ALDRAVIA

ALDRAVIA 

Aldravia é a primeira forma poética genuinamente brasileira, onde o poeta deve traduzir o máximo de poesia em somente 6 palavras.
- Aldravia não é frase em pé. Devemos evitar preposições, artigos e conectivos, alguns verbos e dar preferência as palavras inteiras.
Segundo as regras dos criadores, conectivos não devem ser usados pois dão as mesmas o sentido de frases em pé. Podemos construir Aldravias belíssimas, e genuínas sem precisar usá-los.
Preposições são aqueles termos invariáveis que usamos para ligarmos duas palavras. Existem outras, porém as mais comuns são as essenciais: a, ante, após até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
- Aldravia não deve conter palavras em maiúsculas, exceto em caso de nomes próprios, ou algum vocábulo que desejamos destacar. Mas a regra geral é que nenhuma palavra deve iniciar em maiúsculas.
- Aldravia não deve conter ponto final, vírgula, ponto e vírgula. As exceções de pontuação são os dois pontos, interrogação e exclamação, quando necessários.
- A figura de linguagem recomendada pelos criadores na confecção de Aldravias é a metonímia. ( vide explicação no setor " Avisos").
- Não são permitidas Aldravias em acrósticos.
- Deve ter ritmo e poeticidade
Grupo Aldraviando

















































































quero
ser
tua
escolho
ser
minha
Liz  Rabello


som
vibração
canção
ar
mar
amar

Liz  Rabello



gaiola
árvore
grade
portão
aberto
liberdade

Liz  Rabello


meio
caminho
sempre
tem 
pedras
enfrente

Liz  Rabello


sabiá
 cantava
de repente
 calou
pedra
vingou

Liz  Rabello


terra
molhada
vida
eterna
iniciada
intermitente

Liz  Rabello


qual
verdade
real
duvide
questione
desconfie

Liz  Rabello


livramento
quanto
mais
intenso
maior
vivenciamento

Liz  Rabello


nascer
crescer
enfeitar
vida
embelezar
perecer

Liz  Rabello



cedendo
sedento
sigo
até
morte
lama

Liz  Rabello


corpos
perdendo-se
um
dentro
d’outro
morrendo

Liz  Rabello


praias
desertas
ilhas
secretas
mares
intocáveis

Liz  Rabello


coração
despencou
dentro
abismo
eterno
amor

Liz  Rabello


sol
horizonte
farol
luz
noite
estrelas

Liz  Rabello


rua
virtual
juras
amor
delírio
Insanidades

Liz  Rabello


traição
intervalos
vida
dupla
encontros
secretos

Liz  Rabello


caixinha
veludo
vermelho
cabem
lembranças
saudades

Liz  Rabello


gestação
pezinhos
melhores
chutes
que
ganhei

Liz  Rabello


um
lance
olhar
amor
vital
está

Liz  Rabello


caminho
rumo
infinito
tempo
abismo
ciclo

Liz  Rabello


equilíbrio
paradigmas
analogias
paradoxos
fissura
des(equilíbrio)

Liz  Rabello


pétalas
flores
chão
não
são
lixo

Liz  Rabello



renasce
vida
começa
alvorecer
termina
envelhecer

Liz  Rabello


alma
livre
borboleta
renasce
brilha
voa!

Liz  Rabello


sujeira
lama
chuva
lava
também
Amém

Liz  Rabello


ondas
gigantes
rebelam-se
fortes
derrubam
muros

Liz  Rabello


rosas
sem
espinhos
felicidade
sem
dor

Liz  Rabello



corações
flores,
perfumes
pieguices
sem
fim

Liz  Rabello


encanto
leveza
fragilidade
paz
calma
alegria

Liz  Rabello


poesias
palavras
cores
amores
dores
dissabores

Liz  Rabello

QUE HONRA! EU FAÇO PARTE DESTE PROJETO

Quando idealizamos um projeto literário os cuidados com cada detalhe para que o resultado seja perfeito e a dedicação é como se fosse o período gestacional...Eis que ele nasce, cresce e ganha o mundo. Antologia Momento Aldravia, um sucesso !!! Gratidão a todos que idealizaram juntos esse lindo livro!!! Viva a Literatura !!!

Aline Peruzzo








UM BRINDE A QUEM CHEGOU



JORNAL ELETRÔNICO DA ALPAS - PUBLICAÇÃO DE NOVEMBRO DE 2021

POEMAS MINIMALISTAS EM VERSOS LIVRES


CÃOserdote

Adoção em oração...
Padre tira cães das ruas,
a cada missa os converte!
São oferendas no agora da prece.

Liz Rabello


CONEXÃO

Elos invisíveis
Laços impossíveis
Opostos paradoxais
Somos laços abissais
Nós em nós
Em vertigens de amor

Liz Rabello

Quis plantar estas florzinhas

Para abelha fazer mel

Quem diz que alguém me paga

Por tão saboroso aluguel?

Liz Rabello


Abri um guarda-chuva vaso
Ao contrário...
Proteção às pétalas de flores
Folhas outonais
Ausentei-me da paisagem
Para ver, rever, sentir
Meu eu passado a limpo
Casulo que há de romper asas
Em manhãs primaveris

Liz Rabello


Peguei garupa
no caule de um sonho
Em voo suave
Frágil
Fui despetalando alma
Até não me sobrar mais nada

Liz Rabello

Uma flor que voa
pousou em minha mão,
nasceu poesia,
germinou um livro,
saiu do casulo e voou:
Rendas do Silêncio!


Liz Rabello


ESCOLHAS

Andando sozinha

Na praça deserta
Pergunto ao passado
Indago ao presente
Se quero ser tua
Em pencas despencas?
Escolho ser minha

Liz Rabello



FIM DE GREVE

Retorne às aulas
Retome as armas
Pó branco do teu vício:
Giz na lousa, professor!

Liz Rabello/2019


ESMOLA

Programa social é política
Voltada para os mais carentes
Não é ESMOLA que se dá
pra suprir necessidades aparentes
Não são restos do lixo de almas dementes
Sou de esquerda...

Acredito na igualdade de direitos
Ao povo o que é do povo

Por Lei, não por apreço!

Liz Rabello/2019




DECEPÇÃO

Tu eras o meu melhor amigo
Em ti confiava de olhos fechados
Tuas mãos eram o meu abrigo
De tua boca palavras esperadas
Não foram mentiras
Nem promessas vagas
Só não veio nada
Porque pra ti
Eu não era nada

Liz Rabello/2019


Polindo arestas
Arredondando pontas
 Quebrando regras
 Apagando a escuridão
 Acendendo estrelas
Sigo!

Liz Rabello/2019




CHÃO DE ESTRELAS

Deitei numa rede de estrelas
Caminhei na poeira do tempo
Cavalguei no balanço do vento
Deixei rastros de luz no meu chão
Olhei para a lua e orei
Sigo!

Liz Rabello/2019


Onde nossos caminhos
irão nos levar?
Para as trilhas da alvorada? 
Para os abismos
 das ferinas tempestades?
Ou para ambos?
 Seja o que for, 
nos intervalos 
Seremos borboletas... 
Arco-íris no final do túnel
 💜🧡💛💚

Liz Rabello/2019
Foto de Deolinda Nunes


CHUVA

Quero "sentir" a chuva
molhar-me também
sujar-me de lama
para depois lavar-me
Amém!
Liz Rabello/2019




ONDAS DA VIDA

Nas agitadas ondas da vida
Procuro a paz, a mansidão
A leveza da liberdade
E pouco ligo para a solidão
Estar comigo mesma nesta lida
Viver a solidariedade
Com profundidade
Sonhar sonhos bons de igualdade!

Liz Rabello/2019



VIDA

Translúcida, 
como a água que absorve todas as cores,
permitindo a transformação em todos os tons,
no movimento rápido
 que se quebra num piscar de olhos.
Linda, leve e solta como o mar!

Maria Antonia Costa/2019


PERSISTÊNCIA

Respingarei pingos de água
 nas folhas secas
Adubarei a terra molhada
Semearei restos de sonhos
Serei sol nos dias nublados
Serei vento no ar parado
Sempre a postos
 em cada primavera
Só para colher uma flor!

Liz Rabello/2019


NAVALHA


Sou educadora
Ambientalista
Caminho na trilha da utopia
O improvável é minha sina
O impossível minha meta
Aquilo que não pode, cabe
O não é um sim ao coração
Vivo navalha na carne
Liz Rabello/2018

Fotos in SESC Interlagos, 2013


LUA DE FLORES

Uma lua de estrelas
veio brilhar na janela
Ao olhar para os céus
Encontrei dentro dela
Lindas flores odores
E belezas eternas
A saudade se foi
Só lembranças
De tua presença
Na noite de paz!


Liz Rabello/2018



SAUDADES


PÉROLAS

Somos ostras feridas
Pérolas de luz e sombras
Brilhando na maciez da lua
Ou na pujança do sol
Batendo ondas incessantes
Em praias desertas
Em ilhas secretas
Em mares intocáveis da utopia

Liz Rabello/2017


ESCRITO NAS ESTRELAS

No jogo da corrida eleitoral
Varrem bruxas no covil
Lula vira líder orquestrador
Corrupto sem igual e maioral
Cadê provas além da convicção?
Pra mim é o meu líder de primeira
Melhor Power Point do ano
Astro rei já inscrito nas estrelas

Liz Rabello/2018



NAMASTÊ


 INCÊNDIO

Quero atritos de reflexão
Incêndio de vaidades
Chamas ardendo mentiras
Cinzas ao vento
Levando falsidades

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)



ABRAÇO

E eu que só sei me doar
Venho aqui pra te abraçar
Que venham notas musicais
Cantigas de espairecer
Que neste silêncio das horas
Haja paz pra te envolver

Liz Rabello/2018


Toque suave de flor

Exalando amor
Nas farpas do arame

Liz Rabello/2018
Foto de Deolinda Nunes


A vida é um agridoce
Azedim de alecrim
Mel e fel bom demais

Liz Rabello/2018



Avesso do amor é dor
Avesso do avesso da dor é dor!
Dor só se cura com amor

Liz Rabello


Fotografar é desenhar com a luz
Escrever versos é desenhar com as cores
Viver a poesia da vida é se enfastiar de tintas

Liz Rabello



ENGANO

Na diáspora tri-áspera 
do triângulo amoroso
Há três que se enganam entre si
Um, aceitação;
 outro, traição;
 o terceiro, distração!

Liz Rabello/2017


ASAS

Asas vão voar pro céu da eternidade
Lá onde decerto existirá felicidade
Paz, alegria e bem menos futilidade

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018) 


SILÊNCIO E GRITO

No espelho do silêncio,

inocência da ausência
No grito da loucura, 
agitação do barulho
Silêncio e grito são irmãos, 
avessos de excessos

Liz Rabello/2018


Casa cheia, filhos e netos vão embora
 Solidão ou liberdade
 Sempre andam de mãos dadas
E eu decido: Sinto-me em liberdade!

Liz Rabello/2018



EQUAÇÃO MATEMÁTICA

Na matemática do sexo

Mais com mais dá mais prazer
Menos com menos mais vontade de você

Liz Rabello/2017


 RIO

Lama de Mariana chegando ao mar
Vida que se nega ao encontro do mal
Sangue que se quebra na cortina de sal

Liz Rabello/2017




Mães da Sé

Sinos soam na Catedral da Sé

Mães oram por filhos perdidos
Sinos replicam sonhos ausentes, 
esperanças presentes

Liz Rabello/2016



Passa passa passarinhos
levando poesia em versos
sussurrando mil carinhos
cantos reversos dispersos
Liz Rabello


CHUVA
Chove saudades no meu jardim
Pingos de amor, pingos de dor
Levam tristezas pro mar sem fim
Trazem de volta brisa e frescor

Liz Rabello/2017

COBERTOR
Aprendi a me enrolar em meus braços
 e me aquecer de autoamor
 ao mesmo tempo em que desaprendi
 de viver sem o teu cobertor.

Liz Rabello

(DES) EQUILÍBRIO

Sou ponto fora do fio
Arame farpado na trilha
Equilíbrio perdido na esquina
Dente de leão esvoaçante ao léu

Liz Rabello



REFLEXÃO
Quero atritos de reflexão
Incêndio de mundanas vaidades
Chamas ardendo paixão
Cinzas ao vento levando falsidades

Liz Rabello/2016


Carteiro leve depressa
Sem pressa
Que as pétalas se perdem
A flor inteira
Merece mãos angelicais

Liz Rabello
Foto Deolinda Nunes


(IM)PROVÁVEIS
A poesia abre as portas da imaginação
Faz menor o que a mente sente no coração
E nos transporta para a utópica concretização
Da realidade que tanto queremos mudar
Todo impossível se realiza
Nesta metamorfose constante
Eterna busca de (im)prováveis

Liz Rabello/2017


TEMPESTADE

Todas as tempestades podem vir
Eu as recebo de cabeça baixa
Não é por descuido.
É defesa,
Atenção,
Medo não!
Quando ela passa
E sempre passa
Levanto o rosto,
Enfrento a vida e
Sigo!

Liz Rabello/2017


LEVEZA

Sútil volátil anel
Pausa a esperar
Momento precioso
Voo único
Equilíbrio
Entre o infinito
E a flor

Liz Rabello


CHUVA POÉTICA

Escrevo
Pulo a linha,
Esbarro em barquinhos
De papel jornal
Soltos na enxurrada
Banhos de chuva
De um passado extinto
E me molho de poesias alegrias
Farra, barro, risadas
Festim de gargalhadas
Gotas de violão
Do meu coração
Nas tardes de verão

Liz Rabello/2018


 PEDRAS

Quando pedras atingem
As margens da vida,
O melhor a fazer é aceitá-las
Não são belas, são necessárias
Ao aprendizado que virá

Liz Rabello/ 2018


CARNE & OSSO

Teus afagos eram carne
Pele sobre pele
Fogo cobre fogo
Língua esbarra língua
Mas foi osso
Conhecer o teu gozo
E depois o meu desgosto

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


CHUVAS DE VERÃO

E quando a primavera partir
E as chuvas de verão aplaudir
Ainda assim flores vão sorrir
Estrelas vão brilhar na imensidão
Luar vai iluminar canções de amor
A despeito das águas
Rolarem ribanceiras abaixo
Levarão galhos,
Troncos, folhas secas,
Amareladas de saudades
Pedras nas valas
Rios ao mar
Não sem antes
Margearem as ruas da vida
E lições de aprendizagens nos legar

Liz Rabello/2018


 TAPETE

Encontrei o tesouro ao final do arco-íris
Luzes mágicas de amanhecer de íris
Suaves cantigas de bem-te-vis
Pés descalços num tapete de flores
Perder-se num portal da felicidade
No paraíso de eternas verdades

Liz Rabello/2017


MEDITAÇÃO

Deixe seu cérebro descansar

Faça-o se aquietar, silenciar
Sinta tua respiração
Ventar apenas a gratidão

Nada de tantos sofrimentos

Nem de outros sentimentos
Deixe fluir a imaginação
Palpitar o coração
Sons ao mar de uma canção

Liz Rabello/2017



DANÇANDO

Alma de criança sondar
Bolhas de sabão assoprar
Vento bailando
Colorindo o céu anil
Eis que uma delas escapa
Do pingo d’água que vem a jorrar
Da tempestade de um fim de tarde
De um verão quente do passado cantar
E eu me ponho a sonhar
Dançando gotas de violão
Pausas deliciadas de suor
E pulo a linha e pulo na chuva
Molhadinha de poesia real ou só virtual

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)



 VIVÊNCIAS

Piano na sala mudo
Tal casulo amordaçado
Fios tecidos de vivências
Em nós enclausurados
Eis que se rompe uma asa
Voa borboleta, voa, coroa
O som do piano com tuas asas
Toque suave de canção de paz

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


DESGOSTO

Quero livros nas mãos deles
Armas não! Por favor!
Não posso permitir, senão o amor

Liz Rabello


SOU BORBOLETA

Que me puxem o tapete
Caio de boca e me espicho
Abro as asas e voo!

Liz Rabello



ADORO VOAR

❝Não me deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: – E daí? EU ADORO VOAR!❞
Clarice Lispector


AMOR

Com você posso ser
Sentir de coração
De mente demente
Aquilo que não se mente
Semente somente de amor

Liz Rabello/2014


 SILÊNCIOS

Silêncios são palavras
Dizem tudo... dizem nada
Nos vazios estão desejos
Loucuras impensáveis
Insatisfações, desistências
Feridas, cicatrizes
Vem, volta... Amor
Diz qualquer coisa que eu te sinta

Liz Rabello/2017



 BELEZA

Falésias coloridas pele
Pintada de cores mil
Apreciar a cultura popular
Beleza e encanto sem par

Quero na boca tua brisa
Gritar e saudar tua beleza
De mar a devorar areias
Afagar ar e me perder de amar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


BELEZA

Descobrir a beleza da dor
Em seus diversos níveis
É um dom poético capaz
De nos fazer feliz

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 ACEITAÇÃO

Aceito da vida o que ela pode me dar
O que vem é bem vindo e vou respirar
Aceito migalhas passarinhos a voar
Pelos ninhos repletos de fome a mostrar
Caminhos tortuosos de prazer
Cantinhos quentes sem medo tecer
Desejos plenos de sonhos viver

Liz Rabello (In  Poesia de Esquina/2018)

(Pintura e foto de Alexandre Kombi)

COPA NÃO É PÃO E CIRCO

Pão alimenta o corpo
Circo é pra alma alegrar
Ninguém vive só de pão
Ninguém sorri só de não
Governo precisa de ambos
Pra garantir a escravidão!

Copa é elite, não é circo, nem pão

Nos estádios não é a nação
Povo pobre em volta da televisão
Comendo pipoca, sorrindo cerveja
Churrasco de segunda
Alegria e bola na mão!

Liz Rabello/2018




CORRER

Volver o tempo
Pra correr contra o tempo
Pra chegar depois da hora
Soprar o vento ao contrário
Deslizar manhãs perdidas
Renascer
Viver de novo
Sem perder a vida

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)




Ao toque da diversidade
Bêbada equilibrista
No tênue fio da intolerância
Somei compreensões
Dividi cometas e estrelas
Multipliquei ilusões
Distribuí carinhos
Afetos desperdiçados
Ao longo do caminho
Nas noites frias
Fui teu cobertor ao luar
Nas manhãs de sol
Sombra de minha própria luz
Só pra te fazer brilhar
Só pra te fazer feliz
Só... Amei
Só!

Liz Rabello/2018


 ABRAÇO

Era uma manhã fria de Natal
Acordei e fui correndo pra cama de casal
Quatro ou pouco mais aninhos tinha então
Meu pai pegou em minha mão
Levou-me até a árvore de natal
E me mostrou um carrinho
Dentro dele um bebê de fralda
Com uma chupetinha azul
Brincando de mamar!
Desabei a chorar pura emoção
E nem me lembro de pegar senão o coração
Dos olhos do meu pai
Que comigo engatilhou nesta oração
Fazendo do meu natal o mais doce abraço
Que jamais me ouviu cantar em gratidão!

Liz Rabello (In Sara Poesia de Esquina/2018)


ESPERAR

Olho para a lua
Procuro teu olhar
Que se dissipa nas nuvens
Não há o que encontrar!

Olho o infinito...
Pingos de estrelas brilham
Estremeço a luz do teu olhar
Por segundos pareço te encontrar!

Mero sonho, desejo vão
Nada a esperar, dedos vazios
Na fome de te amar,
Coração descompassado
Louco a esperar... A esperar!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


HORIZONTE

Procurei o foco
Na linha do horizonte
Fotografei a chuva
Que escondera o pôr do sol
Que o arco - íris cambiou
Ao leve sol que voltou

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 DES(AJUSTADOS)

No diálogo contra a mentira

VEJA, antes de reciclar, você deve rasgar
Pode rasgar também a ISTO É? Deve!
EXAME, ISTO É e VEJA é um vexame
VEJA, ISTO É, ÉPOCA de rasgar as três!!!
Deve-se furtar e burlar as mentiras
Que estão des(ajustadas) por aí,
Des(informando) e gerando vis opiniões
Pois na ABRIL todo dia é Primeiro de Abril

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


BIPOLARIDADE

Cheguei àquela idade
Onde alegria que se mostra
Ou a tristeza que se sente
Só é motivo pra dizerem
Bipolaridade, palavra da moda
Que esconde a verdade
De te negar o que a jovem pode
De ter que aceitar que
À idosa só cabe bordar
A colcha da cama de casal
Para a jovem mulher se aproveitar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 ESTAÇÃO

Cada estação que vivemos
Nos traz uma mágoa
Uma chuva que não veio
Uma flor que não brotou
Uma tristeza escondida
Que no inverno desbotou

Outonos psicodélicos
Eucalipto arco-íris
A cada ano que passa
Vamos trocando nossas cascas
Deixando à mostra
Partes internas coloridas
Aprendizado do Amor

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)



 HORIZONTE

Na linha do horizonte
Grades para a liberdade
Não há ninguém que não a queira
Nem alguém que dela não seja prisioneiro

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 CHUTE

Dois filhos
Dois partos normais
Não por acaso,
Em ambos
O que de primeiro vi?
Os pezinhos
Saudáveis
Lindos
Os melhores chutes
Que desta vida já ganhei

Liz Rabello


 VOTO

Hoje sou passarinha sem ninho,
Sem céu, sem voo
Voto cassado
Opinião perdida
É sofrível ver meu país
Caminhando para o nada
E nada poder fazer
Vontade de voltar para o ninho das palavras
Onde o sonho é possível
E a música das letras nos embala de alegria
A realidade fora da pauta é triste demais

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


MENTIRA

A poesia corta asas da mentira
Incendeia a fogueira em cinzas
Lança um turbilhão de polêmicas
Tempestades de ideias
Desafina as notas musicais do violão
Constrange a realidade
E a recria

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 LÁPIS

A poesia não quis sair do anonimato
Das folhas em branco
Da caneta seca
Do lápis quebrado
Não consegui escrever o que sinto
-“Escuta, os sinos vão replicar”
Mas se calaram...
Perderam-se nas rendas do silêncio

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


RECEIO

 Aceitar a mudança é fundamental
 Sem ela, a gente não cresce
Fica estagnada no mesmo local
 Fica rodando em círculos
Quero ser uma gaivota de voo alto
Imitando águia
Rasgando cordas do medo
 Ser gigante mesmo não passando de anãzinha
 É necessário o sonho, sem medidas, sem limites
Eu não tenho receio do desconhecido
 Muito mais medo me apetece a mesmice, a rotina
Quero eu viver assim, a vida toda que ainda me resta?
 Não... Quero o novo!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 PERIGO

A mente me avisou
É perigo... É perigo
Mas vermelho é o coração
Que só quis estar contigo
Nem percebeu aflição
Desta pobre, distraída
Liz (traída) em des(união)

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 PALAVRAS

Quero ser a mansidão
Luz etérea do infinito
Mergulhos de vagalumes
Alçar voos de foguetes
Quedas de estrelas cadentes
Dançar com palavras na escuridão
E com elas vibrar orgasmos da imaginação

Liz Rabello (2018)


PROFUNDIDADE

Estou no fundo do penhasco
Na profundidade das águas do mar
Debato-me entre as pedras
Venho à tona e tento me salvar
E eu que nunca soube nadar
De repente chego à costa
Sã e salva por mãos carinhosas
Das ternuras invisíveis ao olhar

Liz Rabello


FEL

Temperatura amena
barulhinhos gostosos de pingos
Caindo no telhado
Cheiro de terra molhada...
Chuvinha fresca
Bate nas janelas
Escorre pelas calhas
A marulhar saudades
A embaralhar verdades
Terra molhada
Cheiro saudável
De vida eterna
Iniciada
Não terminada
Distante
Difusa
Ilusão
Matéria
Barro
Tudo destruído pelos homens!

Liz Rabello


BORBOLETA

Quero asas de borboleta
Para livrar-me dos fios
Enroscados no casulo, miolos
De muitas lutas, tijolos
Alçar voo em violetas

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 IMAGEM

Na galáxia te achei

Você me olhou e eu te amei
Pedimos carona pra lua
Vagando estrelas e vagalumes
Na gangorra da vida
Amor fiel encontrei
Pra nunca mais viver só, respirei
Amor canino no ar e na eternidade

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


RECITAR

Recitar receitas de amor
É fácil fácil demais
Difícil é guardá-las em pó
Nos mágicos potes da vida
Esvoaçantes ao léu ao luar
Ou numa rotina de um lar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


PACIÊNCIA

São Paulo, bairros nobres
Brilham panelas em armários servis
Nada a reclamar
Em pobres lares da periferia
Lotando pias, com paciência,
Esperam o ouro azul
Panelas pra serem lavadas
Quando o racionamento deixar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 CAMINHOS

Tento caminhos novos
Perco-me na encruzilhada
Insisto na busca
Tortuosas vertentes
Não encontro saídas
Novamente perdidas
Insisto... Persisto
Porque nunca desisto de mim

Liz Rabello (2018)


 CIGANO

Ei, coração cigano,
Se não me engano
Tu devias libertar
Não invernar num pouso só
Nem mel de abelha
Numa só colmeia liberar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 GOTAS

Amor em potes
Só um pouquinho por dia
Só um pouquinho por hora
Só um pouquinho lá fora
Só um pouquinho
Só um pou...
Gotas

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 PECADO

Quero asas de borboleta
Para livrar-me da dor
Volúpia, pecado, torpor
Ao longe existe horizonte
Folhas, flores, frescor

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


PELES

Descasca, descasca
Ponha pra fora peles mortas
Desvenda tuas essências coloridas
Despeja teu néctar de vida
Que tudo passa
E somente ti não passará

Liz Rabello (2017/Meu Paraíso)



O homem pisa na Lua
Descobre estrelas
Expande a Ciência
E cria bombas
Atômicas
Mata o planeta
Ofusca as estrelas
Nebulosa lua nas noites escuras
Seu lixo continua n’alma
Pois jamais aprendeu a vomitá-lo

Liz Rabello  (In Poesia de Esquina/2018)


ASAS

Saltei no precipício
Voei 
As asas quebraram
Você veio
Colou uma por uma
Dédalo e Ícaro
No espaço
Em busca de mais amor

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


DIS(TRAÍDA)

Andava solta na vida
Na encruzilhada te encontrei
Você me olhou, eu parei
Pediu carona e te dei
Roubou meu coração
Meu corpo em fé
Minha conta bancária
Meus bens em comunhão
Voou de avião
Levou meu carro
Que te dei... Sem gratidão
Deixou-me endividada
Construiu um novo mundo
Só pra ti, sem mim, com outra
E eu nem percebi que fui  LIZ (TRAÍDA)

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


CARNAVAL

Teu beijo tem mais luz
Do que a noite de lua cheia
Incendeia todas as estrelas
Abrasa fogueiras de festas juninas
Faz colorir os confetes de carnaval

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


ENERGIA

Eu
Grãozinho de areia
Luz das estrelas
Sementinha de amor
Pulsão de alegria
DNA fonte de vida
Mutante de energia
Carregada de dor
Na imensidão do oceano
No infinito da eternidade

Liz Rabello (IiN Poesia de Esquina/2018)


ALUGUEL

Andava solta na vida
Na encruzilhada te encontrei
Você me olhou, eu parei
Pediu carona e te dei
Roubou meu coração
Meu corpo em fé
Minha conta bancária
Meus bens em comunhão
Voou de avião,
Levou meu carro
Que te dei... Sem gratidão,
Construiu um novo mundo
Só pra ti, sem mim, com outra
E nunca pagou um centavo de aluguel

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


CARNE

Dos pecados da carne
Que cometi
O Mais doce
Foi gozar
Dentro de ti

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


BOLO

Querem o fim do PT
Dilma e Lula na prisão
Capa da VEJA já mostrou a servidão
ÉPOCA, EXAME, ESTADÃO,
Bolo de mentiras em exaustão
Rede Globo bramindo o tambor
Eclodindo propagandas sem louvor
Crise vencida! Acabou a Corrupção
Vejam só quanta história sem noção

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


MAR

Ondas fustigam areia
Corpos se agitam no mar
Jogados ao leito arenoso
Jovens enfrentam o medo
Onipotentes se acham
Poderosos se sentem
Alheios à placa:
"Alto risco de afogamento nesta praia"

Liz Rabello

Praia da Sununga (Verão / 2018


NÉVOA

Vejo-te na transparência
Das miragens eternas
Vejo-te na imensidão do mar
No buraco negro do infinito
No meio das nuvens a se dissipar
Vejo-te no clarão do luar
Na névoa da madrugada
No sol brilhando, orvalho secando
No vento a dispersar manhãs geladas

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


DORMIR

Quero dormir no passado
Não num presente de dor
Quero dormir alegrias
Não na vivência em agonia
Quero dormir em sonhos
Não acordar na melancolia
Quero dormir na justiça
Não mais desfrutar da devassa
Tranquila em sono quero estar
E nas mãos de anjos acordar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)



ENERGIA

Vou libertar meu coração
Ao sabor deste vento
Raptar a corrente de energia
Que vem da montanha
Captar o cheiro de ciprestes
Perfume exalando prazer
Quem sabe se leva até ti
Meus desejos por você

Liz Rabello  (In Poesia de Esquina/2018)


PÉS

SIGO

Pés cortam a transparência das águas
Limpidez salina e milenar do universo
Grãos de areia brilham ao sol nas pedras
Sal a banhar pele dourada

Liz Rabello (Verão / 2018)


POTE

Rio Doce
Lama virou
Água secou
Pote de água vazio
Ao barro retornou

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


ASTRAL

Começo de mais um dia
Fantástico
Diferente
Criar nova oportunidade
Com o pé direito,
Bom astral à flor da pele
Distância de quem não acredita
Que a cada instante tudo se renova
E é possível crescer
Angariar multidões
Para um novo modo de
“Ver”
”Fazer”
”Esculpir” o Amanhã

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


TÍMIDA

Sou sensível, profunda, intensa,
Mas discreta e tímida
Ousei pra superar barreiras
Romper fronteiras
Voltar no tempo
Ser eu mesma
Sem pintura
Sem retoques
Sem mais nada
Voltar para o Nada
Onde é o meu lugar
Só!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 VIOLÃO

Pequenos dedos do menino ágil
Acordam notas musicais do violão
Arrebentam sons multicores
Entre nuvens de algodão
Encantam mães, vovós, babás
Namoram garotas ao luar
E deixam sonoros e vibrantes
Vestígios de amor no calçadão

Liz Rabello /2018 (In Poema para Vinicius)



VULCÃO

Feres com teus graus em chamas
Águas salinas
Sal em brasa
Vida que se derrete
Vapor saturado ao sol
Beleza eterna
Adormecida e restaurada
De tempos em tempos

Liz Rabello / 2017


IMAGINÁRIO

Um pequeno lance
Uma fração de segundo
Meus dedos tocam a tela
Eu me abraço ao imaginário
Seus braços me envolvem
Sua respiração ofegante!
Meu suor denunciante
Sinto tua presença mais que inquietante
Toco seu rosto sem querer
Que frio é este que me invade a alma?
Que calor é este que a telinha embaça?
Paradoxo da eternidade:
Quanto mais distante, mais perto de ti estou

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2018)


 PASSARINHO

PASSA PASSA TEMPO

Passarinho espreita chuva
Não que a ela tenha que aturar
E, sim, alegre a festejar
Porque sabe que a vida só é
Porque ela existe e
Vem nos acarinhar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


RENASCIMENTO

Fiz parte de sua vida?
Será que um dia fui visível?
Se meus desejos não passavam de caprichos?
Se meus sonhos não podiam ser ouvidos?
O céu perdeu a cor
Minha saúde se deteriorou
Meus olhos verdes perderam a luz
No que foi que você me transformou?
Mulher invisível, sim senhor
Renascimento, por favor!!!!!!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


MEUS PÉS

Pisam amaciando areia
Driblando pedras
Sentindo o roçar das algas
Encantando lentes
Desaparecendo em águas salinas
Reaparecendo ao sabor das ondas
Graças por momentos mágicos
Graças pela alegria deste
Reencontro micro, macro cosmos

Liz Rabello/2017


DESEJO

A paz do meu paraíso
Onde lágrimas podem me salgar
Ou uma linda piscina me abençoar
Minha nudez de estrelas pratear
Ou me cortar de lâminas da lua
Para só boas lembranças fatiar

Liz Rabello/2017


TELEPATIA

De repente uma luz
Uma força que me conduz
Eis-me em teus braços
Em tua voz me laço
Fecho meus olhos
Pra sentir melhor os sonhos
Sei que não é real
Que é imagem virtual
Telepatia sentimento surreal
Mas tão forte bate o coração daqui
Que te alcança além-mar logo ali

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


RIO

Lama de Mariana chegando no mar
Vida que se nega ao encontro do mal
Sangue que se quebra na cortina de sal

Liz Rabello/2017



SEDE

Sedento
Cedendo
Cedendo
Sigo em frente
Até a morte em sede
Liz Rabello/2016


MAIS UMA LEI SANGRENTA

Já não basta o capitalismo
Pra destruir o planeta
Ainda vem o sadismo
Deste déspota onipotente
Malditas mãos no comando
na maior chacina
ao Meio Ambiente!

Liz Rabello


TEMPO

Há um futuro 
Além do tempo
Lilás azul verde esperança! 
Só consegue vê-lo quem se sente
num universo a desvendar
dentro do relógio do tempo
abrindo folhas do passado 
lendo histórias do presente
medindo forças com sonhos ausentes 
fazer valer a pena o tempo atuante! 
Costurando silêncios noturnos 
Idealizando ecos 
reflexos de espelho
caminhando para um futuro 
Imaginário
que só o Coração consegue captar!

Liz Rabello /2012


PUXAR

Vou puxar um puxadinho
Lá no fundo do quintal
Andorinhas fazem ninhos
Borboletas vêm voar
Abelhas fazem o mel
E quem diz que alguém me paga
Por tão colorido aluguel?

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


DESAFIO: IMAGEM


OLHO NAS ESTRELAS

Ser baixinha
É uma dádiva
Olhamos sempre pras estrelas
Alçamos voo por teus pés
Abraçamos as nuvens
E jamais olhamos pro chão!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 GALÁXIA

Quando eu me for desta
Pra outra esfera
Quero ser a estrela mais bela
Cavalgar por toda galáxia
Lua dançante de tuas noites azuis
Ondas quebrando em teus pés molhados
Um grão de areia a roçar tua face
Magia do vento a balançar cabelos
Luz do sol a perpassar folhas de alface
Olhar fiel do teu cãozinho amigo
Festim de cores de tuas flores
Gramado verde a cobrir o pasto
Frutas maduras a saciar tua fome

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


ESPINHOS

Não há rosas sem espinhos
Aliás eles as espreitam com vigor
Não há felicidade sem dor
Aliás ela é protegida por amor
Espinhos e dor dão sabor
Ao belo, ao ético, ao valor!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


Enfrento os espinhos 
para colher seu perfume...
Rosa flor paixão.

Liz Rabello


TELEFONE

Quando o amor acaba

Telefone toca
Não há química
Nem desejo
Nem insultos
Nem martírios
Apenas um fio que se esvai

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)

PRIORIDADE

Muito embora me rejeite
Culpe a Deus por minha sina
A Jesus peço ajuda com a cruz
Aos anjos do além meu karma
Tenho a chave de mim mesma
Tenho portas e janelas
Sou minha prioridade

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 ÁGUA

Sou água, você óleo

Como água e óleo
Pelas bordas você fica
Não te alcanço
Não te encontro
Teu mel se dilui
Em minhas águas
Teu fel me fere
Coração sangra
Noite termina
Manhã deserta inicia

Liz Rabello (In Poesia De Esquina/2017)


TEMPO

Mistério no reflexo das águas
Sol, brilho, luz que reluz
Sombras se cruzam com mágoas
Dilaceram e desfazem em lágrimas
Galhos retorcidos em quimeras
Imagens, mosaicos sem encaixes
Árvores que se chocam no universo
Céu azul, anil, verde musgo a tecer
Anos, meses, semanas, dias, noites
Tempo de esperanças

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


FAROL
No horizonte o sol
Maior farol não há
Na noite densa
Apenas estrelas cintilar
E eu? Vagalume vagabundo
Vagamente a clarear
Num pisca pisca infindável
Que se descarta, revive
E incendeia luz sem se notar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


DROGA

Droga no helicóptero?
Droga na fazenda do bam bam?
Droga no bolso do filho do doutor?
Você não vê ninguém prender!
O Exército tá lá, na Rocinha,
Atrás do laranja e do pobretão,
Barrando o povo que sobe o morro
E povo não é gente
Para a elite que não sente
Pra gente boba que se mente
E se acha acima da pobre gente
Que se estatela no asfalto desta cidade

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


PRIMAVERA

Cada primavera que vivemos
Nos traz uma mágoa
Uma chuva que não veio
Uma flor que não brotou
Uma tristeza escondida
Que no inverno desbotou

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


ALMA

Para onde vão os sonhos perdidos?
Eles, que se tornam invisíveis
Acoplados ao fundo da alma
De lá não se mostram acessíveis
Será que a música consegue trazê-los
De volta ao mundo real?
Ou será que a alma transborda
Quando a última tempestade passar?

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



MUNDO

Às vezes não me vejo neste mundo mais!

Injustiça
Hipocrisia
Vaidades
Intolerância
Ganância!

Às vezes não me vejo mais neste mundo!

Desrespeito ao Ser
Ao Planeta
Aos Animais
Às flores
Ao pão que te alimenta!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)
AÇÕES

Tenho armas nas mãos
Caneta lápis teclado
Pedregulhos palavras
Suaves notas musicais
Variam sua performance
De acordo com a ocasião
Ações e reações
De fé e teimosia
Recheios doces do diálogo
Ou guerras de opinião!

Liz Rabello (In Poesia De Esquina/2017)


REDES SOCIAIS

Você foi chegando de mansinho
Se oferecendo pra me ajudar
Numa divulgação pelas Redes Sociais
De um lançamento de um livro meu
E nos INTERVALOS das telas
Dos sites, dos blogs
Uma palavrinha de afeto
Um gesto de amor
Um beijo virtual
Que logo se revelou algo fatal!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


CALOR

Mãos que se procuram

Bocas que se atraem
Desejos ardentes
Calor que sobe e desce
Fogo cruzado
Em corpos que se queimam
Em nós emaranhados

Liz Rabello (In Poesia De Esquina/2017)


CALÇADA

Ondas gigantes em ressaca
Rebelam-se
Fortes
Arrancam areias
Derrubam muros
Descortinam fumaças de águas
E sobre a calçada
Se dilaceram!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 TRANSFORMAÇÃO

Que minhas mágoas
 não sejam motivo 
para perder a fé.
Que transborde de mim
 para aqueles que me cercam.
As mesmas sensações de paz e amor
que estou pedindo primeiro a mim
Para a transformação
 e iluminação dos outros

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


DISTÂNCIA

Começo de mais um dia
Fantástico
Diferente
Criar nova oportunidade
Com o pé direito
otimismo à flor da pele
Distância de quem não acredita
Que a cada instante tudo se renova
E é possível crescer
Angariar multidões
para um novo modo de
“Ver”
”Fazer”
”Esculpir” o Amanhã

lLiz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


CIGARRO

O cigarro quase cinzas
Paira no cinzeiro de cristal
Esvoaçam fumaças cancerígenas
E se desfaz na atmosfera
E lá se vão meus pensamentos
Girando girando
Girando e se perdendo
Em nuvens estelares de poesias

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


TOQUE

Quisera ser uma varinha mágica
Ao leve toque
Eis um campo de trigo
Um jardim de margaridas
Um pomar de pêssegos
Um arco íris de luz

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


TOQUE

 Há algo de mágico em ti
É especial este teu voo
Sinto-me nas nuvens
Vertigem nas alturas
Avesso aos pés no chão
Alucinantes viagens
Pelos céus do infinito
Rainha de teu querer!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 VOAR

De dentro dos livros
Se agasalham os sonhos
Para não morrerem de tédio
Casulos permanentes
Quando se abrem as páginas
Ah, que gozo magnífico
Borboletas voam
Desapegadas
Alegres
Livres sem noção
Loucas de emoção
Em queda livre
Precipício de incertezas
Asas de uma asa delta

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 VOAR

Das janelas do meu livro
Voam palavras
Frases belas
Livres celas
Para o céu do infinito

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


PARTIDA

Voa voa minha borboleta
Para o céu azul 
Em busca do arco-íris
Poucas horas restam para ti
Breve existência 
Nasceu já de partida
Curta e significativa
Cor, perfume... Liberdade!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


VAGÃO

Solidão em transe de saudade existe
Correria em meio a São Paulo insiste
Multidão enlouquecida num vagão persiste
E eu sozinha, mais um dia que acaba triste!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


SENSAÇÃO

O coração dá saltos
Chibatadas de alegria
Quando me percebo
No teu pensamento
Confetes e fantasias
Brigadeiros de desejos
Quando a percepção termina
Ainda fica a alegria
A sensação de euforia
Que só tua presença cria

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


JANELAS

A escolha é nossa
Cadeados em gavetas ou
Janelas escancaradas nos casulos
Coloridos de fiapos de esperanças
Prefiro ser equilibrista em 
Metamorfoses constantes 
Driblando estrelas brilhantes,
No infinito da vida!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 EQUILÍBRIO

Sou ponto fora do fio
Arame farpado na trilha
Equilíbrio perdido na esquina
Dente de leão esvoaçante ao léu

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


OLHARES

Diz que sou tua bonequinha
Me desfaço em trapos de fiar
Em cada linha um sopro no ar
Te enviando olhares ao luar!

Sou a menina de trapos
Que tu viras em pedaços
Gozos e voltas pelos corpos
Dançando na cama  a te amar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


 VIDA

Tece com teus dedos ágeis
Linhas, nós, desenhos inimagináveis
Enquanto Deus em suas teias
Belas, imortais e tão reais
Mantém a vida que tanto cremos recriar leais

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


PEDAÇOS

Pedaços estilhaçados do meu país
Aguardando o bolo a ser cortado
Cresceu ... cresceu!
E o povo não comeu
Lambendo prato vazio e quebrado!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


ORDEM

Descubro que o frio me persegue
Solidão é palavra de ordem
Corrimão que da mão escorrega
Labirinto escuro sem trégua
Caminhos secretos é regra
Em minhas pegadas nas pedras

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)
Fotos de Liz Rabello (In Praia do Perez,
Trilha das Sete Praias, em Ubatuba, SP - 30/07/2017)



VIDA

DES (JEJUM)

Tempestade de ventos
Galhos secos tombam
Mortos carregam vestígios de vida
Embelezam árvores inteiras
Raízes se retorcem, se encaixam
Numa crescente onda de vertigem
Tesão descontrolado na paisagem
Vida multifacetada de incertezas!
O verde em volta inspira cor
Mortes e mortes se alastram
Ninhos de pássaros se escondem
É a vida querendo a vida por toda parte!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



ENTARDECER 

Guarás do entardecer
Faz Iguape reviver
Beleza inconfundível
Riqueza incomparável
Quem me dera
Sempre ver
Notas musicais nas
Cantigas deste anoitecer

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


ENTARDECER

Me fiz em mil pedaços
Pra você tentar juntar
Peças que não se encaixam
Antíteses paradoxais
Cores que não combinam
Com aurora ou entardecer
Viagens sem futuro
Sem passado a entender
Um presente recortado
Em filetes de amanhecer

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


ENTARDECER

Palavras são como as cores
Arco-íris leste/oeste
Tingindo o branco de tons e o preto de brilho
Amanhecendo a aurora com a luz da madrugada
Tecendo o entardecer de rubro anil
Sorrindo pra vida que dorme logo ali

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


AMANTES

Sou capaz de dividir
Somar só se for afetos
Subtrair só dores
Multiplicar amores
Seremos amantes sem arestas
Preconceitos nem pensar
Vem me fazer feliz e amar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


IMAGENS

Cavalgando nas luzes
Tendo a lua como cúmplice
Do enlace dos nossos corpos
Fatigados, sonhamos abraçados
Na madrugada, expostos,
Apontamos para ela: Estrela Dalva
Somos poeira das estrelas e
Ao Universo pertencemos
Leve-nos ao teu giro de amor eterno

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



"NÓS"

Quimeras soltas no ar
Raios de luz a cruzar
Sementes de sonhos encantar
Teimosia esperança suportar
Utopias e crenças costurar
Vivências tristes a superar
Eis o X da questão!
Pois nada, nem ninguém, retira de mim
De “nós”, atados em nó,
Esta gravidez de sonhar
Por um mundo melhor!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017) 


"NÓS"

Tece com teus dedos ágeis
Linhas, nós, desenhos inimagináveis
Enquanto Deus em suas teias
Belas, imortais e tão reais
Mantém a vida que tanto cremos

Recriar leais

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



ROCK

Turistas e amantes de tua beleza
Enchem teus bares de muitas riquezas
Trocas culturais e grandezas
Samba, jazz, rock
Qualquer som de pura magia
Para embalar a nostalgia
Do não silêncio de tuas noites
Ao som de uma guitarra na Vila Madalena

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/ 2017)


SEXO

Sem amor,
O parceiro te rouba sonhos
Outro te aprisiona na traição
Um terceiro te atormenta no assédio
Um quarto te apunhala o coração
Sem amor,
Sexo te deixa sem noção
Boneca de cera sem realização!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


PROIBIDO

Proibido para menor
E já virava maior
Proibido jogar lixo
E já virava lixeira
Proibido fumar
E já virava zoeira
Proibido estacionar
E já virava anarquia
É proibido proibir
Que tal liberdade alcançar?
Que tal responsabilidade guiar?
Que tal diálogo perdurar?

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



LUA

Quero
Nuvens pra remontar pedaços
Estrelas pra colar mosaicos
Lua dançante pra bailar contigo
Infinito pra deixar mensagens
Eternidade caminhos afora
Só para poder te amar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


VERSO

Versejar com o reverso
Do meu verso
É encontrar alteridade
Um outro eu em liberdade
Pra me alimentar
Ou me trair!

Liz Rabello (IN Poesia de Esquina/2017)


PAZ

Eu te prometo
um banho de chuveiro
E toda leveza do pós amor
O relaxamento do teu corpo
Saciado de prazer do meu prazer
O perfume de erva doce
Aconchego de lençóis
Canção de paz pra se perder!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


EXISTÊNCIA - RESISTIR

Na re(existência) de mim mesma
Após tormentas
Percebo luz no fim do túnel
Será enfim a volta do ser não ser
Que me traduz
Ou será apenas o resistir ao fim de mim?

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


JANELAS

Tenho janelas abertas do passado

Travas serenas prontas a me agasalhar
Saudades lindas e vibrantes
Momentos vividos na infância
Sonhos a me iludir no presente

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



DESAPEGO


É hora do desapego
Soltar as amarras
Libertar as correntes
Extravasar mágoas
Subornar vaidades
Desatar nós
Ao próprio Eu
Perdoar 
Filtrar emoções

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)

(Fotos de Noites de Luar de Liz Rabello)


AMOR

Desnuda tua alma
Amor não tem rótulos
Desnuda teu coração
Amor não tem cor
Desnuda tua fé
Amor não tem religião
Desnuda tua vivência
Amor não tem deficiência
Desnuda teus caminhos
Amor não tem fronteiras

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


SAUDADE

Saudade é o que fica
No ponto curvo da esquina
Onde a paisagem desatina
A esfumar o perfil de quem partiu

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


JARDIM OUTONAL

Chove saudades

Pingos de amor
Pingos de dor

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


CRACOLÂNDIA
Metrô, trem, Luz
Hotéis e muito chão
Para dinheiro ladrão
Que tal empurrar a multidão
Pra debaixo do tapete?

Da velha, da velha história

De que todo doente viciado é delinquente?
Que morador de rua é vagabundo?
Que a Cracolândia precisa ser empurrada
Pra periferia da periferia da periferia

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017



CIDADE

Sampa, minha cidade perdida

Das mãos suadas de quem a mordida
Da maçã infectada do roubo vendida
Nada valeu o que de bom fizeram por ti!
O ódio venceu!
Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


AMIZADE

AMI (Z) ADE
AMIGOS
ZEN
LIBERDADE

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



MANHÃS

Meu eu... Casulo cinzento
Semente de amor escondida
À procura de terra fértil
Água límpida de nascentes
Manhãs de sol primaveril!
Esquece teus finais
Borboletas frágeis,
Em margaridas a dançar
Sangra arestas, cria pontes!
Voa, voa, voa!
Livre... Solto
Liberdade conquistar!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)
(Foto de Liz Rabello)


CAFÉ

Café
Cafuné
Poesia
Com café
Com cafuné
Café com poesia

No cheirinho gostoso do café
Pãozinho fresco na mesa da varanda
Manteiga, queijo, goiabada
Tão presentes em minhas manhãs outonais
Provam que desejos não realizados
Furam o tempo, tecem saudades,
Voltam, revolvem, são atuais!

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


ESQUINA

Foi numa esquina da vida
Que vi tua poesia murchar
O brilho dos olhos perecer
Teu sorriso esmaecer
Tua cor se perder
Teu vulto sumir
E eu, muito triste, declinar

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)



MEL


Extasia-me o olhar
Deixa-me inebriada
A candura da serra
As hortências azuis
Mistura de ferro e trilhos
Campos de flores
Brincos de princesa
Pássaros a beber seu mel

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)


MEL

Nos momentos marcantes
Amizade é mel nas veias
Açúcar na canção de lágrimas
Transformando em solo fértil o árido chão

Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017


IMAGEM

Teu beijo é mel saliva
Desce em cascatas em minha língua
Volta revolve ondas de amor
Aspira respira minha paz interior
E desencadeia torrentes de fervor


Liz Rabello (In Poesia de Esquina/2017)
OLHAR: Liz Rabello (SP) e Sandra Ribeiro (SP)

Entrego a teu olhar minha alma
Meu sorriso mais profundo,
Minha alegria maior de estar contigo.

Em nada tenho falta neste teu amar,
Preenche de acolhimento minhas manhãs cinzentas
Como flores entrelaçadas em um jardim
Perfumando o alvorecer dos dias meus.
Jamais sonhei com amor assim
Tão completo e tão faminto dos desejos teus.

Embriagar-me neste turbilhão de sensações,
Extasiar-me nesta torrente de emoções
Saciando minha essência em ser mulher.
Tua viril inocência em pó da terra


Cumplicidade extrema sem qualquer explicação.


SARAU DUPLO NA PRAIA DE COPACABANA, POSTO QUATRO, REGADO À MÚSICA LOCAL, CANTORES E CRIATIVIDADE DO POVO CARIOCA...


REENCONTRO

Uma música
Um piano
Uma lágrima
Emoção na voz
Um vulto na luz

É passado!
A mesma luz
A mesma voz
A mesma emoção
Uma alegre visão
É presente!

Eis que descubro
Nas lembranças
do passado
a voz do presente
A dor que me encanta
A voz que me diz
Que o amor é a fonte
de toda ternura
A razão de viver!

Liz Rabello - Poema para Marilene Pacheco, (alguém que amei ao ouvir a voz, na penumbra do Museu Da Lingua Portuguesa, em 2013, sem saber que era Ela)

HORA CERTA

Um barzinho
Um violão
Boa música
Amigos
Amor
Tudo de bom
A brisa do mar
Sol gaivotas inspiração
A vida é o momento
É o aqui
O agora
A felicidade de estar
Vivenciando essa harmonia.

Marilene Pacheco


FOLCLORE

Meu netinho de mansinho
Veio dizer que é Agosto
Tempo de folclore a seu gosto
Imitando o Saci
Rosto pintado de carvão
Perninha suspensa em emoção
Atrás do sofá se escondeu
Assustou uma vovó
Que se fingia de improviso
Bateu a porta por querer
Até a maçaneta ceder
Depois veio como quem
Quer agradar pra valer!
“Vovó, quem decepou a perna do Saci?
Mula sem cabeça? Lobisomem?
Ou foi o bicho homem
Com as bombas dos judeus?
Ou foi o Iraque de araque
numa guerra por aqui?”
Como meus olhos marejaram
Me abraçou e comigo chorou
Que homem também pode,
Isto é o que me ensina o amor!

Liz Rabello


HOMENAGEM PÓSTUMA


RECORTES DA MINHA INFÂNCIA

Tenho janelas abertas do passado
Travas serenas prontas a me agasalhar
Saudades lindas e vibrantes
Momentos vividos na infância
Sonhos a me iludir no presente

A maioria das casas de nossa rua não possuíam ainda luz elétrica. Nós, sim. Mas o abastecimento era tão precário, que vivíamos apagões constantes. Éramos, então, obrigados a nos iluminar à luz de vela. Momentos lindos. Meu pai brincava de magia. Cortava o fogo com seus dedos ágeis e jamais os queimava. Depois pegava a vela e a levava ao caminho desconhecido do mundo dos contos de fadas: João e Maria... Perdidos na noite de lua escondida. O caminho iluminado pelo sol (vela acesa) era marcado na mesa da cozinha por casquinhas de pão. Eu fingia ser o passarinho que as pegava para levar ao ninho e dar aos filhotes o abençoado jantar. Os dois irmãos jamais conseguiram voltar, por conta de que eu passarinha as comia... Chegávamos a desligar a luz elétrica só para brincar de magia à luz de vela. Era tudo tão lindo e eu fico de novo feliz, só de lembrar. Quando a luz voltava não havia na mesa nenhum vestígio das casquinhas de pão abençoadas. Até hoje, amo este lance do pão francês. Sei que é vestígio de minha infância povoada de palavras, de sons, de sonhos, que meu pai carinhosamente me iludia.

Liz Rabello

DESAFIO:  TEMA DOR


A DOR DA DOÇURA

Por volta dos 9 anos de idade tomei Benzetacil. Não uma, nem duas! Um ano completo de doses mensais da maldosa. A dor começava nas vésperas do dia 18 de cada mês, afinal o momento inexorável se aproximava!

Chegado o dia do infortúnio, à tarde, íamos à farmácia e lá, a cantinela da dor se estendia sibilosa pelo balcão. Explico: é que eu girava ansiosamente o baleiro de forma angustiada, enquanto aguardava a minha vez de dar de frente com o verdugo, digo farmacêutico. E o baleiro ao girar, produzia um som de um flautim antigo, portador de uma dor tristonha, talvez precisando de graxa, coitado.

A dor visual se dava na revelação de quem seria o algoz da vez. Sim, pois às vezes eu era atendida por um farmacêutico de primeira, o dono do estabelecimento, e a dor só doía um pouco. Outras vezes, era um tal farmacêutico cuja cara não afinava com a minha cisma. Então, a dor era bruta.

A dor vinha também pelo ar. O cheiro da ferveção de seringas, era uma cheiro atemorizador de éter, num tempo em que nem se cogitava a existência de seringas descartáveis. Impressionava bastante. A dor ardilosa me enlaçava por todos os sentidos: no olfato, na audição... E quando finalmente eu levava aquela agulhada... Santo Deus! Minha pobre bundinha! Se ao menos eu tivesse os quilos insistentemente localizados, que hoje trago sem serventia, a dor poderia ser um pouquinho amenizada.

Terminada a eternidade da aplicação medonha, eu saía da farmácia meio capengando,arrastando o lado, com o queixo ainda travado por não ter gritado o quanto tinha vontade. Aí, minha mãe passava comigo no mercadinho ao lado da farmácia e comprava um pacote de suspiros deliciosos.

Todo mês era isso. Um rito. E nós íamos embora, comendo os suspiros e fazendo voltar aos poucos o riso, a conversa, a graça de qualquer coisa: ríamos do formato de um ou outro suspiro,” _Olha! Esse tem um narizinho!”... Fingíamos suspirar trazendo troça da dor que já era passado, ríamos do rosto polvilhado de açúcar fininho... E comíamos os suspiros! Um, outro! E mais outro, pelo caminho de volta.

As outras sensações, as roupagens diversas da dor se desfizeram com o tempo. Mas ficou a dor do suspiro delicado, que se dissolvia na boca. Ficou só a dor da doçura. O paladar da minha alma guardou para sempre o sabor da dor da saudade. Saudade do suspiro doce de mãe.

Leda Bossi

MEU PRANTO,
MINHA DOR!

Esta noite eu vou chorar

e serão amargas as lágrimas que cairão,
porque estou só e deprimida,
angustiada nesta minha vida,
com uma dor imensa no coração.
Esta noite eu vou chorar
e não adianta olhar o céu,
porque não há nuvens correndo ao léu
e as estrelas se esconderão.

Vou chorar e muito
até que o sono feche a fonte
da minha angústia e solidão,
e com o rosto molhado e frio
afinal descanse na inconsciência,
na inquietude do meu carente coração.
Amanhã, certamente,
Acordarei cansada, amassada,
Meio tonta, meio fria,
Atordoada pelo pranto,
Mas consolada pelo sono
A começar um novo dia.

É madrugada ainda e não parei de chorar.
Será que vale a pena tanto pranto?
Afinal, de que vale o sofrimento,
Se nada há para que termine?
O que pode me consolar?
Talvez olhar para frente e esquecer.
Respirar fundo e sorrir.

Não é o primeiro,
não será o último desencontro, acho eu.
Não sei o que há de vir.
Virão sonhos? Virá a realidade?
Haverá alegria, depois, de novo, a saudade?
Por que é tão doído pranto meu?

Rachel dos Santos Dias


ENSAIO SOBRE A DOR

Há aquele que se compraz sentindo dor
Busca-a, onde estiver
Na rua, na calçada, na foto, no passado, na lembrança
Quando a encontra (e não demora a achá-la),
abraça-a como um ente amado
e a sente num ímpeto de clarão.
Vira hipocondríaco do acaso,
pois para se livrar dela,
qualquer remédio basta.
Mas logo precisa de outros,
pois a dor nunca vem só.

Há aquele que dela foge
como um escravo do seu grilhão!
A dor o pega em qualquer esquina,
em qualquer lugar,
pois quem o invade,
não é a paz!
O medo é uma fábrica de dores!


Há aquele que de tão desvairado,
vê-se por ela penetrar.
Para expulsá-la,
aos outros manda matar,
espoliar, injuriar, injustiçar!
Tem sempre comentários e ações
que possam ferir aos outros,
fazer a dor pular,
só que é dentro de si,
que a danada vai ficar!

Há aquele que a dispensa.
Diz que com ela não pensa.
Forja felicidade e saúde,
como quem busca a ilusão.
Mas a dor é mais forte e vem,
toma posse!
Caminha, lado a lado,
com quem bem entende,
seja ele seu inimigo ou fiel guardião!

Há os corajosos de plantão,
que dela aceitam qualquer desafio.
Se comigo assim é,
que venha a dor,
do jeito que vier,
a mim encontrará
e dela farei pó!

Liz Rabello





A Dor...
A Dor física,
Entristece e é feia
Mais feio ainda é o choro da dor
As lágrimas rolam queimando
Estado lastimável,
Oh! dor dolorida.
A dor emocional,
É sentimentalmente triste
As lágrimas carinhosamente
Parecem consolar.
Estado melancólico,
Oh! dor sentida.
Assim falam das dores...

Clarice Lispector... um amigo:

“...Um amigo me chamou pra cuidar da sua dor, guardei a minha no bolso. E fui...”

John Lennon... todos os lugares:

“...Não se drogue por ser incapaz de suportar sua própria dor. Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo...”

Adélia Prado... nada a ver:

“... Dor não tem nada a ver com amargura, vem pra gente ap´render cada vez mais...”
Edvaldo Santana... a dor que anda:
“... Essa dor canto tem no vento a sutileza / De cantar a dor que é a mesma / Dor que anda em toda mesa / Onde sentam os inocentes...”

Mario Quintana... devolução:

“... Se eu pudesse eu pegava a dor. Colocava dentro de um envelope e devolveria ao remetente...”

Carlos Drummond... inevitável:

“... A dor é inevitável, o sofrimento é opcional...”

Allan Kardec... Deus criou:

“...Deus criou todos os homens iguais para a dor a fim de que cada um julgue o mal que pode fazer...”

Patativa do Assaré... porém:

“... Há dor que mata a pessoa sem dó nem piedade. Porém, não há dor que doa como a dor de uma saudade...”

Paulo Leminsk... lado bom da dor:

“... A dor deixa o homem mais elegante...”

Pe. Fábio de Melo... esquecer:

Você pensa que essa dor não vai passar... mas passa...”

Sigmund Freud... o medo:

“...Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda...”

Fernando Pessoa... a própria solidão:
“... Sem passar pela dor da própria solidão, continua nossa busca em outras metades...”

Chico Buarque... ninguém vê:
“... A dor da gente não sai no jornal...”

Dor curada
Dor que fica
Dor que vai e volta
Dor que sufoca
Dor que mata
De dor...

(Milton Luna)





DESAFIO DE ESCRITA


SOMBRAS


Mistério no reflexo das águas
Sol, brilho, luz que reluz!
Sombras se cruzam com mágoas
Dilaceram e desfazem em lágrimas!
Galhos retorcidos em quimeras
Imagens, mosaicos sem encaixes
Árvores que se chocam no universo
Céu azul, anil, verde musgo a tecer
Esperanças

Liz Rabello


ESPANTALHOS DO PASSADO


Durante toda minha vida, minha mãe era contra minha participação em greves. Ficava nervosa demais e brigava comigo o tempo todo. Minhas memórias apenas me mostravam um olho roxo de papai, marcas de espancamento no corpo e quatro dias fora de casa. Sim, fora preso, como líder de seu grupo. Greve! Esta palavra tão difícil de ser pronunciada em tempos de construção do operário, desta classe social oprimida pelo sistema. Mil novecentos e cinquenta e três! As lutas operárias se intensificavam em todo o Brasil. Além de ser preso, foi mandado embora do trabalho, carteira "suja"... Era esta a palavra. Nunca mais conseguiu emprego. Na parede da cozinha havia um buraco, onde papai muito doente, (Fibrose pulmonar, adquirida pelo pó de madeira da fábrica, que não tinha sistema de anti poluição), deixava a cabeça a flutuar num desejo de pôr na mesa da cozinha um pouco mais do que chuchu, colhidos do fundo do quintal.
Liz Rabello - 2014


INJUSTIÇA

Segunda-Feira. Minha irmã saiu para o trabalho. Era recepcionista de uma empresa. Beijou-o na testa, como sempre fazia. Ele lhe disse baixinho: “Não chegue tarde, é aniversário de sua mãe! Vamos fazer-lhe uma surpresa!” E realmente a fez!

Acordei com os gritos de mamãe no quarto. Ele deu os últimos suspiros desejando a ela um “Feliz Aniversário!” Meu pai era um homem sereno, amoroso, orgulhoso de mim. Com ele, eu me sentia amada! Protegida! E quando ele se foi desta vida para sempre, toquei o chão, sem alcançar estrelas...
Ficara doente sete anos antes deste sete de fevereiro. Marceneiro de mão cheia talhava madeira de próprio punho. Era um artista. Fazia móveis lindos! Ganhava muito bem. Tínhamos uma casa boa e bem mobiliada: geladeira, fogão a gás! Adorávamos o dia do pagamento dele, pois nos trazia potes de azeitonas, queijo prata, goiabada. Era festa em casa! Mas, (sempre tem um “mas”) a fábrica não tinha equipamentos de antipoluição e aquele pozinho insuportável foi se alojando nos seus pulmões, impedindo-o de respirar livremente! Ele foi o líder dos operários, à testa daquela greve, cujo panfleto eram os pedidos de melhores condições sanitárias dentro da fábrica! O mesmo desejo que o colocou nas mãos da justiça, era sua necessidade básica! Paradoxo da injustiça! Perdeu o trabalho que tanto amava, por estar perdendo a saúde para o ganha pão!
Naquele tempo, carteira assinada... Quem a perdia, não conseguia mais emprego. E além dele, estava perdendo a saúde e a vida!
Tínhamos um cachorro: Nero. Amigo fiel. Onde papai estava, podiam-se ver os seus pelos marrons brilhando ao sol, ou escondido atrás da sua cadeira de balanço. Uma semana após a sua morte, mamãe decidiu colocar a capa cinza e o chapéu de couro, que tanto papai usara, ao sol! Pretendia dar de presente a um tio. Pendurados no varal, o vento os balançava num ritmo frenético de dor! Nero se aconchegou, ali pertinho ficou... E chorou!

(Liz Rabello, in INTERVALOS, "INJUSTIÇA", Beco dos Poetas, 2013. SP)


Estávamos na trilha. O sol fustigando folhas verdes. Ao chão, ramagens secas de Outono. Havíamos combinado uma troca de presentes. O que achássemos de inusitado seria nosso tesouro: tema para um novo Desafio de escrita. Meu presente: uma garrafa pet. Mudei meu ponto de vista. E no objeto me fantasiei.


SOU UMA GARRAFA PET

Bem branquinha, já fui frasco de uma garrafa de guaraná Dolly. Um dia me reutilizaram como carregadora de água para beberam durante o caminho da trilha. Ao término do conteúdo, eu, simples plástico descartável, inútil, fui jogada em meio ao desafio outonal de folhas secas. Alguém pegou-me, brincando abraçou-me. Por um momento um flash me fez brilhar. Estrela de um sorriso no olhar. Uma foto e um carinho. Mas depois, ia de um lado a outro sendo jogada, trapo velho, mais nada. Quando cheguei a um lugar bonito, repleto de flores, uma tampa se abriu. Dentro fui jogada, sem carinho fui lançada, na escuridão, perdida. Saco preto, de plástico. Outras coisas: latinhas de refrigerantes, saquinhos de compras de supermercado, outras irmãs iguais a mim. Meu destino: Reciclagem. Fui parar num grande balcão e lá alguém me separou das coisas diferentes de mim e só me deixaram numa grande família de garrafas pet, onde poderíamos voltar à vida, novinhas em folha e sermos de novo algo importante para todos os humanos. Este foi meu fim correto, eterno vai e vem que não termina. Penso: O que seria de mim, se na trilha ficasse? Em meio ao mundo orgânico e natural da mata ciliar daqueles lindos lagos, como poderia não danificar o meio ambiente? Impossível! Não consigo morrer, deteriorar e voltar à vida em outra vida e me transformar em mais vida. Mil anos são precisos para que eu possa não prejudicar o lugar onde sou esquecida. Se pudesse deixar uma mensagem aos humanos, claro, assim seria: Leve-me contigo para onde quer que vás, meu destino tem que ser a RECICLAGEM.

Liz Rabello


GRITOS

Vô chegano de mansinho
Me esguerano pelo matinho
Com quarqué baruio fico ativo
Meio morto, meio vivo
Apeio do animar
Entro no mato bem divagar
E paro pra escuitá
O baruio dos bicho
E os passarinho cantá.
José Luiz Pires

Verde que te queremos verde
 para maritacas e beija-flores
Prá natureza sorrir
E colorir nosso olhar
Conceição Gomes

 No oco do mundo
Espia-se a vida
Curiosidade e atrevimento
 será chave assim
Voos mirabolantes 
Num céu repleto
de possibilidades.
Nurimar Bianchi

No oco da árvore
Jovens maritacas
Penas cor de folha
Bicos de sementes
Olhares e gritos de indagação...
Milton Luna

Família toda aflita
Homens na mata
cerca cortada
machados no ar
árvores tombando sem parar!
Liz Rabello

Uma arara fugida
pousa assustada
fica aflita
fica arrasada
Não tem pra onde ir
Se a árvore cair!
Acácio Costa

Não corte uma árvore sequer
 A natureza chora pelos animais
Quando o vento soprar elas sorrirão
 As aves cantam nos seus troncos
 O verde é vida divina.
Menduina Francisca

O apelo da Natureza
para nos sensibilizar
 vem na voz dos animais
 no vento cantando doce
 entre folhas e ramagens. 
Resta ao Homem escutar.
Lu Narbot

O homem não sabe escutar
O homem só sabe cortar
O que lhe dá a natureza
Ele não conserva a beleza
Que Deus lhe deu pra desfrutar!
Acácio Costa

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