terça-feira, 29 de abril de 2014


HÁ UM CÍRCULO VITAL ONDE PRECISAMOS INTERAGIR


 Estas  frondosas árvores um dia foram frágeis mudinhas


 Estas frágeis mudinhas um dia serão frondosas árvores! 

Caule que no chão floresce,
 bênção que se faz brotar da terra,
 vida que fecunda ao sol,
 tu tens a probabilidade de um jatobá enorme,
 tu tens a sementinha da vida,
 a paz das árvores eternas, 
que nascem, crescem, abundam frescor,
 transbordam amor!
 E só precisam de gotinhas de água.

Liz Rabello


quinta-feira, 24 de abril de 2014

PÁSCOA NO PARAÍSO




RECOMEÇAR

Troncos de árvores frondosas

Folhas recém verdejantes na manhã
Cascos de velhas palmeiras que se esvaem





Ninhos de amor a cortar a paisagem

Frutos a enrubescer o tempo
É hora de recomeçar
Muita luz, muito a cuidar
Para amar, para amar e ser feliz!

Liz Rabello



“Quando você se sentir sozinho, pegue o seu lápis e escreva. No degrau de uma escada, à beira de uma janela, no chão do seu quarto. Escreva no ar, com o dedo na água, na parede que separa o olhar vazio do outro. Recolha a lágrima a tempo, antes que ela atravesse o sorriso e vá pingar pelo queixo. E quando a ponta dos dedos estiver úmida, pegue as palavras que lhe fizeram companhia e comece a lavar o escuro da noite tanto, tanto, tanto... até que amanheça”

(Rita Apoena)

NOTAS DESAFINADAS

Mar calado, noite densa
Nenhuma onda gigante se manifesta
Palavras são redemoinhos ausentes
Pedregulhos pousados no fundo do mar!

Corpo em pausa, corpo neutro
Nenhum som de encanto te faz acordar
Palavras são notas desafinadas
Na ponta do penhasco a se equilibrar!

Arrepio na coluna... É o vento!
Trazendo cantigas de um tempo lá atrás
Palavras agora exalam novos aromas
Perfumes mesclados a sabor e a paz!

Coração se exalta, enrubesce o rosto
Desejos mansinhos de vida a voar
Palavras nascem querendo acordar
Aurora repleta de sonhos a vivenciar!

Liz Rabello

quarta-feira, 23 de abril de 2014


CONTRA A EPIDEMIA DOS LINCHAMENTOS... UBUNTU!


Na cultura africana do Ubuntu a pessoa é acolhedora, hospitaleira, calorosa e generosa, disposta a compartilhar. Tais pessoas são abertas e disponíveis para os outros, dispostas a serem vulneráveis, apoiam os outros. Não se sentem ameaçadas quando os outros são capazes e bons, pois eles têm uma confiança própria que vem do saber que pertencem a um todo maior. Têm consciência de que  são diminuídos quando outros são humilhados, diminuídos quando outros são oprimidos, diminuídos quando outros são tratados como se fossem menos de quem eles são. A qualidade do Ubuntu dá às pessoas a resiliência, permitindo-lhes sobreviver e emergir ainda humanos, apesar de todos os esforços para desumanizá-los...


NESTA CULTURA AFRICANA, QUANDO ALGUÉM COMETE UMA FALHA CONTRA O SEMELHANTE DA ALDEIA É COLOCADO DENTRO DE UMA RODA E OS MORADORES VÃO LEMBRANDO AO SER INFRATOR TODAS AS SUAS AÇÕES DO PASSADO QUE FORAM MUITO BOAS... EM LUGAR DE PUNIR, EXALTAM O BEM. Fiz esta postagem de uma cultura diferente da nossa para nos dar uma possibilidade de reflexão de como podemos agir em nossa sociedade. EDUCAR PARA O BEM DEVE SER A META.  Nosso lar, nossa família, nossa sala de aula é apenas uma ALDEIA. E nela, temos o dever de não nos omitir. É por esta razão que não podemos permitir no nosso grupo menor um linchamento de qualquer ser humano, seja ele, pecador ou não.

quinta-feira, 17 de abril de 2014


“EU” ESTRANGEIRA DE MIM 

Não sei que sinos soam 
quando tento me entender 
busco raízes que se mostram 
sem na terra se esconder

Não me acho, não me encontro 
não sei quem sou nem onde estou 
não há em mim um só sinal 
nem uma vida certa e fatal

Sou saudades do que fui
Do que restou, onde não estou
Dos sonhos que de mim se ausentou
Cicatrizes do que me machucou

Sou impulso, sou desejo
De ser “Eu”, mas “Só” me vejo
Sem identidade, sem idade
Ausência: “Eu” estrangeira de Mim

(In Antologia PÉROLA NEGRA, de Liz Rabello, 
Beco dos Poetas,   2014)



DESEJOS AO VENTO

O vento corta o tecido da vida

Sopra em direção ao pingo de sol
No alto da montanha
Meu paraíso ali está
Paredes pintadas à cor do astro rei
Uma faísca de luz reluzindo
No meio do arco íris de flores
Vou libertar meu coração
Ao sabor deste vento
Raptar a corrente de energia
Que vem da montanha
Captar o cheiro de ciprestes
Perfume exalando prazer
Quem sabe se leva até ti
Meus desejos por você!

(Liz Rabello)


quarta-feira, 16 de abril de 2014



MUTAÇÃO

Meu amor é feito flores
Perfumes que exalam paladares
Gosto que perfuma os ares!
Meu amor é feito seda
Brilha na maciez da pele
Dedos coloridos de luz!

Meu amor é feito água
Escorre pelas veias d'alma
Adentra pelos rios das lágrimas!
Meu amor é feito música
A mais linda que seus olhos ouviram
A mais bela que seus ouvidos viram!

Mutação de sentidos
Sintonia total!
Sinestesia!
Sinta!

Liz Rabello





ENCONTROS E DESENCONTROS

“Quinze anos, apaixonada pelo meu marido... Namorávamos o tempo todo... Fazíamos planos, juras de amor eterno, muitas cartas de amor, que eu escrevia e recebia! Cumprimos nossas promessas e no SIM feito diante de toda família e dos amigos, perante o altar de Deus, renovamos nossos desejos escritos e orquestrados ao ouvido amado! Era tão real, a casa comprada, o carro na garagem, os filhos chegando... Por que então, em meu coração nunca senti que realmente seria para sempre? Eu deitava minha cabeça no ombro dele e segurava o tempo! Era como se quisesse dizer: É meu!!!! Não foi... Esfumou-se o amor numa tarde chuvosa, antes que a dor o viesse buscar e o levasse para a derradeira curva do caminho extremo, sem volta... sem recuo, sem nada! Faz tanto tempo... Assim tem sido minha existência inteira! Um caminho de encontros e desencontros! Sempre vejo meu amor indo embora, numa frenética repetição de fatos... Por uma razão ou outra... A solidão infinita me apodrece os sonhos!"
 (Liz Rabello / 2012)


"A essência da vida é o Amor... Quando faltar, procure-o em qualquer canto, mesmo sabendo que os cristais de águas límpidas de nascentes são mais ricos em mosaicos de formas do que aqueles, cujas águas já foram poluídas pelos sentimentos adversos... Às vezes, a experiência só machuca, mas nos deixa mais plenos para o renascer das cinzas!"

(Liz Rabello)

terça-feira, 15 de abril de 2014


FRAGMENTOS DE MEUS POEMAS... POESIA DE BANDEJA
“Você sempre me disse do afeto que nos une
Agora, a gente vai se abraçar por palavras
E você sempre vai saber que é real
Porque sentimentos não morrem como plantas
Que secam sem o bálsamo da água
Sentimentos possuem lágrimas
Para serem regados no coração!”
Liz Rabello
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“Há algo de mágico em ti
É inusitado este sentir
Novo modo de ver
Corpos entrelaçados
Cavalgando estrelas
Roubando fios de água
Suor do universo
Em corpos nus!”
Liz Rabello
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“Vou libertar meu coração
Ao sabor deste vento
Raptar a corrente de energia
Que vem da montanha
Captar o cheiro de ciprestes
Perfume exalando prazer
Quem sabe se leva até ti
Meus desejos por você!”
Liz Rabello
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“Sons, sons... Pra que te quero?
Se silêncios são bem vindos
Mas cantigas são ternuras
Cristais a se roçar no infinito
Transmuta minha solidão
Em doces anéis a se cruzar
Nas pautas musicais!”
Liz Rabello
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“No picadeiro o palhacinho
cria uma teia encantada
Pernas de pau, nariz redondo,
carinha pintada, Malabares desencontrados
Quando fogo e bolas desabam pelo chão
E gargalhadas mil fluem da multidão!”
Liz Rabello
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“Fissura imperceptível
Entre loucura e retidão
Hipocrisia e solidão
E tanto mais bruxas me varrem
Sofrimento, mais roupas me vestem
De tormentos, mais chuvas de dor
Me apunhalam em turbilhão!”
Liz Rabello
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“Que venham recentes alegres memórias 
Mandando embora ares poluídos d'outrora 
Tempestades riscadas por outros encontros 
Relíquias esquecidas de folhas viradas”
Liz Rabello



PERCEPÇÃO

O coração dá saltos
Chibatadas de alegria
Quando me percebo
No teu pensamento!

Confetes e fantasias
Brigadeiros de desejos
Rouxinóis de alegorias
Flores em sentimentos!

Quando a percepção termina
Ainda fica a alegria
A sensação de euforia
Que só tua presença cria!

(Liz Rabello)

segunda-feira, 14 de abril de 2014





SEM PARAR VIA FÁCIL... DIFÍCIL DEMAIS!

Vou toda semana para a chácara e preciso parar, perder meu precioso tempo, nos pedágios. Uma tarde me alertaram sobre uma promoção: “Saia daqui com seu Sem Parar Via Fácil, em segundos!” Cedi.

Ai, se arrependimento matasse! Segundos viraram minutos, que acabou por mais de uma hora. Mas, a princípio, feliz. Paguei com cheque nominal e meu carro já saiu do Rodo Anel com objeto estranho acima do visor. Funcionando!

Primeiras semanas foi inevitável a alegria de passar, rapidamente, sem parar e sem pagar. Que delícia! Foi então que tudo aconteceu. Numa bela manhã, qual não foi minha surpresa, quando a sirene tocou e a trava de segurança não levantou a cancela e presa fiquei às explicações. Não, nada havia de débitos a pagar, aliás, pela promoção, o prazo ainda se estenderia por mais algum tempo. Como não estivesse em mãos com a documentação, prova fatal de minhas palavras, tinha que pagar. Estremeci, nem havia pensado nisto. E agora? Nenhum centavo na bolsa, nem no porta luvas, nem em canto algum. Meu neto, solícito, pagou o pedágio, retirando trocados de sua mesada.

Ao sair da situação embaraçosa, que me roubara minutos preciosos de tempo, primeira providência foi ligar para o setor competente e solicitar informações. Realmente não havia débitos a pagar. Algum problema com a leitura eletrônica dos dados do automóvel. Semana seguinte, lá vou eu, meio que na incerteza, apavorada com meu atraso do dia. Decidi não me arriscar e paguei normalmente o pedágio. Da terceira vez arrisquei. Arrisquei e passei. Feliz, pois pelo jeito estava tudo bem.

Foi então que tudo se repetiu. Estávamos cantando e brincando no carro, quando meu neto me alertou: “Vovó, você tem dinheiro para o pedágio?” Respondi que sim, sem mais comentários. Próximo ao bloqueio, ele me indicava o lugar correto, enquanto eu me arriscava no sentido do Passe Fácil. A sirene tocou, a cancela fechou e o guarda chegou! Enquanto me solicitava documentação, meu neto brigava: “Seu Guarda, eu bem que avisei, mas vovó quis passar sem pagar!” Olhei para meu neto, com olhos de quem quer fazê-lo se calar, sem falar! Expliquei ao oficial tudo que vinha acontecendo e ele me disse que nada podia fazer a não ser cobrar os reais que eu devia por aquela passagem eventual. Deu-me um telefone, que eu já possuía e que meu neto confirmava ser o mesmo que já nos deram em outro dia. Paguei. Passei. Parei adiante, berrei uma frase contida de bronca no menino, joguei o aparelhinho do “Passe Difícil” pela janela do carro, acostamento afora e fui embora, irritada como nunca.

Um mês depois chegou a conta: Um monte de “Pare Difícil”, que eu jamais fizera e que tive que pagar, além do aparelhinho, que só na saudade descobri não ser meu, mas apenas um empréstimo do sistema viário de São Paulo. Perdi muito tempo ao telefone para resolver o impasse. Paguei com lágrimas de ódio. Pior, não consegui desgrudar do vidro do carro a parte colada e imóvel do mecanismo do “Sem Parar Via Fácil”. Nunca mais quis ludibriar meu tempo e fiquei com trauma deste mundo eletrônico de fazer gente do bem se tornar mau elemento aos olhos infantis.
Liz Rabello


MAGIA DO INSTANTE PRESENTE!

Os seres humanos vivem em busca de respostas,
que possam coroar de entendimento
o inatingível desconhecido.
Só sei que só conheço o AQUI
Este instante divino de minha respiração,
o pulsar constante e maravilhosamente
equilibrado do meu coração!
Mas sei, também, que tenho pouco TEMPO.
É míster que eu aprenda a cuidar de fazer valer esse TEMPO.
Ainda ontem lia Antonio Cândido
e ele desmascarava a frase mãe do Capitalismo:
"Tempo é dinheiro!" Não é não!
Tempo é o tecido da vida! 
Um tecido que se enruga,
que se desfaz e vira pó como
as asas de uma borboleta,
quando não são tocadas pelo Amor!

(Liz Rabello)


(Pintura em tela - Acrilex - CONCEPÇÃO - (Liz Rabello)

MENTIRAS

Ninguém gosta de mentiras
Todos amam palavras verdadeiras!
Promessas que se fazem com vontade de cumprir
Eu quero ficar nua pra você
Para me sentir penetrada por seus olhos!
Quero ver você me ver, não na foto
que só é para segurar o tempo,
para ver/rever depois que o amor se foi
Quero viver com você delírios de amor!
Juntos, enlaçados, desprotegidos,
desgovernados, entregues, apaixonados!

(Liz Rabello)

AMOR VIRTUAL

Um pequeno lance
Uma fração de segundo
Meus dedos tocam a tela
Eu me abraço a imaginar
que seus braços me envolvem
Sua respiração ofegante!
Meu suor denunciante
Sinto tua presença mais que inquietante
Toco seu rosto sem querer
Que frio é este que me invade a alma?
Que calor é este que a telinha embaça?
Paradoxo da eternidade:
Quanto mais distante, mais perto de ti estou!

Liz Rabello