segunda-feira, 25 de maio de 2015



VESTIDO VERMELHO
Em nosso colo a sonhar

Com amores colorir
De vermelho paixão
Corações a tingir
Ilusões especiais
De rasgos de amor sorrir


Eis que a turba panelaço
Violenta sem igual
Pobre viralatinha manca
De preconceitos e tabus
Querem-na fora da elite
Por vestido vermelho vestir


Mas Vareta é de paz
Não permite a ninguém mentir
Mora lá no décimo terceiro andar
E se comporta como a Lady Blue
Respeita o sinal vermelho
E quer bem a todos os pedigrees


Vareta é mais racional
do que o humano animal
Que bate panela sem ter o que pedir
Carioca da gema zona sul no Leblon
Ou o dono do apê luxuoso dos jardins
Late zangada quando a paz é cortada

Afinal é uma viralatinha feliz!
Liz Rabello



Quando a gente se separa
Fica uma fissura
pequena fresta
Onde passam todas as agulhas
Onde vertem todos os desejos
Onde dormem todas as saudades
Onde jorram lágrimas salgadas
Corte e costura de minhas desilusões
Artesanato pueril de ilusões.

Liz Rabello

domingo, 24 de maio de 2015



APRESENTAÇÃO DO MEU NOVO LIVRO "LUA NO CHÃO" PARA OS AMIGOS EM SOROCABA, NO CANTINHO GIRASSOL




terça-feira, 19 de maio de 2015


"PERDOAR SEMPRE MESMO QUANDO DE REPENTE PERCEBEMOS QUE O PERDOADO NÃO SE JULGA CULPADO E QUE NÃO O PERDOA PELO MAL QUE NUNCA FEZ"
Liz Rabello

quarta-feira, 13 de maio de 2015


SARAU DA RESISTÊNCIA... 
CANTINHO DO GIRASSOL
MEMÓRIAS NEGRAS... NEGRAS MEMÓRIAS
LEMBRAR PARA NÃO REPETIR


13 DE MAIO DE 1888  DIA DE LIBERDADE??????

ÀS MINHAS CUSTAS
Tudo que sei do número treze
É que é o grupo do galo
É que é o dia do azar.
Tudo que sei de liberdade
É continuar escapando
Da penitenciária
Pois não existem quilombos
Para me guardar
Éle Semog

ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido o português.

Oswald de Andrade


MÃE PRETA
Raul Bopp

- Mãe preta, conta uma história!
- Então, feche os olhos, filhinho:
Longe, muito longe era uma vez o Rio Congo...
Por toda parte o mato grande
Muito sol batia o chão... Depois...
Os olhos da preta pararam
Acordaram-se as vozes do sangue
Glu-glus de água engasgada
Naquele dia do nunca mais
Era uma praia vazia com riscos brancos de areia
E batelões carregando escravos... Depois...

Ué, mãezinha, por que você não conta o resto da história?

NOSSA HISTÓRIA É ASSIM:
- Vamos pras Índias!
Dias e dias os horizontes se repetem...
Velas baixaram. E desembarcaram
O sol do lado de fora assistiu missa
Terra em que Deus anda de pés no chão!
Outros chegaram
- Queremos ouro!
Começou daí um Brasil-sem-história-certa.
A terra acordou-se com o alarido de caça de animais e de homens!
Mato-grande fou cúmplice nas novas plantações de sangue
Mulher foi espremer filho no escondido.


O sol espalhou verão nos canaviais das fazendas
O mato escondeu escravos
Com inscrições de chicote no lombo...

E veio o negro
Trouxe o sol na pele
E uma alma de nunca-mais
Carregada de vozes
Foi desbeiçar terra
Alargaram-se as lavouras
Brasil encheu-se de queixas de monjolo

Bandeiras passaram
Nem deixaram rasto
Outras cansaram
Não continuaram
A água do rio engasgou
Secou
Índio com alma hipotecada à floresta
Fugiu por caminhos escondidos
Negro ficou para trás
Apalpou a terra
 o sol foi trabalhar nas lavouras
o ouro cresceu pelos campos de milho África Brasil!

E foram chegando soldados e frades
Trouxeram as leis e os dez mandamentos


SENHOR DEUS DOS DESGRAÇADOS!
DIZEI-ME VÓS, SENHOR DEUS!
SE É LOUCURA, SE É VERDADE

Depois vieram as mulheres do próximo
Imigrantes com alma a retalho
Brasil subiu até o décimo andar
Litoral riu com os motores
Subúrbio confraternizou com a cidade
Negro coçou piano e fez música...


terça-feira, 12 de maio de 2015



PREFÁCIO


A luz se apaga, as estrelas brilham, a lua se posta ao chão para celebrar o amor. É assim que respira “Lua no Chão”, um apanhado de contos produzidos através da troca de experiências que Liz Rabello teve com amigos e parentes ao longo de sua trajetória. O real é reinventado por sua imaginação. Seus contos falam de amores perdidos, de amores impossíveis, reencontros, de espiritualidade, de religiosidade, de solidão, do amor eterno pelo pai. São histórias divertidas, por vezes tristes. Como não rir com “Um Assalto Inusitado”, onde uma sombrinha é utilizada como se fosse uma metralhadora? Como não se emocionar com a graça concedida por Deus em Peruíbe? Ou no reencontro com a amiga francesa? Como não se divertir com histórias de baratas de sete saias? Em meio a abismos e tempestades, micos e pássaros, Liz Rabello demonstra ainda sua preocupação com a natureza e preservação do meio ambiente deixando fluir toda sua emoção e criatividade. Utilizando gêneros literários diferentes, os contos são introduzidos por poemas que amarram a narrativa da história, demonstrando seu talento e força poética, como por exemplo, em Vassouras ao Vento, (poema classificado em sétimo lugar no primeiro concurso Cantinho Girassol, em 2014) ou em Luta, onde revela toda sua disposição para defender seus ideais. Os contos e poemas levam o leitor a refletir sobre uma série de questões e reforça valores como amizade, sinceridade, importância da família em nossas vidas, fé em Deus, fazendo de “Lua no Chão”, uma celebração ao amor e à vida. Às vezes nos encontramos em certas situações, onde fica difícil explicar o que realmente aconteceu. Teria sido um sonho, fruto da imaginação, uma realidade, ou apenas um desejo oculto no nosso inconsciente? Não sabemos! Cabe ao leitor preencher estes vazios e dele apropriar-se inserindo suas vivências e contextualizando a obra. Boa leitura!


Cícero C. Cândido


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segunda-feira, 4 de maio de 2015



REDENÇÃO




Ser mãe não é padecer no paraíso
É ficar horas ao relento procurando
Instigando o espírito a revelar
Um paradeiro perdido
É abraçar o próprio corpo em desalinho
Centopeia de sapatinhos
Cinderela à procura do próprio pé
Descalço, sem calçar sandálias franciscanas
Olhos perdidos no abismo da eternidade
Porque maior amor não há
Nem jamais resistirá
À dor real,
Fatia da canção
Faminta e desolada
De bracinhos no pescoço
Inconformada
Segue solitária em oração!
Fé é tua corrente viva
Até a ponte final
Do outro lado: Salvação!

Liz Rabello