quinta-feira, 30 de junho de 2016

PARA UMA BOCA FECHADA... A POESIA!


Sou de um tempo em que aprendi a me calar
A ter medo de militar
A ficar no meu lugar de mulher
Abaixo do patrão, do pai, do irmão, do marido
Até do filho e do cão que ladra no quintal!
Mas também sou do tempo
Em que a fera ferida sangrou
E se libertou da menstruação
Do soutiem, da saia comprida
E do varão machista
Da lei imperiosa da mordaça do dólar
Pertenço a este momento histórico
Em que a mulher vai às ruas
E deflagra a corrupção
Se for preciso a trégua, que seja...
Mas cruzar os braços... Jamais!
Ainda nos resta a Poesia
que nunca "servil" a ninguém!

Liz Rabello


Sou Maria da Luta

Não me calo
Fico nua
Transparente
Mostro curvas
Não tão lindas
Mostro rugas
Não tão feias
Mostro alma
Não tão doce
Mostro tetas
Já caídas

Sou Maria da luta
Tão sofrida
Tão amarga
Tão da rua
Tão da vida

Sou Maria da luta
                 Só
Não resta mais nada

Liz Rabello