quarta-feira, 22 de outubro de 2014



É NO NÓ QUE AS PONTAS SE SEPARAM


Estou perdendo amigos na rede social, por conta das eleições para presidente em meu país. Não se trata de estar do lado de um ou de outro candidato, mas de guerras entre partidos. Posturas divergentes é absolutamente normal. O que foge do contexto é o ódio.


Sempre fui militante participativa nas questões profissionais. Sindicalizada desde o início de minha carreira, atuo em greves e manifestações. Na família e no social, mantenho minha linha. Neutralidade. Nunca me envolvi aqui, na rede social, em política. Mas desta vez estou até o pescoço enrolada... E pior, não quero, por livre e espontânea vontade me desenrolar, porque me assusta, homofobias, xenofobias, xingamentos, desde o "tomar no cu" para a presidenta Dilma, quando ela entrou no estádio, durante os Jogos da Copa. Fico assustada, sim, este ódio fomentado, alimentado e correndo a todo vapor pela TV. O modo como o Willian Bonner tratou a Presidenta do país, durante entrevista no Jornal Nacional, completamente desigual aos outros candidatos. Assustam-me conversas que ouço nos meus círculos familiares e em redes sociais. De repente as pessoas escancaram portas, janelas e mostram a cara: "Não tenho nada contra os pobres..." , como se não fossem um deles. E falam um monte de lorotas inventadas contra pessoas que não têm opção nenhuma". Fico, sim, muito assustada com o modo como o partido do trabalhador é odiado pelas classes mais favorecidas e como os pequenos e grandes empresários, banqueiros sabem se unir para emancipar o ódio. Assustam-me posturas que realçam preconceitos, interpretações forjadas, fakes entrando em minha página e fazendo comentários agressivos. Pessoas que até ontem eram tão amigas e, de repente, jogam lama em minhas palavras. Fico pasma e triste! E ao mesmo tempo digo a mim mesma: Por que me importar em perder amizades? Qual o valor delas se somos tão diferentes e não nos completamos de modo algum?Fico assustada, sim, quando vejo um menino gay ser morto numa quebrada qualquer, um artista de TV apanhando por sinalizar o próprio voto, um jornalista de respeito como Xico Sá, ser obrigado a pedir demissão da Folha de São Paulo, para poder propagar o nome do seu voto. São pequenos fatos, mas o suficiente para dizer o quanto estamos perdendo em democracia.

Em muitas oportunidades eu me perguntava: Onde é que começou esta guerra pelo Poder, que vejo acontecendo em outros países, onde um grupo se une contra o outro e genocídios são cometidos até mesmo em nome de JESUS! Agora eu indago: Não estaremos também caminhando para esta encruzilhada? Divisão do país pela metade... Até aí tudo bem, mas como ficam os xingamentos, o desrespeito? Como vamos nos olhar novamente nos olhos bem depois das eleições??????


PELA TEORIA DA INFORMAÇÃO, O DIFERENTE É O QUE INFORMA... 
QUEM SABE NASÇA ALGO NOVO DESTE MOVIMENTO EM NÓ...


Nas redes sociais nasceu uma nova modalidade de atuação política. Encontros são marcados para se manifestar pela cidade. Pessoas escrevem o que pensam e se colocam na berlinda, alvo de críticas e de interpretações. Quando isto acontece de forma inteligente e com respeito, ninguém sai machucado! Há sempre, no entanto, pessoas que extrapolam. Um dia destes vi uma foto de um jovem médico com um cartaz se dizendo eleitor de Dilma. Impressionante os xingamentos. Fiquei pasma pelo ódio demonstrado por alguns médicos, saturando a tão merecedora de aplausos classe médica de nosso país, fazendo-a descer tão baixo do seu patamar. Por outro lado, minha amiga petista havia escrito que aquele era um médico "humanizado", excluindo, portanto, os que não votavam em Dilma. Uma médica tucana fez um comentário bastante eloquente, apontando fatos do seu dia-a-dia e se auto denominando, com muita propriedade de "médica humanizadora"...  Não havia como não assinar embaixo daquelas palavras... Nestas questões de eleição é preciso antes de mais nada, bom senso e muito diálogo. Atitudes que no afã da determinação pela militância às vezes perdemos.
Liz Rabello