quinta-feira, 26 de junho de 2014



CANTINHO DE CONTEMPLAÇÃO 

Hoje quero a luz do sol 
o marulhar da água 
um barco a navegar a esmo 
uma manhã de alegria 
folhas a cair dos galhos 
E eu... bem quietinha 
a olhar o azul do mar, 
o vento a roçar 
pulmões a respirar 
a alegria de viver 
e sentir e amar a vida 
como ela é 
de uma rede
de contemplação! 



Liz Rabello


COSTURAR PALAVRAS 

Descobri que tudo 
Pode ser muito lindo 
E imensamente triste
Palavras soltas 
Perdidas nas lembranças 
Apagadas da memória
Podem ser reinventadas
Costuradas com linhas 
e agulhas da imaginação

Liz Rabello



 AMOR EM PINGOS

A vida em lágrimas, amor em pingos
Deserto em labaredas de amor fingidos
Gotículas salgadas de sorrisos findos
Desejos latejando e em vão se esvaindo!

Solidão em transe de saudade existe
Correria em meio a São Paulo insiste
Multidão enlouquecida no trem persiste
E eu sozinha, mais um dia que acaba triste!

Liz Rabello




PARTIR É PRECISO
FICAR É O QUE HÁ

 Você parte amor
 Tens tua vida pra cuidar
 Desbravar horizontes
Voar outros montes
       
 Nós de avessos
Olho em teus olhos
Sei que é impossível
Marejam nós dois

Encontros difíceis
Mas é preciso cuidar
Pra liberdade alcançar
Eu fico... É o que há!

Liz Rabello

                


 RUMO AO MAR DE MACEIÓ 

Maceió, veleiros e canoas 
Voo a esmo em tua imensidão 
Desço a jato mesmo sendo 
A última a sair do avião! 

Maragogi águas cristalinas 
Em alto mar já me perdi 
Peixinhos coloridos ouriços 
A brincar em pequeninas mãos! 

Curvas de Pontal Verde 
Mar e poesia te rodeia 
Em tua orla de palmeiras 
Alegria inusitada ver-te em mim! 

Falésias coloridas pele 
pintada de cores mil 
Apreciar a cultura popular 
Beleza e encanto sem par! 

Quero na boca tua brisa 
Gritar e saudar tua beleza 
De mar a devorar areias 
Afagar ar e me perder de amar! 

Liz Rabello






NAS CONSTANTES ONDAS DA VIDA

Fiquei setenta e seis horas sem água e sem comida, para deter a infecção generalizada que dentro de mim ocorria, antes de fazer a cirurgia e retirar o cálculo devastador. Minha imunidade baixou e o vírus oportunista do herpes se aproveitou para mostrar suas garrinhas. Sofri como nunca! Dor da alma e do corpo. Este sarou. A saúde voltou. Ferida de amor não cicatriza jamais, não morre nunca, amortece apenas os sentidos, mas volta a doer quando o tempo muda, quando as tempestades desabam, quando a última dor, impossível de se evitar, a faz recordar. Como fênix que renasce das cinzas, continuo meu voo único, inevitável, sem olhar para trás, em busca da essência da vida!" 

(In ARMADILHAS DO DESTINO, INTERVALOS, Liz Rabello, Beco dos Poetas, 2013 - SP)


LUA DE FLORES

Uma lua de estrelas 
veio brilhar na janela 
Ao olhar para o céu 
Encontrei dentro dela 
Lindas flores
Odores 
E belezas eternas!
A saudade se foi
lágrima secou
Só lembranças 
De tua presença
na noite se faz! 

Liz Rabello