AMO MEU PAÍS!
O MESMO SOL QUE TE ILUMINA, OH CRISTO REDENTOR, É AQUELE QUE INJUSTAMENTE NÃO SE ABRE E NÃO SE MOSTRA PARA TODOS!
RETÓRICA COM SABOR DE FRUTA NOVA
Turistas e amantes de tua beleza
enchem teus bares de muitas riquezas
Trocas culturais e grandezas
Sambas, jazz, rock, qualquer som de pura magia
E lá embaixo, na zona sul, rica do Rio
já começa o colorido cinzento
do abismo entre a pobreza e a riqueza,
herdadas do tempo colonial,
dos negros fugidos aos morros,
para sobreviverem do chicote
ou da penumbra de uma liberdade em exílio,
já que a Lei assinada pela Princesa Isabel
não passou de um engodo
favorecia somente aos imigrantes brancos
que aqui chegaram para branquear a nação negra
Amo também esta nossa história,
tão recente quanto injusta.
E cabe a mim em prosa ou em versos
Desta sina que propago
Ler às avessas
criar um novo testamento de lucidez
uma retórica com sabor de fruta nova
pois que bem sei é lá no morro
que mora a sapiência
de se viver com o pouco que se tem
com alegria e samba nos pés
Com muito amor e paz no coração!
Ah... você me diz
É lá que estão os Comandos de Tráficos
As lutas entre a Polícia e os chefões
Mas é lá também que mora a solidariedade
Os negrinhos descamisados e sem livros
Onde a bola rola sob os pés!
Somente um banho de cultura
regado à Educação e à dignidade
É que pode aflorar a negação
por ser laranja das drogas
E emergir a liderança de
todos os bons cidadãos que por lá estão!
Liz Rabello