sábado, 23 de janeiro de 2021

 HOMENAGEM A SABINO ROMARIZ

ALINE ROMARIZ, POETA ALAGOENSE, PRESIDENTE E FUNDADORA DA ACADEMIA NACIONAL DE LETRAS PORTAL DO POETA BRASILEIRO, ANLPPB, DEIXA UM RECADO:


"Para me conhecer melhor, leiam a história do avô que não conheci... Mas que carrego em mim por onde vou."

SABINO ROMARIZ É CONSIDERADO UM POETA MAIOR PENEDENSE (1873-1913). ALÉM DISSO FOI ELEITO PELA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO PAULO O MAIOR POETA REPENTISTA DO BRASIL. 


Eleito pela academia de letras de SP o maior poeta repentista do Brasil. Patrono da cadeira nº 15 da Academia Alagoana de Letras (AAL), SABINO ROMARIZ é considerado o “luminar” da Literatura Penedense,

No seu prontuário bibliográfico, consta cerca de 13 livros e outras publicações. Foi por excelência, um provinciano, enraizado no burgo nativo, inclusive, estando em sua terra natal, lançou novos trabalhos literários e colaborou em todos os jornais da época, especialmente no “O Lutador”, do qual foi um dos redatores. Obras do talentoso, mestre e gênio da literata alagoana, SABINO ROMARIZ:

– Simoun (livro/poesia – publicação heroica)

– Bibliário (livro/poesia)

– A Madalena (livro/poesia – trabalho bíblico, com requinte e amplo conhecimento das Sagradas Escrituras – Rio de Janeiro – 1899)

– Solidôneos” (belíssima Coletânea de 30 sonetos – Estado de Minas Gerais, entre 1901/1902)

– Lama Sabacthani (livro/poesia – expressa com veemência a sua condição antimonarquista, sua aversão à Igreja Católica – Tipografia Luso Brasileira – Penedo-AL – 1904)

– Quixabá, pela Coragem (livro/drama)

– Baiuca (livro/drama – recheado de peças burlescas)

– Última Lágrima (livro – romântico testamento)

– Irmã (livro – romance naturalista)

– Branco (poema – romance naturalista)

– Os Simples (poesia – simbolismo Junqueireano)

– Minha Estrela (poema)

– Em Almas (poema)

– O Homem (poema)

– A Guerra Junqueiro (tem objeção a tradição histórica e Judaico-Cristã, centrando-se na imagem do homem, como grandioso ator da dissimulação Humana)

– Redenção De Judas (revela a atuação desse apóstolo como definida pelo programa Cristão de Penitência – um custo que o endereça para a trágica cidade)

– As Duas Rosas (poesia – Penedo/AL – 1907)

– Ignis (poesia – Penedo/AL – 1908)

– De Larva em Ave (poesia – Jornal “A Flor”, Penedo/AL, 20/10/1909)

– Mea Culpa (bibliário em versos – Penedo – 1910)

– Céu (Revista O MALHO, Rio de Janeiro, 27/09/1910) e

– Toque D’Alva (livro/poesia: reflexão mística sobre a luz – Tipografia Anuário Comercial – Lisboa – 1911)

– O Lírio (Antologia do soneto Alagoano – Revista da AAL, nº 12, p. 128)

– As Três Gemas (republicado após sua morte – Jornal do Brasil – Rio de Janeiro/1998)

A poesia de SABINO ROMARIZ ecoa alvitres do tempo em que ele viveu, com o Romantismo colorindo seus poemas, mas, as primeiras obras possuíam, visivelmente, a marca dominante do Parnasianismo e, outras obras fixam-se especialmente no ritmo, característica do Simbolismo. Na caudal lírica do poeta Penedense, sobressai um límpido veio simbolista. Das suas obras, abatida pelo furacão do tempo, sobreviveu apenas o soneto “O Lírio”, de conteúdo deliberadamente simbolista, uma exígua e indestrutível obra-prima.

No século XIX, substitui a influência da mitologia Grego-Latina pela Cristã – um antigo sonho do escritor Francês CHATEAUBRIAND – era um procedimento caro, rebelde e anti-clássico, no entanto, SABINO lhe proporcionou a realização de tal sonho, com suas poesias.

No final do século XIX e início do XX, o poeta Penedense, produz incontáveis poesias de aspiração bíblica. Em alguns de seus frutos, rediscute cânones religiosos como a traição de Judas e a culpabilidade da Madalena, vendo-as como peça da história Cristã, que não dependeria das trágicas personagens específicas. Madalena, Lázaros, Judas e Cristo, ocupam os alongados poemas de SABINO, mas com um vanguardista olhar, menos ortodoxo e mais humanado. Com visão mais Franciscana que de Roma, assim, ele absolve Madalena, desendivida Judas, humaniza a todos, semeando uma visão Cristã, cujo conteúdo é mais do novo testamento que o antigo.

SABINO ROMARIZ foi um dos poetas que, tendo estado e falecido nas províncias natais, distante das fanfarras e do rumor da vida literária metropolitana, tiveram, inevitavelmente, seus nomes e versos exclusos pelo tempo, e no momento, fazem parte de um tesouro poético escondido ou mesmo camuflado para sempre. Ao lado da esposa ASPÁSIA e dos filhos JOSÉ e JOÃO, viveu em precárias condições financeiras e, lamentavelmente, faleceu em 09 de maio de 1913, no Sítio Cajé (próximo da Bica da Coruja), em Penedo/AL, aos 40 anos de idade, cuja causa mortis é controvertida, em tuberculose pulmonar ou infecção no fígado (por excesso de álcool), deixando expressiva produção literária. No triste poema escrito antes de morrer, o poeta lembrou de seus “dois meiros sem ninho”, frase pronunciada por ele para, carinhosamente, acusar a existência dos dois pequenos filhos.


Quando eu morrer, verás, Delma adorada,

Qual ave que do mundo s intimida ‘

A derradeira lágrima perdida

Rolar-me pela face amargurada...

[............................................]

Assim, quando algum dia, finalmente,

Muito trêmula e pouco refulgente

A luz do meu olhar morrendo for

Alguém há de guardar e és tu quem há-de

A peregrina estrela da saudade

A derradeira lágrima de amor.

(op.cit.,131)

Sabino Romariz

SABINO ROMARIZ é, sem dúvida, um dos mais inspirados e fecundos poetas que foi gerado pelo burgo alagoano. Um trovador que não só merece apologia, mas o reviver, no intuito de deixar-lhe a memória cada vez mais nítida e viva. Foi graças à pena usada pelo poeta que Penedo, cidade considerada há muito como “o berço da cultura alagoana”, viu, no acender de lamparinas, em meados do século XX, a intelectualidade exaltar nossa poesia alagoana. Portanto, falar do vate Penedense, é o resgatar de uma biografia, bem como da reconstrução de um patrimônio histórico e literário de relevância considerável. Em suma, trata-se de um vaticinador que, em seu tempo destacou-se de modos a cultivar méritos e a apologia de nomes renomados da literatura brasileira como OLAVO BILAC, COELHO NETO, JOSÉ DO PATROCÍNIO, GUIMARÃES PASSOS, dentre outros letrados e artistas consagrados.

Minha estrela

Nasci pobrezinho, qual ave do bosque;

Eu tenho uma estrela que Deus me guiou,

- Um cetro supremo e sublime da Artista -

E nem por impérios tal estrela eu dou.

 

Eu trago na fronte tão loiro diadema,

Mais loiro e mais lindo que a luz das manhãs!

O sol me desperta em meu leito de espinhos,

As flores dos campos são minhas irmãs.

 

Debalde a riqueza me cobre de insultos,

A inveja tropeça na linha em que vou,

Eu tenho uma estrela radiante de Artista,

É um timbre infinito  -  foi Deus que timbrou.

 

Sou órfão de amores, sou pobre de afetos,

- Não tenho carinhos jamais de ninguém -

Eu tenho uma estrela suprema de Artista

E tenho uma glória que muitos não têm.

Sabino Romariz*

FONTES DE CONSULTA

https://sipealpenedo.wordpress.com/20-sabino-romariz/?fbclid=IwAR2Nm5MFH2nPjyvYQSxyy1JorgsBYm3GOA1uM-m51bBXwxnyGG7mPvUsX3A

https://oversodapedra.blogspot.com/2007/06/minha-estrela-nasci-pobrezinho-qual-ave.html?m=1&fbclid=IwAR0xPDT2qEx7gmhbAcya3MOGKFmH0MTFP1JVMRhmg6AYBT3vB-LZs2UmEH0

https://alineeamigos.blogspot.com/2007/03/meu-av-sabino-romariz.html?m=1&fbclid=IwAR0DNAzqB3tEglpSNyAWgv67ywCPR5wsO25ttpLQfxNehb-eu3wAnJ55ivU