quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

HOMENAGEM AO AUTOR DO MÊS DE SETEMBRO DE 2018 - ANLPPB  MANOEL DE BARROS

UM ARTISTA DA PALAVRA COMO POUCOS! MANOEL  DE  BARROS

Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT), em 1916. Ainda novo, foi morar em Corumbá (MS) e mais tarde iria para o Rio de Janeiro, para fazer a faculdade de Direito. Viajou pela Bolívia e Peru, morou em Nova York, captou em cada um dos lugares por onde passava um pouco da essência da liberdade, que aplicaria em suas poesias. Apesar de ter publicado o primeiro livro em 1937, o “Poemas Concebidos Sem Pecado”, o primeiro livro que escreveu acabou nas mãos de um policial. O jovem Manoel fez a pichação “Viva o comunismo”, em um monumento, e a polícia foi em busca do autor da ousadia. Para defendê-lo, a dona da pensão em que vivia disse ao policial que o “criminoso” em questão era autor de um livro. O policial pediu para ver e levou o livro. Chamava-se “Nossa Senhora de Minha Escuridão" e Manoel nunca o teve de volta.

Formou-se em Direito, em 1941, na cidade do Rio de Janeiro. E já no ano seguinte publicou “Face Imóvel” e em 1946, “Poesias”.

Na década de 1960 foi para Campo Grande (MS) e lá passou a viver como fazendeiro. Manoel consagrou-se como poeta nas décadas de 1980 e 1990, quando Millôr Fernandes publicava suas poesias nos maiores jornais do país.

Outros livros do autor são: ”Compêndio para Uso dos Pássaros”, de 1961, “Gramática Expositiva do Chão”, de 1969, “Matéria de Poesia”, de 1974, “O Guardador de Águas”, de 1989, “Retrato do Artista Quando Coisa”, de 1998, “O Fazedor de Amanhecer”, de 2001, entre outros.

SUA POESIA TENTA CAPTAR O ÓBVIO

OUTRAS TANTAS, EM PROSA POÉTICA, CAPTA O INATINGÍVEL

DIFÍCIL FOTOGRAFAR O SILÊNCIO

(...)

Tive outras visões naquela madrugada.

Preparei minha máquina de novo.

Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.

Fotografei o perfume.

Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.

Fotografei a existência dela.

Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.

Fotografei o perdão.

Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.

Fotografei o sobre.

Por fim, eu enxerguei a Nuvem de calça.

Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.

Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.

Ninguém outro poeta no mundo faria roupa mais justa para cobrir sua noiva.

A foto saiu legal.


 TRATADO GERAL DAS GRANDEZAS DO ÍNFIMO

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.

Meu fado é o de não saber quase tudo.

Sobre o nada eu tenho profundidades.

Não tenho conexões com a realidade.

Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.

Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).

Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.

Fiquei emocionado.

Sou fraco para elogios.

Alguns dos prêmios que o autor recebeu: “Prêmio Orlando Dantas”, em 1960, ”Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal”, em 1969. “Prêmio Nestlé”, em 1997 e o “Prêmio Cecília Meireles” (literatura/poesia), em 1998.

Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.

Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.

Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão,

aves, pessoas humildes, árvores e rios.

Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar

entre pedras e lagartos.

Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto

meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou

abençoado a garças.

Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que

fui salvo.

Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.

Os bois me recriam.

Agora eu sou tão ocaso!

Estou na categoria de sofrer da moral porque só faço

coisas inúteis.

No meu morrer tem uma dor de árvore.

 

  Manoel de Barros foi fazer poesia com os anjos no dia 13 de novembro de 2014.

A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta

Você vai carregar água na peneira a vida toda

Você vai encher os vazios

Com as suas peraltagens

E algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos

Manoel de Barros

Lendo este poema eu me lembro do meu tio Adonio, que me ensinou a amar Olavo Bilac, telas de Van Gogh, que me declamava no ouvido, bem baixinho: "Amai as estrelas, olhai para entendê-las"... Ele era um simples sapateiro. No meio dos sapatos velhos, cujas solas consertava, tinha muitos livros: Os Sertões de Euclides da Cunha, Guerra e Paz, de Liev Tolstói, compêndios completos d' Os Miseráveis, de Victor Hugo, coleções completas de Machado de Assis, O Primo Basílio de Eça de Queirós, Angústia de Graciliano Ramos, todos os livros do mestre Jorge Amado... Conversar com ele, era glória! Ninguém mais culto do que aquele homem.

Liz Rabello

FONTES DE PESQUISA

http://pensador.uol.com.br/autor/manoel_de_barros/biografia/

http://manoeldebarros.blogspot.com.br/


O EITA FEZ ANIVERSÁRIO E QUEM GANHOU FUI EU...

Momento feliz. Ganhei um livro maravilhoso:

Fui sorteada pela frase do Mario Quintana

 e ganhei Manuel de Barros: Gramática Expositiva do Chão.

"O homem de lata é um passarinho de viseira não gorjeia..."


SUGESTÃO DE PROJETO EDUCACIONAL NUMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL LEITURA DE POEMAS DE MANUEL DE BARROS



CONSTRUÇÃO DE PLACAS COM POEMAS CURTOS.

COLOCÁ-LAS NUM JARDIM, APÓS SEMEAR E PLANTAR.

ORGANIZAR UM SARAU POÉTICO.




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