segunda-feira, 22 de maio de 2017

DIÁSPORA TRI (ÁSPERA)

 "No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam."

Carlos Drummond de Andrade (In: O Avesso das Coisas - 6ªEdição, 2007)


VOLVER O TEMPO

Caso pudesse fazê-lo voltar
E páginas de minha vida apagar
Só queria de novo embarcar
Na inocência do desejo
De um grande amor vivenciar

Caso pudesse fazê-lo voltar
Daria cordas à intuição
Olhos abertos a enxergar
o que mentia o coração
Fazer  pó da ilusão

Caso pudesse fazê-lo voltar
na diáspora tri(áspera)
São dois pra cá, dois pra lá
Liberaria INTERVALOS
E os faria dançar dois pra lá

Uma pra cá
Leve
Livre
Solta
Nas mãos de Deus
A sonhar

Caso pudesse fazê-lo voltar
E páginas de minha vida acrescentar
Só queria de novo escrever
Um próximo encontro mágico
Com outro amor pra voar
Liz Rabello


Fotos de Liz Rabello (In Beco do Batman - Vila Madalena - SP/2017)




BOLHAS DE SABÃO
Vou brincar com bolhas de sabão

Acreditar que a vida não é sonho vão
Enlouquecer paredes com sopros de funil
Escorregar tijolos de matiz
Anil róseo escarlate
Ao vento driblando rolando girando
Meu coração saltitando
Sorrisos doçuras de mel
Só criança é feliz assim!


Vou brincar com bolhas de sabão
Dentro delas dores mil
Casinhas de papelão
Barquinhos sem velas
Lua sem estrelas
Sol sem brilho próprio
Árvores sem folhas
Lagos sem peixinhos
Saudades sem olhos úmidos
Vento, leve embora minha dor!

Vou brincar com bolhas de sabão
Dentro delas muita luz
Esperanças verdes liz
Olhos de serenatas
Canções e perfumes de jasmim
Num impulso de alegria
Mãos seguram a euforia
De ver bolhas explodindo
Levam a dor e o amor
Levam saudades e esperanças!
Sorriso desaparece dos lábios
Vento parou mãos molhadas
Surpresa chegou, brinquedo acabou!

Liz Rabello (In INTERVALOS, Editora Beco dos Poetas, 2013)
Fotos de Carloz Torres (In Beco do Batman- Vila Madalena - SP)




quarta-feira, 17 de maio de 2017


MÚSICA DAS RENDAS DO SILÊNCIO

Nas frias manhãs de rendas
Tecidas pelo tempo neve
Garoa, tempestades, ventos
Jornadas em greve

Aranhas tecendo fios
Emaranhados de silêncios etéreos
Iscas adormecendo vidas
Lacrando voos em labirintos fúteis

Nas tardes quentes de rendas
Tecidas pelo tempo Sol
Lagartas expiram vida
Voam borboletas Do Re Mi Sol 

Liz Rabello

sexta-feira, 5 de maio de 2017

QUERO AS VARIAÇÕES DAS NUVENS... FICO LONGOS MINUTOS OLHANDO-AS QUANDO ESTOU À BEIRA DA PISCINA... MARAVILHOSA MAGIA QUE SE REFLETEM DOS CÉUS DO MEU PARAÍSO!


Quero nuvens pra remontar pedaços
Estrelas pra colar mosaicos
Infinito pra deixar mensagens
Eternidade caminhos afora
Uma foto, um livro é uma oportunidade
De se viver além do próprio tempo
(Liz Rabello)


(Ubatumirim - Litoral Norte de São Paulo - Foto por Nicholas Betoni)

Espetacular! Ubatumirim é uma prainha que o acesso é só pela mata, numa trilha, ou então por aquele braço de mar, quando a maré está mais baixa.


(Lagoinha - Ubatuba - Litoral Norte de São Paulo - Fotos por Liz Rabello)




quinta-feira, 4 de maio de 2017


VOO RASO OU GIGANTE!
Há quem diga que não goste de solidão... Eu gosto... Costumo até dizer que não estou sozinha... Sou sozinha! Apaixonada pela obra de Van Gogh, descobri, recentemente, que além do gosto pelas tintas e cores, também ele como eu, somos igualmente “solitários”... Quer algo melhor do que caminhar sozinha com seus pensamentos por uma trilha deserta e observar a fuga da luz? Sentar-se à beira de um lago e encantar-se com um lindo pôr-do-sol? Caminhar pela orla marítima, durante o entardecer? Esparramar-se em uma cama grande e dormir... Descansar da labuta e esquecer os problemas? Mas... há momentos, não raros, em que o corpo e a mente, como também o coração pede o voo e aí a gente se lembra que “O ser humano é um pássaro de uma asa só e que é preciso se juntar ao outro para poder voar!” É aí que a gente procura o Outro, o Amigo, o Amante... E se precipita no horizonte num voo raso ou gigante! E é lindo demais!
(Liz Rabello, in MIL PEDAÇOS, Editora Beco dos Poetas, 2012)