UMA CORUJA LAMENTA OS RESQUÍCIOS DE LIBERDADE QUE AS HORAS NEGAM... OS ABUTRES ESPREITAM RESTOS MORTAIS DE NOSSOS IDEAIS.
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quarta-feira, 13 de abril de 2016
quinta-feira, 7 de abril de 2016
EU SEI ONDE É O MEU LUGAR
Quero estar no meio do meu povo
Onde cores brotam do improviso
Da roupa suada que não deu tempo de secar
Do grito uníssono autoral de quem sabe o que quer
Do empoderamento do devir
Quem sabe faz
Não espera passivamente o ódio corroer!
Quem sabe luta não agride violentamente ao perder!
Quem sabe conscientiza
a quem se equilibra sem saber
Quem sabe quer o golpe bem longe
Dos jardins do amanhecer!
Liz Rabello
terça-feira, 29 de março de 2016
SIMPLES ASSIM
Esconde lista de propinas dos amiguinhos, grampeia Lula e a Presidente. Vaza informações à Imprensa com rapidez de leão faminto e fica tudo por isto mesmo. Um pedidinho de desculpas básico e é só? Simples assim.... Se você, Moro, fosse meu aluno de primeira série, eu te contaria a história do homem que foi ao confissionário pedir perdão por ter caluniado alguém. O padre lhe deu a seguinte tarefa: "Confeccione um travesseiro de penas e volte aqui." - O mais rápido possível o caluniador trouxe o travesseiro pronto. "Eis aqui, Padre. Estou livre do pecado?" - "Não, ainda, meu filho. Agora, vá à montanha mais alta e solte as penas." - Intrigado, mas confiante, lá foi o pecador cumprir a pena. Voltou de mãos vazias e penitente perguntou: "Estou livre da culpa, padre?" - "Não, meu filho, vá ao pé da montanha e recolha todas as penas que você fez o vento levar." - Aprende a lição santinho do pau oco e remova todas as feridas que você construiu e o ódio que vociferou entre os brasileiros marionetes deste nosso país.
Liz Rabello
sábado, 19 de março de 2016
EMPODERAMENTO DA CIDADANIA
Olhei e enxerguei de cara além dos olhos. Lá estava ela, mulher simples, uma filha mais velha de pouco mais de dez anos e um bebê de no máximo três meses. O que fazia ali no meio da muvuca que se iniciava para receber Lula numa manifestação na Avenida Paulista? Quando derrubei sem querer minha bolsa e me abaixei para pegá-la, a neném agarrou a tira com força e não quis mais largar. Começamos a conversar e eu indaguei pensativa: “Você não tem medo de estar aqui na Paulista?” Claro que projetei o meu próprio receio na pergunta feita na hora certa e no momento exato. A aula de História rolou. Com palavras vivenciadas falou de seu empoderamento de Cidadania, que se iniciou anos atrás na era Lula/Dilma. A valorização do negro, a emancipação da mulher. “Hoje assumi a minha identidade afro, sou cidadã deste país, vim das entranhas de Sergipe, tenho trabalho para alimentar os meus filhos, adquiri o meu próprio canto, uma casinha minha pra morar e posso sonhar em viajar para minha cidade de avião. Meu pai quase morreu na Ditadura Militar porque não obedeceu ao toque de recolher. “ Este povo que quer o Golpe, não sabe o que é fome... Não sabe o que é Miséria! “
Liz Rabello
quinta-feira, 3 de março de 2016
DORMIR!
Senhor Cirilo está de volta.
Mais uma semana comigo. Minha casa virou
canil de cachorros folgados. Ontem ele
estava encapetado. Acho que pisou na macumba...
Nem o tal do maracugina fez sucesso.
Para acabar com os uivos chamando seu dono “Rodiguuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!”
coloquei
música, liguei a TV, para distraí-lo.
Por algum tempo, ficou bem. Chegou até a vir lamber meus pés... Mas quando
lembrou do dono, começou a uivar bem baixinho e foi levantando o tom da voz,
mais alto, mais alto, até me deixar fora de mim . Apelei para o chinelo. Dei uma surra na cadeira e aos berros
disse que o próximo seria ele. A Vareta veio em defesa da cadeira,
mas levou a parte dela: "Cala-te senão você apanha junto!” Bem ou
mal entenderam a situação e me deixaram dormir....
Dormir! Delícia! Dormir!
Liz Rabello
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
METAMORFOSES
Mudanças repentinas
Renovações aqui, acolá
Reviravoltas na vida
Basta uma limpeza no sótão
No quartinho de despejo
Álbuns em fotos puídas
Recordações brotam do nada
Metamorfoses perdidas no tempo
Jamais ter medo de arriscar
Agir em prol do que sonhamos.
Às vezes é necessário
Mudar a estratégia da vitória
Adiar desejos secretos
Mas jamais eliminá-los de vez
A esperança é um pó mágico
Numa gaveta discreta da alma
A escolha é nossa
Cadeados em gavetas ou
Janelas escancaradas nos casulos
Coloridos de fiapos de esperanças
Prefiro ser equilibrista em
Metamorfoses constantes
Driblando estrelas brilhantes
No infinito da vida
Liz Rabello
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
PARA ROSIANE CEOLIN
O OLHAR
Teu olhar
Me seduz
Reflexo no espelho
É o meu ou é o teu?
Lacan me ensina
Que nunca somos um ou nenhum
Porque ninguém é o que o espelho mostra
E nem é o que pinta a mão alheia
E não é o que vê no quadro
E nem é o que pensa que vê
Mas há uma essência
A verdadeira face do olhar divino
Onde reside a bondade de quem pinta
De quem vê
De quem se mostra
De quem se sente
Filho de Deus... Como
realmente é!
Liz Rabello
domingo, 10 de janeiro de 2016
NINHADA ASSANHADA
Minha chácara fica num
condomínio. Modernidade e passado
convivem de mãos dadas. Algumas são de
último padrão, com muito conforto e tecnologia, mas há também aquelas bem
modestas. Tenho a sorte de ser coluna do meio e conviver com a proximidade de
uma mais simples, que tem inclusive um galinheiro de “meninas” caipiras, que
são bem autônomas. Diariamente é
possível vê-las saindo para um passeio e
voltando sozinhas, sem que ninguém as acompanhe. O galo toma conta delas. Hoje observei um grupo familiar. A ninhada
para dentro de minha propriedade. Os pais, tias e primos do lado de fora, muito
agitados chamando os pequeninos do seu modo e com suas próprias regras. Mesmo que eu me aproximasse e significasse
“Perigo”, ficaram parados à espera dos menores.
Saí de mansinho para não atrapalhar a festa matinal.
Liz Rabello
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
LEI DO RETORNO
"Muitas vezes não vemos os sinais desta lei,
até porquê ela vem da alma, está ligada ao espírito. Gente ruim não tem paz
interior, vive atrás do pior que está por vir e que vai criar. No entanto, as
pessoas boas, de coração em paz, podem comer o pão que o diabo amassou e dele
sentirão a glória da fome passar e gratos vão ser, porque a dor já não faz
efeito." Acho que li este trecho de algum post no facebook e penso que é isto mesmo. Já conversou com uma pessoa simples da periferia? Eu dei aula por três
anos no começo de minha carreira num lugar onde a escola saía do mapa. Fim de
linha. Sabe o que ganhava de presente no dia dos professores? Mudinhas de
couve, morangos, salsinha. Fiz uma horta em minha casa e quando estava
verdinha, sem querer, sem planejar, trouxe a menina que me dera a mudinha dos
morangos para pela primeira vez andar de trem e vir até a minha casa passar um
final de semana. Se você visse os olhinhos dela quando olhou para os frutinhos
vermelhos perfumados na hortinha! Nada me deu mais fé no futuro do que aquela
cena. É nisto que acredito!
Liz Rabello
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
UMA ÁRVORE EM TRÊS TEMPOS
Uma amiga minha (Leide Borges) chegou hoje de São Paulo, e eis o que vê: Uma árvore imensa, que conhecia desde 1967, no Setor Universitário, onde morou, cuja copa frondosa atravessava a avenida, foi cortada de vez. Seu crime: deixar cair um galho no Laboratório da Faculdade. É o que consta.
Cada galho que se corta,
cada folha que se perde,
cada fruto que não se come,
cada flor que o beija-flor deixou de amar,
cada sombra que se desfaz,
é um pouco da ausência
que se consome de vez no lugar da vida.
Ah os homens tortos,
que não percebem o que estão fazendo...
Dói demais, dói demais.
Liz Rabello
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
ENGRENAGENS
Mãos vazias
Carregam marcas
Digitais internas
Indeléveis
DNA de uma antiga
Engrenagem
Mãos vazias
Carregam marcas
Rugas externas
Palpáveis
Construção de um presente
Engrenagem
Mãos vazias
Nada carregam
Soltam em linhas
Pregam em versos
Escrevem tortuosas
Engrenagens
Mãos vazias
Coração imenso
Perdão a quem
Não te perdoa
Pelo mal que nunca fez
Engrenagens
Mãos vazias
Bolsos sem dólares
Trabalho suado sem tronos reais
Tudo doado
Ao longo da vida
Engrenagens de Saber!
Liz Rabello (VII Congresso do Portal do Poeta Brasileiro, 2015, Editora Iluminatta)
ELOS E
PARALELOS
Gritava
Enfrentava
Venham
Podem me
açoitar
Réguas
voavam
Meninos de
treze a quinze anos
Tomavam
dores de duas meninas
Sem rosto,
sem história
Mordidas
que não doíam
O que
sangrava
Era a
mentira!
Um rosto
apenas no meio das duas
Sem
sorriso, sem maldade
Omisso!
Reunião na
sala dos professores
Só um
semblante conhecido: um diretor
Que com
pais me agrediam
Mostrei as
marcas de dentes
O
espancamento por alunos ausentes
Réguas de
tortura
Difícil
minha profissão
Com tanto
amor no coração
Injustiças
em fartura
Que atire
a primeira régua novamente
Quem aqui
me conhece verdadeiramente
Todos
saíram e nenhuma régua voou!
Outros
rostos no meio da turba
Sem
sorrisos, sem maldades
Omissos!
Voltei pra
rotina deprimida
Açoitavam-me
os flagelos
Da
carreira quase finda
Quantas
vezes sofri injustiças?
Tropa de
choque, cães
Cavalaria,
bombas
Explodindo
ao som de hinos
Quantas
vezes alguém me acusou?
Eu que
tanto já ofereci a vida
Em prol do
ensinar
Do amar,
do aprender!
Eis que me
vem à memória
Outros rostos no meio da turba
Sem
sorrisos, sem maldades
Omissos!
Sem nomes,
sem identidades
Médicos,
engenheiros,
Dentistas,
enfermeiros
Fisioterapeutas,
professores
Artistas,
administradores
Jornalistas,
publicitários
Estadistas,
funcionários
Pais e
mães de novos alunos meus
Que atire
a primeira rosa
Quem na
vida cresceu com ensinamentos meus
Pétalas
perfumadas jorraram
Do túnel
do tempo dos pensamentos meus!
Liz Rabello
PERIFERIA
SANGRENTA
Levantou-se como
num dia qualquer
Sem saber que
deveria viver
Agradecer um bom
momento melhor
Para um novo respirar
acontecer
Beijou a criança
que deixou a dormir
Café pronto,
quentinho
Forma de agradar
com sabor
o marido que também acordou.
Saiu após banho
sentir
Que um novo dia
realmente começou.
O sol tardou a
raiar no horizonte
Pingos de aurora
secar
No escuro a
câmara a pegou
Na esquina
deserta a solidão inundou.
Um vulto a vinha
seguindo
Era a vizinha
sem amor
Que dela morria
de ciúmes
Pois seu amado
olhos libidinosos a cobriam com ardor
Desejos que nem
sequer nunca suspeitou
E a câmara a
flagrou
Gestos de ódio
consagrou.
Outro vulto a
vinha seguindo
Era um jovem,
cujos olhos não fechou
Madrugada toda
pelas ruas andou
Atrás de crack,
dinheiro
Ou outro sonho
desesperador.
E ela seguia
feliz
Triste trabalho
cumprir
Nem reparou que
a câmara o flagrou
Olhos de ódio
consagrou.
Eis um terceiro
vulto que vem
Este se apressa
e aos outros deixa além
Late grunhidos
de fome
Mas beija as
mãos da garota que segue
Pois sem saber
A câmara a
persegue
E o cãozinho
registra também
Olhos de amor o
consagrou.
Eis um quarto
vulto que a segue
É a polícia que
a todos persegue,
Seja mulher,
homem, cachorro
Trabalhador,
vadio ou sem vintém
E a câmara
registra este vai e vem
Não se sabe para
o que vem.
Um estampido
Um latido
Uma garota caída
Corpo de trapo
na beira do asfalto
Mais uma que no
trabalho não chega
Mais uma morte
que a câmara não desvenda
É a não vida que
se nega quase sempre na periferia sangrenta!
Liz Rabello
MASTIGANDO DOR
Lama tóxica
Lama barrenta
Caudalosa lama
Que invade casas, quintais, pastos
Identidades, passado,
Trabalho, cultura
perdida
Matas, córregos, rios, mar adentro
Pescadores sem ganha pão
Índios dançam tristeza sem fim
Ondas gigantes em tubos de esgoto
Surfistas choram na areia maldita
Peixes agonizam a sua passagem
Tartarugas perdem habitat
Desovas prematuras não as deixam vingar
Transformando belezas exóticas
Em morte visceral
Enlameando vidas
Matando tudo o que é vida
Deixando sede em tudo que é lugar!
Liz Rabello
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