terça-feira, 10 de abril de 2018

A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta
Você vai carregar água na peneira a vida toda

Você vai encher os vazios
Com as suas peraltagens
E algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos

Manoel de Barros


Lendo este poema eu me lembro do meu tio Adonio, que me ensinou a amar Olavo Bilac, telas de Van Gogh, que me declamava no ouvido, bem baixinho: "Amai as estrelas, olhai para entendê-las"... Ele era um simples sapateiro. No meio dos sapatos velhos, cujas solas consertava, tinha muitos livros: Os Sertões de Euclides da Cunha, Guerra e Paz, de ‎Liev Tolstói, compêndios completos d' Os Miseráveis, de Victor Hugo, coleções completas de Machado de Assis, O Primo Basílio de Eça de Queirós, Angústia de Graciliano Ramos, todos os livros do mestre Jorge Amado... Conversar com ele, era glória! Ninguém mais culto do que aquele homem.
Liz Rabello

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