terça-feira, 19 de fevereiro de 2019


MARIANA MARLAMA
PARAOPEBA PAR (ODIADA)

Fúria de rejeitos da Vale
Desce rio abaixo do córrego do Feijão
Terra arrasada
Cenário de guerra
Passarinhos teimam cantar
Mas os peixes agonizam
Insetos desapareceram das bordas
Poucas espécies de aves
Escondidas na mata
Testemunha do desastre
Cantarolam alienadas
Como se a vida não tivesse sido alterada
Bacia do Rio Paraopeba
Segue implacável para doar
Rejeitos mortais
Ao Pai da vida Chicão

Mídia segue em silêncio
Nada se lê
Nada se fala
Choro ora pro nobis
Das lavadeiras mudas

No doce Rio Doce
Tudo morto em silêncio profundo
Mariana Marlama
Samarco Vale da morte
Tragédia anunciada
Fotografada
Esquecida!

Bichos vivos e abutres "capetalistas"
Migram para outras regiões
Minhas minas gerais
Hoje são minas mortais!

Liz Rabello



Lama tóxica
Lama barrenta
Caudalosa lama
Que invade casas, quintais, pastos
Identidades, passado,
Trabalho, cultura perdida
Matas, córregos, rios, mar adentro
Pescadores sem ganha pão
Ondas gigantes em tubos de esgoto
Surfistas choram na areia maldita
Peixes agonizam a sua passagem
Tartarugas perdem habitat
Desovas prematuras não as deixam vingar
Transformando belezas exóticas
Em morte visceral
Enlameando vidas
Matando tudo o que é vida
Deixando sede em tudo que é lugar!

Liz Rabello


Chuvinha fresca
Bate no telhado
Escorre pelas calhas
A marulhar saudades
A embaralhar verdades
Terra molhada
Cheiro saudável
De vida eterna
Iniciada
Não terminada
Distante
Difusa
Ilusão
Matéria
Barro
Tudo destruído pelos homens!

Liz Rabello


GRITOS

Sedento
Cedendo
Cedendo
Sigo em frente
Até a morte em sede

Liz Rabello



Pode o homem destruir
Pode o homem poluir
Pode o homem matar
Pode o homem incendiar
Pode o homem asfaltar
Pode o homem capinar
Pode o homem descuidar

Aqui a vida morre
Acolá ela renasce.
Firme forte equilibrada
Basta o homem à natureza
Deixar sua morada
Não vender a sua alma
ao "Capetalismo" selvagem!

Liz Rabello


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