Há muitos anos atrás numa sala de primeiro
ano, tinha um aluno que todo santo dia dava um pontapé muito bem dado em uma
bundinha fofinha da classe. Quando não em pênis. Todos já haviam passado pelo
terror exposto. Várias vezes eu o chamei num canto e conversei com ele. Nada, nada o fazia modificar suas atitudes. Uma manhã me deu a louca. Mostrei a parede e disse "Dê um
pontapé aqui!" - Como não era bobo, não queria obedecer, até que
gritei. Então, bem de leve, encostou o pé na parede. Eu berrei:
“Mais forte! Mais forte!”. Chorou, sentiu a dor e nunca mais deu
pontapé em ninguém. Não só a classe passou a ser mais feliz, como ele também,
que não mais significava o "pavor" aos demais. Por que todos os meus
diálogos não surtiram resultados? Porque existem formas e formas de
aprendizagem. Uma é pelo aprender ouvindo e aceitando, outra é convivendo e
dialogando e inserindo as experiências alheias. Outra é a própria experiência e
o sofrimento que ela produz. Sem dúvida a melhor é esta última , no entanto suas consequências às vezes são irreversíveis. Há de se cuidar para ficarmos atentos e aprendermos de forma mais simples.
Liz Rabello
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