BASTA SER UM POETRIX?
A Bula Poetrix estabelece os requisitos mínimos para que se considere um terceto um Poetrix. Além desses requisitos mínimos obrigatórios, também há recomendações claras para o aprimoramento contínuo dessa arte, ou seja, não deve bastar ao poetrixta que seu terceto seja considerado um Poetrix. Não pode ser suficiente fazer um Poetrix, ou uma série deles, sem aplicar critérios além dos mínimos. Não teria sentido nenhum esquecermos das recomendações (ainda que não sejam exigências) de estarmos atentos ao que pode ser inserido e/ou retirado de cada Poetrix, do que pode ser trabalhado e retrabalhado em cada um deles para que saiam da condição de simples Poetrix, ou Poetrix “ruins” para a condição de “melhores”.
A prática dessa lapidação, desse trabalho de aprimoramento, de fato, é o que nos proporciona prazer na realização dessa arte, tanto para o poetrixta quanto para leitores de Poetrix. É mais atraente e nos prende mais o Poetrix que mostra profundidade e que houve trabalho, que existiu preocupação de usar o máximo das recomendações da Bula.
De todo modo, ainda que haja recomendações e contraindicações claras para a confecção de um bom Poetrix, isso não nega a possibilidade de termos visões e interpretações diferentes e subjetivas do que seja um ótimo Poetrix ou um Poetrix insosso, até porque arte lida com emoções e experiências subjetivas, e há aquilo que toca mais quando lemos um Poetrix, e aquilo que nos parece sem profundidade. Há temas sobre os quais temos conhecimento mais profundo e há outros em que precisamos ter vontade e disposição de procurar entender o que o poetrixta quis dizer. Não podemos dizer que um Poetrix é ruim simplesmente porque não o entendemos. A autocrítica como leitores também é recomendável.
Enfim, o Poetrix é, sim, uma arte minimalista, mas isso não significa mínimo esforço, nem na confecção e nem na leitura.
Sandra Boveto