quarta-feira, 20 de agosto de 2014


LUA NO CHÃO

Quando a lua vem até você só para dizer boa noite é porque a vida mora dentro de você! Estávamos na chácara e um clarão imenso nos absorveu por inteiro, logo depois que a luz elétrica acabou e que a mudez do som e o vazio das imagens dos computadores nos tiraram de nossos afazeres habituais. A princípio, atônitos com a louca escuridão dos primeiros sinais do apagão, ficamos inertes. Depois nossas mãos se procuraram em busca da segurança que um espera do outro em momentos de “não sei o que fazer agora”. Rimos e nos abraçamos como se tivéssemos nos encontrado somente naquele instante. A noite estava escura e era tempo de verão! Lá fora parecia que tudo estava imóvel como a vida que parara em busca de uma nova melodia. De mãos dadas e muito abraçados fomos para a varanda. A rede ainda estava lá, como leito de amor a espera da sede aplacar. De lá conseguíamos ouvir o sibilar do vento nas águas da piscina, nas folhas dos arbustos, no diálogo com as nuvens, que teimavam em esconder as estrelas. Nossos carinhos trocados se enlaçavam, em sussurros e afagos se tocavam, nossos corpos arrepiados de prazer se procuravam. Nossas vestes se soltaram. E nenhuma estrela brilhou mais do que devia! Quando a febre do desejo saturou nossos sentidos e nossos corpos se acalmaram, percebemos que a lua se encaixava em nossas mãos, num único clarão que as nuvens nos legaram e enfim, deliciados, desejamos ardentemente que o apagão fosse eterno  e nunca mais se iluminasse!

Liz Rabello  (In LUA NO CHÃO, 2015)


SUSSURROS AO OUVIDO

Cantigas de ninar
Madrugadas em carinhos
Dedos em afagos nos cabelos
Massagens circulares
Sussurros sibiliantes
Eu te amo doce voz
Minha e tua a um som só!

Pra nunca mais estarmos sós!

Liz Rabello