CÓDIGO AGV
"Uma tarde, meu
pai pegou a lanterna e me levou para o castelinho! Lá no Condomínio, diziam que
aquele lugar fora palco de uma tragédia. Um casal começara a construção da
torre para a única filha, uma princesa de cinco anos. Após um acidente na
piscina, em que a menina perdera a vida, os pais nunca mais ali apareceram!
Abandonaram a propriedade e tudo se transformou num lugar mal assombrado! Teias
de aranha e morcegos ali dentro não dormiam! Ficamos por lá, eu enfrentando o
medo! Naquela noite de lua escondida, o sol nos abandonou de repente, sem que
tivesse tempo de explorar o ambiente! Meu pai me disse que não sabia voltar.
Mentira para me assustar! Conseguiu, porque andei pelas ruas desertas chorando
o tempo todo e nada que pudessem fazer para me acalmar. Foi quando a vi
dirigindo o seu carro. Vovó viera me buscar e me abraçou com a magia do amor e
a segurança que me tirou da dor!
Quatro rodas a girar
Siga o vento,
Que vai te mostrar!
Tudo me levava
aos tempos antigos... Agora as quatro rodas do carro da vovó... Como gostava de
dirigir! Era sua paixão!"
(In INTERVALOS, "CÓDIGO AGV", por Liz Rabello, Editora Beco dos Poetas, 2013)