algum tempo. Como não estivesse em mãos com a documentação, prova fatal de minhas palavras, tinha que pagar. Estremeci, nem havia pensado nisto. E agora? Nenhum centavo na bolsa, nem no porta luvas, nem em canto algum. Meu neto, solícito, pagou o pedágio, retirando trocados de sua mesada.

Ao sair da situação embaraçosa, que me roubara minutos preciosos de tempo, primeira providência foi ligar para o setor competente e solicitar informações. Realmente não havia débitos a pagar. Algum problema com a leitura eletrônica dos dados do automóvel. Semana seguinte, lá vou eu, meio que na incerteza, apavorada com meu atraso do dia. Decidi não me arriscar e paguei normalmente o pedágio. Da terceira vez arrisquei. Arrisquei e passei. Feliz, pois pelo jeito estava tudo bem.

Foi então que tudo se repetiu. Estávamos cantando e brincando no carro, quando meu neto me alertou: “Vovó, você tem dinheiro para o pedágio?” Respondi que sim, sem mais comentários. Próximo ao bloqueio, ele me indicava o lugar correto, enquanto eu me arriscava no sentido do Passe Fácil. A sirene tocou, a cancela fechou e o guarda chegou! Enquanto me solicitava documentação, meu neto brigava: “Seu Guarda, eu bem que avisei, mas vovó quis passar sem pagar!” Olhei para meu neto, com olhos de quem quer fazê-lo se calar, sem falar! Expliquei ao oficial tudo que vinha acontecendo e ele me disse que nada podia fazer a não ser cobrar os reais que eu devia por aquela passagem eventual. Deu-me um telefone, que eu já possuía e que meu neto confirmava ser o mesmo que já nos deram em outro dia. Paguei. Passei. Parei adiante, berrei uma frase contida de bronca no menino, joguei o aparelhinho do “Passe Difícil” pela janela do carro, acostamento afora e fui embora, irritada como nunca.

Um mês depois chegou a conta: Um monte de “Pare Difícil”, que eu jamais fizera e que tive que pagar, além do aparelhinho, que só na saudade descobri não ser meu, mas apenas um empréstimo do sistema viário de São Paulo. Perdi muito tempo ao telefone para resolver o impasse. Paguei com lágrimas de ódio. Pior, não consegui desgrudar do vidro do carro a parte colada e imóvel do mecanismo do “Sem Parar Via Fácil”. Nunca mais quis ludibriar meu tempo e fiquei com trauma deste mundo eletrônico de fazer gente do bem se tornar mau elemento aos olhos infantis.
Liz Rabello


MAGIA DO INSTANTE PRESENTE!

Os seres humanos vivem em busca de respostas,
que possam coroar de entendimento
o inatingível desconhecido.
Só sei que só conheço o AQUI
Este instante divino de minha respiração,
o pulsar constante e maravilhosamente
equilibrado do meu coração!
Mas sei, também, que tenho pouco TEMPO.
É míster que eu aprenda a cuidar de fazer valer esse TEMPO.
Ainda ontem lia Antonio Cândido
e ele desmascarava a frase mãe do Capitalismo:
"Tempo é dinheiro!" Não é não!
Tempo é o tecido da vida! 
Um tecido que se enruga,
que se desfaz e vira pó como
as asas de uma borboleta,
quando não são tocadas pelo Amor!

(Liz Rabello)


(Pintura em tela - Acrilex - CONCEPÇÃO - (Liz Rabello)

MENTIRAS

Ninguém gosta de mentiras
Todos amam palavras verdadeiras!
Promessas que se fazem com vontade de cumprir
Eu quero ficar nua pra você
Para me sentir penetrada por seus olhos!
Quero ver você me ver, não na foto
que só é para segurar o tempo,
para ver/rever depois que o amor se foi
Quero viver com você delírios de amor!
Juntos, enlaçados, desprotegidos,
desgovernados, entregues, apaixonados!

(Liz Rabello)

AMOR VIRTUAL

Um pequeno lance
Uma fração de segundo
Meus dedos tocam a tela
Eu me abraço a imaginar
que seus braços me envolvem
Sua respiração ofegante!
Meu suor denunciante
Sinto tua presença mais que inquietante
Toco seu rosto sem querer
Que frio é este que me invade a alma?
Que calor é este que a telinha embaça?
Paradoxo da eternidade:
Quanto mais distante, mais perto de ti estou!

Liz Rabello