quarta-feira, 17 de setembro de 2014





CEM RAZÕES

Liberte teu coração

ao sabor do vento
Deixe-o falar mais alto
do que o pensamento
Fluir tempestades de desejos!
Juízos pré moldados?
Não sei não...
Coração tem cem razões
Sempre a te guiar
Sem razão nenhuma a nortear
Se a consciência comandar
Tramas do destino amordaçar
Permitas a teu coração gritar
Que queres voar e amar!

LIZ RABELLO in INTERVALOS, ARMADILHAS DO DESTINO, 2013, BECO DOS POETAS) 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014



SETE MESES


Nossa Júlia respira
Poesia
Vida
Alegria
Afagos
Sonhos
Amor
Eternidade!

São 28 semanas de pulsar
7 estrelas a bailar!

Ansiedade por ver sua carinha...

Liz Rabello


 BROTEI ESTRELAS NAS MÃOS
Me joguei de corpo e alma
Quebrei correntes,
desbravei sertões 

Daqui...

O calor não me assustava.

as minhas garras,

me aqueceram as entranhas
Desfez teias de aranhas, sobrevivi. 
Bebi fel quando meu corpo
Reclamava mel.
Colecionei vagalumes 
E deles roubei a luz,
e tive uma constelação toda minha.
E, brotei estrelas nas mãos 
Estrelas só minhas...
Buquê de Luas!

Maria Lúcia Lopez




AMO MEU PAÍS!


O MESMO SOL QUE TE ILUMINA, OH CRISTO REDENTOR,  É  AQUELE QUE INJUSTAMENTE NÃO SE ABRE E NÃO SE MOSTRA PARA TODOS!


RETÓRICA COM SABOR DE FRUTA NOVA

Turistas e amantes de tua beleza
enchem teus bares de muitas riquezas
Trocas culturais e grandezas
Sambas, jazz, rock, qualquer som de pura magia
E lá embaixo, na zona sul, rica do Rio 
já começa o colorido cinzento
do abismo entre a pobreza e a riqueza,
herdadas do tempo colonial, 
dos negros fugidos aos morros, 
para sobreviverem do chicote
 ou da penumbra de uma liberdade em exílio, 
já que a Lei assinada pela Princesa Isabel
não passou de um engodo
 favorecia somente aos imigrantes brancos
 que aqui chegaram para branquear a nação negra
 Amo também esta nossa história, 
tão recente quanto injusta.

E cabe a mim em prosa ou em versos
Desta sina que propago
Ler às avessas 
criar um novo testamento de lucidez
uma retórica com sabor de fruta nova
pois que bem sei é lá no morro
que mora a sapiência
de se viver com o pouco que se tem
com alegria e samba nos pés
Com muito amor e paz no coração!

Ah... você me diz
É lá que estão os Comandos de Tráficos
As lutas entre a Polícia e os chefões
Mas é lá também que mora a solidariedade
Os negrinhos descamisados e sem livros
Onde a bola rola sob os pés!
Somente um banho de cultura
regado à Educação  e à dignidade
É que pode aflorar  a negação
 por ser laranja das drogas
E emergir a liderança de
todos os bons cidadãos que por lá estão!

Liz Rabello



terça-feira, 2 de setembro de 2014



SENTI... NÃO PODE FICAR ESQUECIDO DENTRO DE UM LIVRO UM POEMA TÃO LINDO ASSIM... ELE PRECISA SER LIDO!

"Ele chegou de mansinho, desfez os laços de fitas
Colheu margaridas, bordou-me poemas.
Estacionou numa hora mansa do tempo corrido
Desabotoando o vestido, pensei assim: "Não pode
haver despejo, em quem desse jeito bordou-me poemas".
Partiu, abraçando a sensação de haver colhido afetos 
Em botão. Não pode haver desapego de quem beijando
Meu peito, inspirou-me poemas."


Do livro Outros Cantos Outros Sois

Maria Lúcia Lopez

quinta-feira, 28 de agosto de 2014


LER UM LIVRO É...
ILUMINAR O ESPÍRITO DE PAZ


ADENTRAR PARA  A ESFERA DA SABEDORIA



CRIAR UM NOVO IMAGINÁRIO


 FANTÁSTICO MUNDO DE VALORES


ALCANÇAR A LUA


BRINCAR COM AS ESTRELAS



DESCER À TERRA REPLETOS DE LUZES



IRMANADOS PERMITIREM O AMOR


A AMIZADE E O RESPEITO


O COMPANHEIRISMO E O ABRAÇO!


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CORRENTE SANGUÍNEA


Nosso planeta é um mapa de desolação. Aqui, a água como recurso natural indispensável está acabando. O Rio Tietê, que corta nossa cidade por completo, é uma fonte de doenças, mal estar, putrefação e ausência de vida. Logo ali, ar saturado. Milhares de carros entopem a cidade, parados, de um lugar que não vai a lugar algum. Mais adiante, queimadas matam o solo fértil, nutrientes necessários à vida perdidos para além do tempo. Habitat natural de insetos, borboletas, abelhas completamente destruídos. Acolá, lavouras de milho, soja, frutas, legumes morrendo à míngua, por ausência de chuvas, que quando caem dos céus, em gotículas serenas já chegam como chuva ácida.


Acidez é a rota para nosso planeta, que cobra vida! O corpo humano é setenta por cento água. O planeta, mais... Porém a potável, que só ela é fonte de vida, é pouquíssima! Seu pequeno volume somado aos cumes de montanhas geladas, com o calor saturado e ampliado das contingências do consumo capitalista, lixo sem controle, camada de ozônio aumentando sua esfera, pobres placas de água doce se derretem e se transformam em salgada de mares e oceanos, que não aplacam nossa sede de viver!


O pior é que os seres humanos, os mais inteligentes dos animais, que tanto poderiam fazer para transformar em flores a corrente de sangue que corre em volta de nós, apenas promovem a guerra. Duelos destruidores por palavras, por ações, por armas nucleares, por bombas... Lágrimas de sangue em meu coração, quando tudo o que desejo é um pouco de amor... Um laço de união... Um coração de flor!

Liz Rabello


quarta-feira, 20 de agosto de 2014


LUA NO CHÃO

Quando a lua vem até você só para dizer boa noite é porque a vida mora dentro de você! Estávamos na chácara e um clarão imenso nos absorveu por inteiro, logo depois que a luz elétrica acabou e que a mudez do som e o vazio das imagens dos computadores nos tiraram de nossos afazeres habituais. A princípio, atônitos com a louca escuridão dos primeiros sinais do apagão, ficamos inertes. Depois nossas mãos se procuraram em busca da segurança que um espera do outro em momentos de “não sei o que fazer agora”. Rimos e nos abraçamos como se tivéssemos nos encontrado somente naquele instante. A noite estava escura e era tempo de verão! Lá fora parecia que tudo estava imóvel como a vida que parara em busca de uma nova melodia. De mãos dadas e muito abraçados fomos para a varanda. A rede ainda estava lá, como leito de amor a espera da sede aplacar. De lá conseguíamos ouvir o sibilar do vento nas águas da piscina, nas folhas dos arbustos, no diálogo com as nuvens, que teimavam em esconder as estrelas. Nossos carinhos trocados se enlaçavam, em sussurros e afagos se tocavam, nossos corpos arrepiados de prazer se procuravam. Nossas vestes se soltaram. E nenhuma estrela brilhou mais do que devia! Quando a febre do desejo saturou nossos sentidos e nossos corpos se acalmaram, percebemos que a lua se encaixava em nossas mãos, num único clarão que as nuvens nos legaram e enfim, deliciados, desejamos ardentemente que o apagão fosse eterno  e nunca mais se iluminasse!

Liz Rabello  (In LUA NO CHÃO, 2015)


SUSSURROS AO OUVIDO

Cantigas de ninar
Madrugadas em carinhos
Dedos em afagos nos cabelos
Massagens circulares
Sussurros sibiliantes
Eu te amo doce voz
Minha e tua a um som só!

Pra nunca mais estarmos sós!

Liz Rabello

segunda-feira, 18 de agosto de 2014




UM ASSALTO INUSITADO

Dizem que senhorinhas são mais sinalizadas para assaltos do que jovens mulheres ou homens. Por isto já estou na casa de mais de dez!  À mão armada ou não, certeza é que bandidos gostam de me explorar. E isto não acontece somente agora, pois logo que me casei, quando lavei pela primeira vez minhas roupas do enxoval, novinhas em folha e as pendurei no varal, saí para as compras. Ao voltar cadê as roupas? Nunca mais as vi! Minto, vi, sim, dentro do ônibus, dias depois uma garota vestindo meu terninho. Era impossível coincidências, pois eu havia escolhido o tecido de gorgurão vermelho, os botões e mandado para uma costureira confeccioná-lo. Designer escolhido e criado por mim. Não havia cópias da China, baratinhas como hoje em dia. Nada fiz, embora a vida inteira tivesse ímpetos de rasgar as vestes daquela menina.

No último assalto jurei: “Não vou mais permitir que me façam de boba!” Assim quando meu filho perguntou-me se sabia onde estava o relógio dele e cogitou de que havia sido roubado, fiquei com a última versão na cabeça. Não costumo ir ao centro de carro. Difícil estacionar. Fui de ônibus. E qual não foi minha surpresa quando observei um rapaz muito bem vestido, com um relógio igualzinho ao do meu filho. Marca, cor, senti até o mesmo perfume. Uma raiva muito grande e a lembrança do passado inacabado a perseguir-me. Em frente ao Metrô Marechal, o rapaz desceu. Fui atrás. Minha arma: meu guarda-chuva! Dei-lhe muitas guarda-chuvadas em suas costas, chamando-o de ladrão e gritando que queria meu relógio de volta. Em pânico, o rapaz obedeceu. Arrancou o relógio do pulso e em minha mão livre o depositou, safando-se do guarda-chuva o mais rápido que conseguiu fugir.

Muito feliz cheguei em casa com meu prêmio pendurado na lapela. Meu terninho vermelho finalmente estava vingado! Mas quando olhei em cima da cômoda ali estava brilhando, translúcido, angelical relíquia perdida: um relógio exatamente igual ao que eu havia “roubado” horas antes!

Liz Rabello (In "LUA NO CHÃO", Editora Essencial, 2015)

domingo, 17 de agosto de 2014


LEONID AFREMOV


Amo pinceladas de Leonid Afremov... Espátulas em lugar de pincéis. Movimento e cores. Brilho e luz, suavidade, leveza nas cores intensas.

Liz Rabello


Graduou-se em 1978 na Escola de arte de Vitebsk, fundada por Marc Chagall em 1921. Afremov é um dos mais notáveis membros da escola, assim como Kazimir Malevich e Wassily Kandinsky. Viveu trinta e cinco anos na União Soviética, onde trabalhava pintando pôsteres de propaganda para o governo comunista. Descontente por ter o governo lhe ditando o que e como pintar, mudou-se para Israel em 1990.


Em Israel, conseguiu, em duas semanas, um emprego em uma agência de publicidade, pintando outdoors. Pouco antes de uma exposição, invadiram, roubaram e vandalizaram seu estúdio. Sua obra foi mal recebida: as pinturas de homens e mulheres nus chocaram a sociedade, assim como a representação de músicos de jazz negros foi mal vista por quem julgava que o artista deveria representar israelenses. Ademais, Leonid sentiu-se discriminado por não ser um israelense nato de modo que, em 2001, migrou para os Estados Unidos da América.

Nos Estados Unidos, viveu primeiramente em Nova Iorque, onde alcançou grande sucesso. Seus quadros são expostos lado a lado com artistas como Rembrandt. Suas obras são expostas em mais de sessenta galerias da Nova Zelândia, Austrália, África, Israel e EUA. Após viver dois anos em Nova Iorque, mudou-se para Boca Raton, Flórida, onde vive atualmente com sua família, pois julgava que o clima frio estava prejudicando seu trabalho, tornando-o mais sombrio e menos vívido.”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonid_Afremov)



quinta-feira, 14 de agosto de 2014





FOLCLORE

Meu netinho de mansinho
Veio dizer que é Agosto
Tempo de folclore a seu gosto
Imitando o Saci
Rosto pintado de carvão
Perninha suspensa em emoção
Atrás do sofá se escondeu
Assustou uma vovó
Que se fingia de improviso
Bateu a porta por querer
Até a maçaneta ceder
Depois veio como quem
Quer agradar pra valer!
“Vovó, quem decepou a perna do Saci?
Mula sem cabeça? Lobisomem?
Ou foi o bicho homem
Com as bombas dos judeus?
Ou foi o Iraque de araque
numa guerra por aqui?”
Como meus olhos marejaram
Me abraçou e comigo chorou
Que homem também pode,

Isto é o que me ensina o amor!

Liz Rabello

terça-feira, 12 de agosto de 2014



OH... MY CAPTAIN!



ROBIN, O HERÓI DO SORRISO

“Mais de 350 milhões de pessoas têm depressão, diz OMS - Estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde mostra que aproximadamente 5% da população sofreu com a depressão no último ano”
“Mapa da depressão: Brasil é o país com mais casos no mundo”

 Por que a depressão passou a ser uma das doenças mais temíveis do planeta? O que pode acarretar à saúde da pessoa que sofre disto? São inúmeras as faces da depressão no mundo. Talvez quem esteja lendo agora estes mal escritos, seja um grande depressivo e nem saiba...

Ontem tivemos mais uma notícia triste que abalou o mundo. Um homem das artes cênicas morreu deprimido, triste, sozinho... O ator da arte do sorriso, Robin Willians. Sua carreira foi gloriosa por muitos anos, desde que começou no teatro. Iniciou como um comediante de stand up engraçadíssimo. Imitador de fazer qualquer homem de mau humor rolar no chão de rir. Robin e o palco eram a alegria, a vida, a fusão de um sucesso estrondoso. Veio fama pela TV com personagens lendários, até explodir no cinema. Daí a carreira alçou voos mais altos. Filmes de grandes bilheterias, estúdios felizes com lucros, entrevistas, amigos, histórias, prêmios e aquele homem bonachão, de sorriso simples e olhos ingênuos, poucos sabiam, sofria muito. Conquistou diretores, produtores, atrizes, muito dinheiro... E como um bom homem ajudou muito as instituições de caridade. Muitas... Seu encontro com as drogas e o alcoolismo deram trabalho e perdas nos relacionamentos pessoais. Até ser encontrado morto, Robin foi convidado para muitas apresentações, até mesmo aos soldados americanos no Iraque e no Afeganistão. Mas acho que esse capítulo se esgotou... O que pode levar a pessoa a ser depressiva, por que um homem que alegrou a tantos pelo mundo morreu triste e desconsolado? Nem sempre é possível existir clareza sobre quais acontecimentos da vida levam uma pessoa a ficar deprimida. Culpar drogas, momentos traumáticos são às vezes irrelevantes.

A depressão é causa ainda hoje de muito preconceito, inclusive dos que estão doentes. Motivo de chacota, pessoas de quase ou nenhuma informação não acreditam que ela pode inclusive paralisar uma pessoa, ou motivar agressividade.

Do meu ponto de vista a depressão é fruto de uma sociedade competitiva, doentia, consumista e egocêntrica. Normalmente para pessoas públicas é muito mais complicado. Cada ato falho na vida é muito mais cobrado. Enquanto vivermos de forma que existam vencedores e perdedores, onde a qualquer custo devemos atingir o status de “bem sucedidos”, muitos depressivos virão.