LAÇOS DE AMOR
Há sempre um
ponto
Uma encruzilhada
Um banco
Uma esquina
Um lance de olhar
Uma gota de orvalho
Uma luz ao luar
Uma fonte a jorrar
Uma chuva constante
De lindas notas musicais
Onde o amor está!
Uma encruzilhada
Um banco
Uma esquina
Um lance de olhar
Uma gota de orvalho
Uma luz ao luar
Uma fonte a jorrar
Uma chuva constante
De lindas notas musicais
Onde o amor está!
Sou a filha do
meio de um casal como poucos. Meus pais se amavam e não me lembro de brigas,
muito menos desavenças por quaisquer razões. Só me vêm às lembranças muito
amor, de ambos os lados. Cresci cercada de palavras de afeto e muito agarrada ao
colo dele, a seus carinhos de proteção e ao seu jeitinho carinhoso de me dizer
o quanto acreditava em meus sonhos e potencial. Pena tê-lo perdido tão cedo.
Era menina quando Deus o levou para morar com as estrelas. Órfã de sua presença
física, jamais vivi sem apego espiritual. Por esta razão mesmo adulta eu o
tinha em pensamento e coração.
Uma noite,
após estudos em grupo, preparação de um seminário, saí sozinha do apartamento
de uma amiga do pós graduação que fazíamos pela PUC. O relógio marcava por
volta de dez horas da noite. Oscar Freire, rua pouco movimentada de pedestres,
mas com muito trânsito. Havia deixado o carro três quarteirões adiante e fui a
pé, sem medo algum, já com as chaves na mão, pronta a entrar e ir de encontro
aos meus filhos, que me aguardavam em casa. Foi então que atônita percebi três
rapazes a me cercar. Rapidamente um pela direita, outro pela frente e um se
adiantou e me ultrapassou na calçada ficando atrás de mim. Diziam palavras
entrecortadas com obscenidades, dando-me a entender que pretendiam algo comigo
apavorante. Num repente de defesa, corri para a esquerda, único fragmento de
abertura disponível e atravessei a rua em meio ao trânsito, correndo
desesperadamente, não sem antes, mentalmente pedir ajuda a Deus: “Pai, me socorre!”
O semblante do meu Deus tinha a face de papai. Do outro lado da calçada, um
carro claro, da Volkswagen, faróis acesos pronto para sair. Bati nos vidros com
toda força que consegui e o motorista abriu a porta. Entrei. Pedi para correr.
Não, não pedi, exigi, gritei! Ele me ouviu, obedeceu e só bem adiante é que
parou, para me acalmar e, em Espanhol, pois nenhuma palavra entendia ou
falava em Português, tentou se comunicar comigo. Pela lógica dos fatos,
mostrando as chaves em minha mão, acabou voltando e me levando até meu carro.
Acompanhou-me um bom pedaço e só desistiu de me ajudar quando observou que não
estava mais em perigo.
Cheguei em
casa muito suada. Tomei meu banho. Um chá. Não conversei com ninguém sobre o
fato. Apenas agradeci a Deus.
Dois dias
depois fui à casa dos padrinhos do meu filho mais velho. Já estava saindo
quando minha tia me falou: “Noite passada tive um sonho estranho e rápido. Você atravessava a rua e seu pai a protegia com a mão em sua cabeça.” Nada
consegui dizer. Só chorei. O amor tem laços que somente o coração consegue captar.
ONDE ESTÁ O AMOR?
Uma janela a sorrir à luz do sol
Uma flor abrindo pétalas de cores
Exalando mil aromas
Gritos e gemidos de orgasmos
Lances de poesia dos sorrisos de crianças
Lambidas e carinhos de animais de estimação
Onde a única nota musical a soar é o Amor!
Liz
Rabello