domingo, 29 de junho de 2014



DA JANELA DO MEU QUARTO


Vejo o sol escondido

claridade  de esperança

Flores coloridas

Manacás da serra 

em botão floridos

Grades me separam

Grades me acolhem

Liberdade suspensa

Na manhã cinzenta de vida!



Liz Rabello


sábado, 28 de junho de 2014



TESOURO ESCONDIDO


Um lugar solitário
No meio do Nada
Cor, poesia,
Flores, perfumes
Já estão a morar!

Tesouro escondido
Acesso impossível!
Sete chaves a guardar!
Numa curva fechada
Indicação a trilhar!

Só você ouvirá
A música a tocar!
A ti chamar
A ti implorar
Para dentro do
meu viver vir morar!


Liz Rabello


AR MAR AMAR 

Eis-me a tirar 
da poeira das 
Palavras 
O sabor da vida
O desejo de sentir
O valor de experimentar 
A alegria de recomeçar 
O dom de usufruir
Do silêncio de minhas verdades
Os sonhos que vou conquistar 

Som 
Vibração 
Canção 
Ar mar amar! 

Liz Rabello


DÁ LICENÇA MEDO: MINHA FELICIDADE QUER PASSAR (Caio de Abreu)


LUTA

"Sempre que participo de alguma Dinâmica, na roda de apresentação, escolho a mesma palavra: LUTA!"


É ela que me decifra melhor

Meus sucessos são mais rápidos do que um cometa

Meus fracassos, muito estéreis!
Não chegam a tomar posse de mim
Eu vou à luta!
E com ela namoro,
brinco,
suo, 
sofro,
grito!
Pulo!
Mas a encontro do outro lado do muro!

O que fazer?

Parece que meu mundo não tem fim...

Ainda bem! 

Sinal de que enquanto a luta está em chamas,
A vida rola...
Estou aqui!

(In ARMADILHAS DO DESTINO, 'INTERVALOS", Beco dos Poetas, 2014)

A PAZ

A paz só se conquista no amor
Semeie palavras de afeto,
regue lágrimas de emoção,
plante virtudes do esquecimento do que te faz mal,
cuide de retirar do caminho da vida
ervas daninhas
e colherás a PAZ!

Liz Rabello


“É difícil dizer sobre nossa beleza. Ela é uma descoberta do nosso próximo. Aqui está, por exemplo, uma flor. Não fez nada para que eu a achasse bela. Fui eu que senti a combinação do seu silêncio com o esmaecimento do seu anil azul. Fui eu que descobri elegância na inclinação do seu caule para baixo! Como é linda, meu Deus!”

 (Desconheço o autor)

sexta-feira, 27 de junho de 2014




APRESSADINHO 

Se tu me amas tens que me fazer carinhos 
Morangos chocolates a mel e baunilha 
beijos melados em todo meu corpinho 
Nada de fingir que é devagarinho 
quando na realidade tu queres é 
tudo de repente ligeirinho apressadinho! 

Liz Rabello


DEVOLVER À NATUREZA SUAS VITÓRIAS 

Olhar o rio 
Água correndo leve 
Solta, imponente! 
Translúcida manhã 
Primaveril 
Olhar Vitórias régias 
Rainhas da beleza 
Rosa escarlate 
Roubar suas riquezas 
Pra tua mesa ornamentar! 
Olhar o céu 
Anil azul 
Nuvens bailando 
Roubar o vento 
Pra teus cabelos acariciar! 
Olhar a planície 
Esperanças vivas 
Luzes e cores 
Roubar o verde 
Pra teus olhos enfeitar! 
Apenas Olhar 
Desejar e agir: Devolver 
Ternuras e beijos 
À mãe natureza 
Suas vitórias e riquezas! 

Liz Rabello 

quinta-feira, 26 de junho de 2014



CANTINHO DE CONTEMPLAÇÃO 

Hoje quero a luz do sol 
o marulhar da água 
um barco a navegar a esmo 
uma manhã de alegria 
folhas a cair dos galhos 
E eu... bem quietinha 
a olhar o azul do mar, 
o vento a roçar 
pulmões a respirar 
a alegria de viver 
e sentir e amar a vida 
como ela é 
de uma rede
de contemplação! 



Liz Rabello


COSTURAR PALAVRAS 

Descobri que tudo 
Pode ser muito lindo 
E imensamente triste
Palavras soltas 
Perdidas nas lembranças 
Apagadas da memória
Podem ser reinventadas
Costuradas com linhas 
e agulhas da imaginação

Liz Rabello



 AMOR EM PINGOS

A vida em lágrimas, amor em pingos
Deserto em labaredas de amor fingidos
Gotículas salgadas de sorrisos findos
Desejos latejando e em vão se esvaindo!

Solidão em transe de saudade existe
Correria em meio a São Paulo insiste
Multidão enlouquecida no trem persiste
E eu sozinha, mais um dia que acaba triste!

Liz Rabello




PARTIR É PRECISO
FICAR É O QUE HÁ

 Você parte amor
 Tens tua vida pra cuidar
 Desbravar horizontes
Voar outros montes
       
 Nós de avessos
Olho em teus olhos
Sei que é impossível
Marejam nós dois

Encontros difíceis
Mas é preciso cuidar
Pra liberdade alcançar
Eu fico... É o que há!

Liz Rabello

                


 RUMO AO MAR DE MACEIÓ 

Maceió, veleiros e canoas 
Voo a esmo em tua imensidão 
Desço a jato mesmo sendo 
A última a sair do avião! 

Maragogi águas cristalinas 
Em alto mar já me perdi 
Peixinhos coloridos ouriços 
A brincar em pequeninas mãos! 

Curvas de Pontal Verde 
Mar e poesia te rodeia 
Em tua orla de palmeiras 
Alegria inusitada ver-te em mim! 

Falésias coloridas pele 
pintada de cores mil 
Apreciar a cultura popular 
Beleza e encanto sem par! 

Quero na boca tua brisa 
Gritar e saudar tua beleza 
De mar a devorar areias 
Afagar ar e me perder de amar! 

Liz Rabello






NAS CONSTANTES ONDAS DA VIDA

Fiquei setenta e seis horas sem água e sem comida, para deter a infecção generalizada que dentro de mim ocorria, antes de fazer a cirurgia e retirar o cálculo devastador. Minha imunidade baixou e o vírus oportunista do herpes se aproveitou para mostrar suas garrinhas. Sofri como nunca! Dor da alma e do corpo. Este sarou. A saúde voltou. Ferida de amor não cicatriza jamais, não morre nunca, amortece apenas os sentidos, mas volta a doer quando o tempo muda, quando as tempestades desabam, quando a última dor, impossível de se evitar, a faz recordar. Como fênix que renasce das cinzas, continuo meu voo único, inevitável, sem olhar para trás, em busca da essência da vida!" 

(In ARMADILHAS DO DESTINO, INTERVALOS, Liz Rabello, Beco dos Poetas, 2013 - SP)


LUA DE FLORES

Uma lua de estrelas 
veio brilhar na janela 
Ao olhar para o céu 
Encontrei dentro dela 
Lindas flores
Odores 
E belezas eternas!
A saudade se foi
lágrima secou
Só lembranças 
De tua presença
na noite se faz! 

Liz Rabello 

quarta-feira, 25 de junho de 2014



Feche olhos pras queimadas
A gosto de quem não vê
Os agostos sem chover!

GIRASSÓIS

Uma lembrança desencadeia outra! Agosto nunca foi o mês predileto da vida dela. Sempre dizia: Muitas mortes em família. O meu avô paterno e as minhas bisas foram morar em outra esfera nesse mês! O verde, que tanto amava, ficava seco, marrom escuro! A fumaça cortava o céu e voava levada pelo vento a poluir a cidade. Não eram só as perdas que se tornavam tristes. O ar, o ambiente, a atmosfera também! Agora, era eu, quem mais sentia. A gosto de Deus... Ele a levou neste mesmo mês. Poderia ter sido em Setembro, mês das flores, ou em Abril, pés de Manacá floridos! Ou em Janeiro! Os girassóis estariam se voltando para o Sol em busca de luz. Ah... Os girassóis! Ou foi a luz do sol, ou a letra G da palavra e eu a descobri, ao mesmo tempo em que na capa de um dos álbuns, lia triunfante:


Sinta a leveza do Amor
Olhe sempre os Girassóis
Cinemas de entardecer!

(In CÓDIGO AGV,  INTERVALOS,  Liz Rabello, Beco dos Poetas, 2013)

RECORTES DA MINHA INFÂNCIA
Tenho janelas abertas do passado
Travas serenas prontas a me agasalhar
Saudades lindas e vibrantes!
Momentos vividos na infância
Sonhos a me iludir no presente!

DAS JANELAS DO PASSADO

A maioria das casas de nossa rua não possuíam ainda luz elétrica. Nós, sim! Mas o abastecimento era tão precário, que vivíamos apagões constantes! Éramos, então, obrigados a nos iluminar à luz de vela. Momentos lindos! Meu pai brincava de magia. Cortava o fogo com seus dedos ágeis e jamais os queimava! Depois pegava a vela e a levava ao caminho desconhecido do mundo dos contos de fadas: João e Maria... Perdidos na noite de lua escondida! O caminho iluminado pelo sol (vela acesa!) era marcado na mesa da cozinha por casquinhas de pão! Eu fingia ser o passarinho que as pegava para levar ao ninho e dar aos filhotes o abençoado jantar! Os dois irmãos jamais conseguiram voltar, por conta de que eu passarinho os comia... Chegávamos a desligar a luz elétrica só para brincar de magia à luz de vela! Era tudo tão lindo e eu fico de novo feliz, só de lembrar! Quando a luz voltava não havia na mesa nenhum vestígio das casquinhas de pão abençoadas! Até hoje, amo este lance do pão francês. Sei que é vestígio de minha infância povoada de palavras, de sons, de sonhos, que meu pai carinhosamente me iludia.

(In INTERVALOS, Liz Rabello, Beco dos Poetas, 2013 - SP)

UM TOQUE DE ALEGRIA!


terça-feira, 24 de junho de 2014


ARREBENTAMU SÔ!




QUANDO PENSO EM TI...

Meu corpo lateja
De vontade de você
Meus olhos te procuram
Enquanto minhas mãos
Tateiam meu corpo
Em busca do ponto certo

Quando penso em ti
Raios trovões relâmpagos
Enxurradas de fome
Tomam conta do meu ser
Tortura infinita de desejos
Sem razão ou fim pra se perder

Quando penso em ti
Chibatadas desesperadas
Fazem o coração disparar
Sei que te amo
Como uma louca insana
A devorar a vida
Perdida na tempestade
Que jorra do meu ser


(In MIL PEDAÇOS, Liz Rabello, Beco dos Poetas, 2012 - SP)