terça-feira, 12 de julho de 2016

CÍRCULO VICIOSO


Fotografei a aurora
Ao clicar já era manhã

Fotografei o orvalho
Ao clicar já era água
O sol desbotara a noite
O sol desfiava a neblina
O sol delirava o dia


Fotografei a manhã

Ao clicar o frio já era quente
O sol aquecia o ar
O sol temperava a luz
O sol desmanchava trevas


Fotografei a tarde

Ao clicar o vento bramia
Mandava para longe
Folhas de um girassol


Fotografei a chuva

Que escondera o pôr do sol
Que o Arco Íris cambiou
Ao leve sol que voltou


Fotografei a noite
Ao clicar a lua advertia:
Mandava chamar o meu amor
Porque já era hora bem perto da hora
De se encontrar com o dia!”


Liz Rabello - Poema escrito no Workshop de Carloz Torres,
 no Armazém da Cidade, em São Paulo, Vila Madalena

DENÚNCIA


Faltava apenas uma inscrição para que a Oficina fosse realizada. Eu me inscrevi e paguei duzentos e cinquenta reais pela vaga. A oficina aconteceu com a promessa que no final do curso um livro seria publicado com fotos e também os poemas numa Antologia de PHOTOPOESIA, pela Editora Essencial. Porém, ao término dos encontros não havia material suficiente para que o livro acontecesse. Entramos todos num acordo comum, a Editora Essencial, através de Carloz Torres, nos prometeu que faríamos parte do próximo evento que já estava em vias de acontecer. Dito, combinado, mas não cumprido, porque no início deste ano, 2018, o livro ÍRIS DO AMANHECER,  não registrou minha poesia, EXCLUINDO-ME de uma Antologia que paguei para participar.
Liz Rabello



Saudade é o que fica
No ponto curvo do horizonte
Onde a paisagem desatina
A esfumar o perfil de quem partiu

Liz Rabello 


LIBERDADE
Não há ninguém que não a queira
Nem alguém que dela não seja prisioneiro

Liz Rabello



Quero nuvens pra remontar pedaços,
Estrelas pra colar mozaicos
Infinito pra deixar mensagens
Eternidade caminhos afora
Um livro é uma oportunidade
De se viver além do próprio tempo!


(Liz Rabello)



SINAIS


Levanto atrasada. Banho rápido, café pretinho, sem mais. Saio correndo! O carro não pega. Vizinho me ajuda. Ladeira abaixo, no tranco, é o que resta. Na esquina, curvinha chata e com muitos pedregulhos, pneu fura. Largo o carro por lá e vou a pé para o trabalho. Dou as três primeiras aulas e no intervalo peço ao Diretor do colégio ajuda para a troca do pneu. Volto para completar a jornada da manhã. Saio de lá para ir buscar dindim no banco. Não consigo. Outro pneu furado. E não tenho estepe pra trocar. Desço ladeira abaixo correndo atrás do redondinho que desliza mais rápido do que meus pés. Subo carregando todo aquele peso ladeira acima, com pneu consertadinho. Troco, com auxílio dos alunos. Já no Banco, tudo certinho, mas ao sair do estacionamento, o carro empaca feito mula persistente. Tanque de combustível vazio. Logo em frente uma loja de comércio de veículos usados. O dono vem em meu auxílio e me “DÁ” um pouco de gasolina. Ele próprio fez aquela chupação toda com mangueira improvisada de um carro a outro. Ligo, engato, saio. Tranco. Barulho. Morte final! Correia dentária do meu velho Volks que arrebenta. O mesmo dono vem de novo me ajudar. Troca a correia, que por sorte está de reserva no meu porta-malas. Ligo de novo e parto aliviada e agradecida por tudo acabar bem. Na garagem guardadinho, ali o deixo e volto para as aulas vespertinas. Sou recebida até com flores pelo vizinho da frente do colégio, que acabara de ganhar na Loteria com os números da chapa do meu carro!

Liz Rabello



ESTA CRÔNICA FOI AGRACIADA COM O PRÊMIO DE MENÇÃO HONROSA NO  XL CONCURSO  LITERÁRIO  FELIPPE D"OLIVEIRA, EDIÇÃO 2017