HOMENAGEM AO AUTOR DO MÊS DE SETEMBRO DE
2018 - ANLPPB MANOEL DE BARROS
UM ARTISTA DA PALAVRA COMO POUCOS! MANOEL DE BARROS
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em
Cuiabá (MT), em 1916. Ainda novo, foi morar em Corumbá (MS) e mais tarde iria
para o Rio de Janeiro, para fazer a faculdade de Direito. Viajou pela Bolívia e
Peru, morou em Nova York, captou em cada um dos lugares por onde passava um
pouco da essência da liberdade, que aplicaria em suas poesias. Apesar de ter
publicado o primeiro livro em 1937, o “Poemas Concebidos Sem Pecado”, o
primeiro livro que escreveu acabou nas mãos de um policial. O jovem Manoel fez
a pichação “Viva o comunismo”, em um monumento, e a polícia foi em busca do
autor da ousadia. Para defendê-lo, a dona da pensão em que vivia disse ao
policial que o “criminoso” em questão era autor de um livro. O policial pediu
para ver e levou o livro. Chamava-se “Nossa Senhora de Minha Escuridão" e
Manoel nunca o teve de volta.
Formou-se em Direito, em 1941, na cidade do
Rio de Janeiro. E já no ano seguinte publicou “Face Imóvel” e em 1946,
“Poesias”.
Na década de 1960 foi para Campo Grande
(MS) e lá passou a viver como fazendeiro. Manoel consagrou-se como poeta nas
décadas de 1980 e 1990, quando Millôr Fernandes publicava suas poesias nos
maiores jornais do país.
Outros livros do autor são: ”Compêndio para
Uso dos Pássaros”, de 1961, “Gramática Expositiva do Chão”, de 1969, “Matéria
de Poesia”, de 1974, “O Guardador de Águas”, de 1989, “Retrato do Artista
Quando Coisa”, de 1998, “O Fazedor de Amanhecer”, de 2001, entre outros.
SUA POESIA TENTA CAPTAR O ÓBVIO
OUTRAS TANTAS, EM PROSA POÉTICA, CAPTA O
INATINGÍVEL
DIFÍCIL FOTOGRAFAR O SILÊNCIO
(...)
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um
sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do
que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um
mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre
uma casa.
Fotografei o sobre.
Por fim, eu enxerguei a Nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na
aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.
Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.
Ninguém outro poeta no mundo faria roupa
mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.
TRATADO
GERAL DAS GRANDEZAS DO ÍNFIMO
A poesia está guardada nas palavras — é
tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre
ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de
imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
Alguns dos prêmios que o autor recebeu:
“Prêmio Orlando Dantas”, em 1960, ”Prêmio da Fundação Cultural do Distrito
Federal”, em 1969. “Prêmio Nestlé”, em 1997 e o “Prêmio Cecília Meireles”
(literatura/poesia), em 1998.
Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas
entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha,
onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre
bichos do chão,
aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por
gosto de estar
entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de poesia: ao
publicá-los me sinto
meio desonrado e fujo para o Pantanal onde
sou
abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei —
pelo que
fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma
fazenda de gado.
Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer da moral
porque só faço
coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.
Manoel de Barros foi fazer poesia com os anjos no dia 13 de novembro de
2014.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta
Você vai carregar água na peneira a vida
toda
Você vai encher os vazios
Com as suas peraltagens
E algumas pessoas vão te amar por seus
despropósitos
Manoel de Barros
Lendo este poema eu me lembro do meu tio
Adonio, que me ensinou a amar Olavo Bilac, telas de Van Gogh, que me declamava
no ouvido, bem baixinho: "Amai as estrelas, olhai para
entendê-las"... Ele era um simples sapateiro. No meio dos sapatos velhos,
cujas solas consertava, tinha muitos livros: Os Sertões de Euclides da Cunha,
Guerra e Paz, de Liev Tolstói, compêndios completos d' Os
Miseráveis, de Victor Hugo, coleções completas de Machado de Assis, O Primo
Basílio de Eça de Queirós, Angústia de Graciliano Ramos, todos os livros do
mestre Jorge Amado... Conversar com ele, era glória! Ninguém mais culto do que
aquele homem.
Liz Rabello
FONTES DE PESQUISA
http://pensador.uol.com.br/autor/manoel_de_barros/biografia/
O EITA FEZ ANIVERSÁRIO E QUEM GANHOU FUI
EU...
Momento feliz. Ganhei um livro maravilhoso:
Fui sorteada pela frase do Mario Quintana
e
ganhei Manuel de Barros: Gramática Expositiva do Chão.
"O homem de lata é um passarinho de viseira não gorjeia..."
SUGESTÃO DE PROJETO EDUCACIONAL NUMA ESCOLA
DE ENSINO FUNDAMENTAL LEITURA
DE POEMAS DE MANUEL DE BARROS
CONSTRUÇÃO DE PLACAS COM POEMAS CURTOS.
COLOCÁ-LAS NUM JARDIM, APÓS SEMEAR E
PLANTAR.
ORGANIZAR UM SARAU POÉTICO.
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