HOMENAGEM A SABINO ROMARIZ
ALINE ROMARIZ, POETA ALAGOENSE, PRESIDENTE E FUNDADORA DA ACADEMIA NACIONAL DE LETRAS PORTAL DO POETA BRASILEIRO, ANLPPB, DEIXA UM RECADO:
SABINO ROMARIZ É CONSIDERADO UM POETA MAIOR PENEDENSE (1873-1913). ALÉM DISSO FOI ELEITO PELA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO PAULO O MAIOR POETA REPENTISTA DO BRASIL.
No seu prontuário bibliográfico, consta cerca de 13 livros e outras publicações. Foi por excelência, um provinciano, enraizado no burgo nativo, inclusive, estando em sua terra natal, lançou novos trabalhos literários e colaborou em todos os jornais da época, especialmente no “O Lutador”, do qual foi um dos redatores. Obras do talentoso, mestre e gênio da literata alagoana, SABINO ROMARIZ:
– Simoun (livro/poesia – publicação heroica)
– Bibliário (livro/poesia)
– A Madalena (livro/poesia – trabalho bíblico, com requinte e amplo conhecimento das Sagradas Escrituras – Rio de Janeiro – 1899)
– Solidôneos” (belíssima Coletânea de 30 sonetos – Estado de Minas Gerais, entre 1901/1902)
– Lama Sabacthani (livro/poesia – expressa com veemência a sua condição antimonarquista, sua aversão à Igreja Católica – Tipografia Luso Brasileira – Penedo-AL – 1904)
– Quixabá, pela Coragem (livro/drama)
– Baiuca (livro/drama – recheado de peças burlescas)
– Última Lágrima (livro – romântico testamento)
– Irmã (livro – romance naturalista)
– Branco (poema – romance naturalista)
– Os Simples (poesia – simbolismo Junqueireano)
– Minha Estrela (poema)
– Em Almas (poema)
– O Homem (poema)
– A Guerra Junqueiro (tem objeção a tradição histórica e Judaico-Cristã, centrando-se na imagem do homem, como grandioso ator da dissimulação Humana)
– Redenção De Judas (revela a atuação desse apóstolo como definida pelo programa Cristão de Penitência – um custo que o endereça para a trágica cidade)
– As Duas Rosas (poesia – Penedo/AL – 1907)
– Ignis (poesia – Penedo/AL – 1908)
– De Larva em Ave (poesia – Jornal “A Flor”, Penedo/AL, 20/10/1909)
– Mea Culpa (bibliário em versos – Penedo – 1910)
– Céu (Revista O MALHO, Rio de Janeiro, 27/09/1910) e
– Toque D’Alva (livro/poesia: reflexão mística sobre a luz – Tipografia Anuário Comercial – Lisboa – 1911)
– O Lírio (Antologia do soneto Alagoano – Revista da AAL, nº 12, p. 128)
– As Três Gemas (republicado após sua morte – Jornal do Brasil – Rio de Janeiro/1998)
A poesia de SABINO ROMARIZ ecoa alvitres do
tempo em que ele viveu, com o Romantismo colorindo seus poemas, mas, as primeiras
obras possuíam, visivelmente, a marca dominante do Parnasianismo e, outras
obras fixam-se especialmente no ritmo, característica do Simbolismo. Na caudal
lírica do poeta Penedense, sobressai um límpido veio simbolista. Das suas
obras, abatida pelo furacão do tempo, sobreviveu apenas o soneto “O Lírio”, de
conteúdo deliberadamente simbolista, uma exígua e indestrutível obra-prima.
No século XIX, substitui a influência da
mitologia Grego-Latina pela Cristã – um antigo sonho do escritor Francês
CHATEAUBRIAND – era um procedimento caro, rebelde e anti-clássico, no entanto,
SABINO lhe proporcionou a realização de tal sonho, com suas poesias.
No final do século XIX e início do XX, o poeta Penedense, produz incontáveis poesias de aspiração bíblica. Em alguns de seus frutos, rediscute cânones religiosos como a traição de Judas e a culpabilidade da Madalena, vendo-as como peça da história Cristã, que não dependeria das trágicas personagens específicas. Madalena, Lázaros, Judas e Cristo, ocupam os alongados poemas de SABINO, mas com um vanguardista olhar, menos ortodoxo e mais humanado. Com visão mais Franciscana que de Roma, assim, ele absolve Madalena, desendivida Judas, humaniza a todos, semeando uma visão Cristã, cujo conteúdo é mais do novo testamento que o antigo.
SABINO ROMARIZ foi um dos poetas que, tendo
estado e falecido nas províncias natais, distante das fanfarras e do rumor da
vida literária metropolitana, tiveram, inevitavelmente, seus nomes e versos
exclusos pelo tempo, e no momento, fazem parte de um tesouro poético escondido
ou mesmo camuflado para sempre. Ao lado da esposa ASPÁSIA e dos filhos JOSÉ e
JOÃO, viveu em precárias condições financeiras e, lamentavelmente, faleceu em
09 de maio de 1913, no Sítio Cajé (próximo da Bica da Coruja), em Penedo/AL,
aos 40 anos de idade, cuja causa mortis é controvertida, em tuberculose
pulmonar ou infecção no fígado (por excesso de álcool), deixando expressiva
produção literária. No triste poema escrito antes de morrer, o poeta lembrou de
seus “dois meiros sem ninho”, frase pronunciada por ele para, carinhosamente,
acusar a existência dos dois pequenos filhos.
Quando eu morrer, verás, Delma adorada,
Qual ave que do mundo s intimida ‘
A derradeira lágrima perdida
Rolar-me pela face amargurada...
[............................................]
Assim, quando algum dia, finalmente,
Muito trêmula e pouco refulgente
A luz do meu olhar morrendo for
Alguém há de guardar e és tu quem há-de
A peregrina estrela da saudade
A derradeira lágrima de amor.
(op.cit.,131)
Sabino Romariz
SABINO ROMARIZ é, sem dúvida, um dos mais inspirados e fecundos poetas que foi gerado pelo burgo alagoano. Um trovador que não só merece apologia, mas o reviver, no intuito de deixar-lhe a memória cada vez mais nítida e viva. Foi graças à pena usada pelo poeta que Penedo, cidade considerada há muito como “o berço da cultura alagoana”, viu, no acender de lamparinas, em meados do século XX, a intelectualidade exaltar nossa poesia alagoana. Portanto, falar do vate Penedense, é o resgatar de uma biografia, bem como da reconstrução de um patrimônio histórico e literário de relevância considerável. Em suma, trata-se de um vaticinador que, em seu tempo destacou-se de modos a cultivar méritos e a apologia de nomes renomados da literatura brasileira como OLAVO BILAC, COELHO NETO, JOSÉ DO PATROCÍNIO, GUIMARÃES PASSOS, dentre outros letrados e artistas consagrados.
Minha estrela
Nasci
pobrezinho, qual ave do bosque;
Eu
tenho uma estrela que Deus me guiou,
- Um cetro supremo e sublime da Artista -
E
nem por impérios tal estrela eu dou.
Eu
trago na fronte tão loiro diadema,
Mais
loiro e mais lindo que a luz das manhãs!
O
sol me desperta em meu leito de espinhos,
As
flores dos campos são minhas irmãs.
Debalde
a riqueza me cobre de insultos,
A
inveja tropeça na linha em que vou,
Eu
tenho uma estrela radiante de Artista,
É
um timbre infinito - foi Deus que timbrou.
Sou
órfão de amores, sou pobre de afetos,
- Não tenho carinhos jamais de ninguém -
Eu
tenho uma estrela suprema de Artista
E
tenho uma glória que muitos não têm.
Sabino Romariz*
FONTES DE CONSULTA
https://sipealpenedo.wordpress.com/20-sabino-romariz/?fbclid=IwAR2Nm5MFH2nPjyvYQSxyy1JorgsBYm3GOA1uM-m51bBXwxnyGG7mPvUsX3A
https://alineeamigos.blogspot.com/2007/03/meu-av-sabino-romariz.html?m=1&fbclid=IwAR0DNAzqB3tEglpSNyAWgv67ywCPR5wsO25ttpLQfxNehb-eu3wAnJ55ivU
Pensei que leria rapidamente, mas não. Minha alma queria deter na leitura dessa bela homenagem ao Poeta alagoano Sabino Romariz.
ResponderExcluirAline Romariz tra em seu DNA toda essa riqueza herdada do seu progenitor e a expressa maravilhosamente.
Aplausos pelo trabalho lindo, Liz Rabelo!