sábado, 19 de janeiro de 2019


UMA EXPERIÊNCIA INSÓLITA


Descansar uns dias nas praias de Ubatuba com sobrinhos amados é algo muito especial e esperado. Ficar com a netinha e acompanhar seu crescimento também é.  Uma viagem assim tem dois ápices.  Difícil de escolher. A vida sempre nos oferece opções difíceis.  Optei e fiquei triste, ainda mais por ter sonhado com minha princesa.  A netinha é tudo pra mim.

Pela manhã, levantei da cama e cumpri com todos os preparativos para a viagem. Decidi ir para Ubatuba. Após cuidar de minha aparência física, fazer as compras, lá fui eu para um lava rápido embelezar o carro, abastecê-lo, calibrar pneus, olhar o nível do óleo, suprir água de todos os cantos. Almocei e segui viagem. Saí de casa por volta das duas e trinta, passei por uma tempestade na Rodovia dos Trabalhadores, tão forte que todos os carros, inclusive o meu, íamos a cinquenta ou sessenta por hora. Fui bem até o último pedágio, já na Rodovia dos Tamoios. E foi aí que deu pane no carro. Morreu.  Algo ligado à eletricidade. Como estava no Pedágio foi fácil o socorro chegar.  Com ajuda dos rapazes que fazem este trabalho de suporte ao viajante, estacionei no acostamento e aguardei o guincho para me levar ao posto de gasolina mais próximo.  O pane ocorreu às cinco horas. Somente uma hora depois é que cheguei ao Posto Espigão, no KM 60  da Tamoios. Acionei o meu seguro, solicitei um táxi para mim, como é de direito pelo contrato com a seguradora, tomei um suco de laranja, comi um lanche (especialidade do local) e esperei. Esperei por três longas horas, até o taxista aparecer.  Um senhor de terno, muito respeitador, de ótima aparência. Depois de uma hora de mais espera, eis que chega o carro guincho.  E eu, agradecendo a Deus por afinal tudo estar dando certo.  Perdia a viagem com os sobrinhos, mas ganhava momentos alegres com minha netinha. Nada é tão ruim quanto parece.

Já eram dez horas da noite de sexta feira. Segui viagem com o taxista, de volta para minha casa. Começamos a conversar. Descobri que era evangélico, homem de fé, trabalhador.  Perguntou-me se eu conseguiria adivinhar sua verdadeira profissão. Claro, não sabia. Era um Corretor de Imóveis, alguém que até o golpe vendia quatro por mês e que ao fim de dois anos só conseguira quatro ao ano e foi obrigado a mudar os rumos de sua vida. Agora trabalhava como motorista de UBER. Mas tinha certeza de que tudo mudaria com o governo Bolsonaro. E começou a tecer elogios ao mito. Este, sim, é dos bons...  Um ministério formado por gente competente. Veja o Ministro da Ciência e Tecnologia: UM ASTRONAUTA da NASA, um brasileiro! Percebi que não poderia criticar alguém tão cego, mas não foi fácil me calar. Tentei argumentar. Comecei pelas questões mais claras: ARMAS.  Para que servem as armas?  Para matar, não é?  Algum cristão pretende matar outra pessoa?  Se não, por que se armar?  E ele: “Para se defender. Se alguém entrar na sua casa e ver que você tem uma arma, vai ficar com medo e não mais voltará”. Retruquei: Não seria mais fácil voltar e roubar a sua arma? – “Não, em casa de cristão, Deus não permite a entrada de bandidos” – Claro que argumentei: “Mas e a primeira vez, por que Deus deixou?” Ele se irritou com minha pergunta e não a respondeu.  Daí começou a falar sobre Dalmares e de sua competência para angariar cristãos. Esta, sim, vai conseguir converter os índios, pagãos convictos. Estremeci. “O senhor sabe que as ARMAS já estão nas mãos da milícia, contratada por fazendeiros para matar os verdadeiros donos das terras brasileiras?” – “Isto é coisa de fake News, notícias inventadas para sujar a aparência do nosso líder” Quem está invadindo terras são os Petralhas e despencou a falar mal dos movimentos dos Sem Terra.  Mudou o foco e passou a jorrar impropérios contra a Dilma.  Questionei: “Mas o senhor não vendia quatro imóveis por mês no tempo dela?”  A irritação dele aumentou. Pensei comigo, preciso calar a boca. Mas era tarde demais. Encostou o carro no acostamento da Dutra. Pasmem!  Parou e começou a me falar de como se livrou da polícia Paraguaia, quando o levaram para prendê-lo por suspeita de roubo.  Enquanto falava me EXORCIZAVA. “SAI DE RETRO SATANÁS! EM NOME DE JESUS" – Transferia a fala ao policial direto para mim. Apavorada eu me calei completamente. Seguimos viagem após eu afirmar categoricamente que ele havia me convencido a não gostar da Dilma. De tudo o que aconteceu de errado comigo nesta viagem, o pior foi ter conhecido este homem de bem.
Liz Rabello



UM PRESENTE ÍMPAR 


Minha poesia vira música na composição de SANDRA GOMES LEAL e arranjos e som dos Cabras de Baquirivu... Com RONALDO FERRO FERRO... lindo demais ♥️♥️♥️♥️
Versos só pra ti


Meu coração não é ilusão
De uma folha de papel
Onde alguém escreve o que quer
E vira a página sem saber como o deixou

Meu coração não são folhas levadas ao vento
Outono perdido no tempo
Descolorindo as árvores, galhos secos
Verde-marrom colorindo o chão

Meu coração são bolhas de sabão
Explodindo ao vento
Ilusão de beijos
Tocando o ar com desejos

Meu coração é um campo aberto
Borboletas girando, voando
Perfumes de rosas te amando
Ao som do universo flutuando

Não o destrua,
Não deixe esta cadeira vazia
Cadê você?



sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

DE DEGRAU EM DEGRAU VAMOS SUBINDO A ESCADA LITERÁRIA



LANÇAMENTO DA COLETÂNEA "EMOÇÕES" 
NA II FELIMA  EM  MACHADINHO RS 


RESISTÊNCIA

É na marcha das horas
Que vejo o tempo passar
Como um vento forte
Leva rajadas de saudades pro mar
Mas deixa cheiros
Queixumes, pandeiros
Meninas faceiras
Requebrando quadris
Vibrando notas musicais
Ao calor das tardes de verão
Deixa brisa fresca de entardecer
Luares e sonhos de anoitecer
Estrela d’alva luzindo na madrugada
No meio da folhagem molhada
Deixa verde esperança nas
Sementes de sol girassol
Girando moinhos movidos à água
Eternidade! Felicidade!
Alegria de viver...

Liz Rabello



Meu poema "RESISTÊNCIA" foi selecionado para fazer parte do livro que será lançado no mês de março na cidade de Machadinho – RS, na 2º Edição do Festival Literário de Machadinho e Feira do Livro Reinaldo J. S. Corona "In memoriam"... Meus agradecimentos à Eliane Hüning, quem realizou a divulgação do concurso, aos jurados e à equipe em geral.