SINAIS
Levanto atrasada. Banho rápido, café pretinho, sem mais. Saio correndo! O carro não pega. Vizinho me ajuda. Ladeira abaixo, no tranco, é o que resta. Na esquina, curvinha chata e com muitos pedregulhos, pneu fura. Largo o carro por lá e vou a pé para o trabalho. Dou as três primeiras aulas e no intervalo peço ao Diretor do colégio ajuda para a troca do pneu. Volto para completar a jornada da manhã. Saio de lá para ir buscar dindim no banco. Não consigo. Outro pneu furado. E não tenho estepe pra trocar. Desço ladeira abaixo correndo atrás do redondinho que desliza mais rápido do que meus pés. Subo carregando todo aquele peso ladeira acima, com pneu consertadinho. Troco, com auxílio dos alunos. Já no Banco, tudo certinho, mas ao sair do estacionamento, o carro empaca feito mula persistente. Tanque de combustível vazio. Logo em frente uma loja de comércio de veículos usados. O dono vem em meu auxílio e me “DÁ” um pouco de gasolina. Ele próprio fez aquela chupação toda com mangueira improvisada de um carro a outro. Ligo, engato, saio. Tranco. Barulho. Morte final! Correia dentária do meu velho Volks que arrebenta. O mesmo dono vem de novo me ajudar. Troca a correia, que por sorte está de reserva no meu porta-malas. Ligo de novo e parto aliviada e agradecida por tudo acabar bem. Na garagem guardadinho, ali o deixo e volto para as aulas vespertinas. Sou recebida até com flores pelo vizinho da frente do colégio, que acabara de ganhar na Loteria com os números da chapa do meu carro!
Liz Rabello
ESTA CRÔNICA FOI AGRACIADA COM O PRÊMIO DE MENÇÃO HONROSA NO XL CONCURSO LITERÁRIO FELIPPE D"OLIVEIRA, EDIÇÃO 2017
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