MUTAÇÕES DE PEDRAS
Estava na chácara e meu dente implantado caiu. Por sorte, intacto. Após escová-lo e guardá-lo com cuidado, telefonei ao dentista e marquei consulta às oito e trinta, para a quinta-feira. Levantei na quarta, cedinho, e fiz limpeza na chácara. Peguei estrada e voltei para a capital. Cheguei exausta e fui dormir. Descansei e acordei acesa. Não tinha sono. Coloquei o celular para me despertar às sete. Assim daria tempo para ir ao consultório.
Acordei onze e meia. Apavorada, corri ao banheiro, lavei o rosto. Escovei os dentes e pensei: "Vou assim mesmo, fora de hora, preciso retirar esta pedra do meu caminho". Nem quis banho. Coloquei a primeira roupa que vi à frente, e, ao pentear os cabelos, força do hábito, sorri para o espelho. Pasma, meu dente estava lá... Luzindo de novo!
Demorou para cair a ficha. Tinha acordado atrasada e ido ao dentista. Ao voltar, dormi tão profundamente, que apaguei da memória os últimos instantes.
Para piorar a história, estava procurando algo para pintar bolinhas num quadro. O cotonete era grande demais. Precisava de algo menor. Encontrei na minha bolsa um aparelhinho. O que seria aquilo? Não sabia o que era, muito menos de como viera parar dentro da minha bolsa. Pintei as bolinhas do meu quadro, sem pestanejar. De repente, passe de mágica, numa propaganda de aparelhos dentários, eis que aparece o aparelhinho, que servia para limpar dentes. Eu o ganhara de presente do meu dentista quando lá estive e me esqueci do fato.
Será que estou com começo de mal de Alzheimer?
Liz Rabello
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