SEXTO
SENTIDO
Passei por um túmulo muito bem cuidado, com capelinha e tudo e de lá de dentro uma vozinha: “Mamãe cadê você?” Fugi dali correndo, o sol da tarde se pondo
dava um nó de terror na escuridão que se aproximava.
Estava num velório de uma tia
lá pelos ares do Araçá... Fomos juntos:
eu, meu filho de quatro anos, meu sobrinho de cinco e minha irmã. Não achávamos
correto levar crianças em lugares assim, mas a indisponibilidade de poucos não
nos deixou opção. Havia deixado as
crianças com minha irmã e caminhava solitária em busca deles.
Foi então que a vi, sozinha,
meio que atônita: “Onde estão os
meninos?” - “Com você!” – respondi assustada.
E passamos as duas a correr pelos
túmulos em busca dos travessos moleques que escaparam de nossa vigilância. Imediatamente eu me lembrei do
pedido de socorro de dentro daquela capelinha e lá voltei com o sexto sentido
que só mãe costuma ter. Sem nenhum medo
de assombração, encontrei os dois, presos do lado de dentro de uma porta com
chave, que caíra túmulo abaixo. Foi preciso chamar os coveiros e a
administração para arrombar a porta e de lá retirar os dois chorando até morrer
de tanto viver para fazer traquinagens.
Liz Rabello
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