ELOS E
PARALELOS
Gritava
Enfrentava
Venham
Podem me
açoitar
Réguas
voavam
Meninos de
treze a quinze anos
Tomavam
dores de duas meninas
Sem rosto,
sem história
Mordidas
que não doíam
O que
sangrava
Era a
mentira!
Um rosto
apenas no meio das duas
Sem
sorriso, sem maldade
Omisso!
Reunião na
sala dos professores
Só um
semblante conhecido: um diretor
Que com
pais me agrediam
Mostrei as
marcas de dentes
O
espancamento por alunos ausentes
Réguas de
tortura
Difícil
minha profissão
Com tanto
amor no coração
Injustiças
em fartura
Que atire
a primeira régua novamente
Quem aqui
me conhece verdadeiramente
Todos
saíram e nenhuma régua voou!
Outros
rostos no meio da turba
Sem
sorrisos, sem maldades
Omissos!
Voltei pra
rotina deprimida
Açoitavam-me
os flagelos
Da
carreira quase finda
Quantas
vezes sofri injustiças?
Tropa de
choque, cães
Cavalaria,
bombas
Explodindo
ao som de hinos
Quantas
vezes alguém me acusou?
Eu que
tanto já ofereci a vida
Em prol do
ensinar
Do amar,
do aprender!
Eis que me
vem à memória
Outros rostos no meio da turba
Sem
sorrisos, sem maldades
Omissos!
Sem nomes,
sem identidades
Médicos,
engenheiros,
Dentistas,
enfermeiros
Fisioterapeutas,
professores
Artistas,
administradores
Jornalistas,
publicitários
Estadistas,
funcionários
Pais e
mães de novos alunos meus
Que atire
a primeira rosa
Quem na
vida cresceu com ensinamentos meus
Pétalas
perfumadas jorraram
Do túnel
do tempo dos pensamentos meus!
Liz Rabello
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