“Certa vez, numa de minhas caminhadas pela Rua das
Corujas, parei e não acreditei. Meu olhar de fotógrafa amadora extasiado: Não é
que um casalzinho estava bem pertinho um do outro numa frenética busca de amor?
E eu
cliquei. Momento mágico! Beleza eterna! Minha corujinha flagrada em seu segredo solitário: Apaixonada por um bibelô de porcelana... E foi então que pensei: Sim, é possível, sim, o amor virtual! E meus versos criei e num livro palavras lacei."
DOIS CORAÇÕES...
UM COMPASSO VIRTUAL!
De repente uma luz,
Uma força que me conduz
Eis-me em teus braços,
Em tua voz me laço
Fecho meus olhos,
Pra sentir melhor os sonhos.
Sei que não é real,
Que é imagem virtual,
Sentimento surreal
Mas tão forte bate o coração daqui
Que te alcança além mar logo ali!
Toco a tela com meus dedos,
Frio de luz que se dissipa
Onde estás amor que não te vejo?
Te perco bibelô de porcelana!
Coração de vidro,
Sintaxe mecânica,
Ondas de energia na penumbra
É por ti que o meu coração
Bate descompassado
Desarticulado
Que importa se não és real
Se, por fim, pôs fim à solidão banal?
(Liz Rabello, in INTERVALOS, CÓDIGO AGV, BECO DOS POETAS,
2013)