domingo, 22 de março de 2015


ROMPE UMA ASA

Lagartas  dançam
 em nossas mãos
Desandam  sonhos
Quebram unhas
Sangram dedos
Impedem sons musicais
 as cordas do violão
não  vibram mais...

Casulos parasitam
Dentro delas
Inertes sem movimentos
Gestos de amor
Reinvenção do trabalho
Apodrecem  dores
Tremores... Suor
Escorrendo em
Almas cruas!

Rompe uma asa
Uma fresta se abre
Um colorido exalta
Fragilidade
Metamorfose
Voa
Uma borboleta
Em liberdade!

Liz Rabello


sexta-feira, 20 de março de 2015


TEU BEIJO

Teu beijo tem mais luz

do que a noite de lua cheia
incendeia todas as estrelas
abrasa fogueiras de festas juninas
faz colorir os confetes de carnaval
Teu beijo tem sabor de frutas frescas
maçãs envenenadas de volúpia
Mentol, hortelã, morango ao
sabor da magia da ponta da língua
da primeira gota que o sol evapora
Teu beijo tem odor de chuva terra
gramado verde molhado de finas gotas
friozinho de cetim em lençóis gelados
molhados de suor logo a seguir
após enlace de corpos, línguas e palavras

Teu beijo é paz

é guerra
é sonho
é mansidão
é luz na escuridão
Quero teu beijo
E nada mais...

Liz Rabello

quarta-feira, 18 de março de 2015




SENTINDO

Esta noite tive um pesadelo
acordei gritando
Defendia não sei quem de outro alguém
Sem saber quem
 Apenas permanecia no meio do caminho
Agora mesmo uma dor de cabeça sem igual
É preciso coragem para conseguir viver
 "Sentindo" tudo o que está a se fazer valer!


Liz Rabello

terça-feira, 17 de março de 2015



RASTROS DE ENSINAMENTO

Somos um pouco do DNA
Cultura e contextualização familiar
Religiosidade e afagos do coração
Trilhas de mãos dadas com os pais

Somos um pouco do grupo escolar
Ensinamentos de livros e de vivências
Professores e pesquisas a nos nortear
Caminhos novos superar

Somos  os sonhos que nos desejaram
As utopias que nos nortearam
Os fracassos descompassados
Os desejos esvaizados

Somos os erros que cometemos
Os acertos que deliramos
Individualmente  vivemos
Ninguém é responsável pelo que fazemos

Há de se cuidar da paz e da guerra
Mas há de se honrar a ética
Esta fera rebelde que implora
Pelo coletivo pensar...


Liz Rabello

terça-feira, 10 de março de 2015


SEMPRE MOREI COM AS ESTRELAS


Nunca me conformei com as cores “certinhas”. Árvores tortas, galhos retorcidos, folhas multicoloridas, murchas pelo chão, como se sempre fosse outono em meus desenhos de paisagens infantis. Meu pai dizia: “Não é assim que se pinta, onde se viu folhas cor de  laranja, vermelhas, azuis? Azul é água, é céu!” Um dia, descobri uma foto de outono no Canadá, e a mostrei triunfante! Minha criatividade não parava aí. Se queria mar, eu o desenhava revolto, ondas em rebelião! Se queria barco, eu o modelava em dobradura de papel jornal, e o soltava na enxurrada. Após a chuva, sempre me molhava, cabelos escorridos, roupa no corpo colada. Era feliz, naquela infância sem brinquedos! Pela manhã, trabalhava. Ajudava minha mãe a fazer caixinhas de presentes. Passava cola nas fitas e enfaixava uma por uma, para enfeitá-las! Mais do que um trabalho, era Arte! Matemática! Ao fim de três horas, quantas fiz? E eu contava! Almoço, quatro horas de escola. Adorava lições, professores, amiguinhos. Voltava pras caixinhas. O dia era curto demais para que eu pudesse deixar de ser feliz. Fim de tarde, sentada na varanda, olhos baixos, pensativa, sentindo frio, sozinha. Sempre gostei de solidão! Olhava o sol que se escondia, primeiras estrelas que luziam, o incansável trabalho das formigas, que nem a luz do luar entristecia. Após o jantar, os livros! Como gostava de ler! Mil vezes a mesma aventura! Livros roubados às prateleiras dos quartos dos meus primos. Lidos às pressas, pois precisava devolvê-los! Mas os pegava de volta, sempre que podia! Nunca tive nada meu! Jamais isto me fez deixar de ler! E fui feliz! Ia dormir com os raios de luar a furar o telhado ralinho, onde gotículas de água chovia durante as noites de mau tempo! Abraçava o Nero, meu cachorro vira-lata, tão querido! 



Por toda minha existência me alertavam: Você é muito inteligente, mas o que a domina é o lado das paixões! Seja mais racional, nada de emoções. Mas eu seguia retrucando, pensando muito mais do que agindo, criando mais do que vivendo! Todos me aconselhavam: Pés no chão, menina! Só se esqueceram de perceber, que de nada adiantava me dizer, pois eu já morava nas estrelas!

Liz Rabello


segunda-feira, 9 de março de 2015

MINHAS ORAÇÕES




A porta
A porta está aberta! 
Aquela que ninguém pode fechar.
Porta que foi posta diante de nós, que tem pouca força, que é frágil.
Sua fragilidade está no fato de não poder nem querer usar de força .

Porta que só entende, quem ama!
Para quem ama, a porta sempre tem que estar aberta.
 É a liberdade que o amor exige. 
O amor abre mão do controle.
A porta está aberta!
E o que vamos fazer com essa liberdade?
Porta que nos liberta, porta que nos atrai pela sua doçura, pela sua graça.
A porta está aberta!
Liberdade para escolher se vai ou se fica, se persevera ou desiste, 
se guarda ou perde...
A porta está aberta!
A alegria do que ama é desfrutar da companhia daquele que não foi obrigado a ficar. 
Permaneceu como resultado da sua escolha.
A porta está aberta!
Para que conheçam que fomos amados.
Amados de Deus
Aquele que tem a chave nas mãos
Mas preferiu deixar...
A porta aberta.


Andrea Bergamascki
MOMENTOS DE ORAÇÃO E SABOR... ALEGRIA DO CORPO E DO CORAÇÃO!




"Aprendi que é exatamente assim que Deus espera ser ouvido, respeitado e amado por nós. Não pode ser o peso de uma religião, a obediência cega, irracional a ritos, formas, normas, mas simplesmente o amor. Que o amor a Deus, nos leve a obedecer aos seus mandamentos, ao desejo de fazê-lo sorrir, de querer o que Ele quer, de estar no centro de sua vontade e praticar aos outros, atos de justiça."... ESTES ENSINAMENTOS FAZEM PARTE DE MINHAS NOITES DE QUINTA FEIRA E É O QUE DE MELHOR OUVI ATÉ HOJE EM MINHA VIDA.... Gratidão Deinha


BASTA UM DESEJO

Nos contos de fada, três desejos são oferecidos aos mortais por seres que detém o poder. Como decidir, como escolher, como não se arrepender do que deveria ter escolhido? Qual o final feliz? Na vida real, você decide. Você escolhe o caminho em que quer andar, as pessoas com quem quer se relacionar, as atitudes que irão marcar... Você marca a hora, mas não sabe se irá chegar. Você marca a pele, mas esse é o mais profundo onde você pode chegar. Você mata o corpo, mas a alma permanecerá. 
Para consertar o mundo do "faz de conta", precisamos de três desejos. No nosso mundo, onde todo mundo faz de conta que é feliz; faz de conta que é honesto; faz de conta que é fiel: faz de conta que é cristão: faz de conta que trabalha: faz de conta que aprende; faz de conta que ensina; faz de conta que celebra; faz de conta que acredita; faz de conta que espera; faz de conta que ama; faz de conta que cuida; faz de conta que chora; faz de conta que sente; faz de conta que percebe; faz de conta que vê; faz de conta que não vê; faz de conta que é verdade e faz de conta que faz de conta...
Nesse mundo, o conserto é maior. As marcas precisam ser mais profundas, precisam atingir a alma, as estruturas do pensamento e do coração. Para este mundo não contamos com três desejos. Contamos com apenas um desejo. Desejo de ser instrumento de transformação. Basta este desejo, para sermos levados onde está o coração Daquele que tem todo poder para nos marcar profundamente. Que poderia usar o seu poder da maneira que desejasse, mas que preferiu esperar, aguardar nossa escolha, respeitar-nos; porque o extremo do seu poder está no amor que sente por mim, por você e por toda humanidade.

 O seu nome é Jesus e para Ele basta um desejo!


Andrea Bergamascki




A GARÇA E A BALEIA
Outro dia estávamos assistindo um programa ecológico onde contava a história de uma garça. Esta garça de forma brilhante, de tanto observar pessoas jogando pão na água para alimento de peixes, descobriu que poderia usar o pão como isca e então apanhar os peixes. Foi o que fez vezes seguidas para conseguir o seu precioso alimento.
O narrador do programa relatou o fato e concluiu que infelizmente, este conhecimento adquirido por aquela garça iria morrer com ela, pois era incapaz de transmitir esse aprendizado para os seus descendentes.
Mostrou então, outro animal, uma baleia. Estava a ensinar seu filhote a caçar leões marinhos. O curioso é que baleias não se arriscam em marés baixas, pois podem encalhar. Mas aquela estava ensinando seu filhote um truque que aprendeu com sua observação. Observou que em água, os leões marinhos eram muito velozes, difíceis de serem capturados, mas quando saíam da água, eram lentos e pesados. Resolveu aguardar o baixar da maré para que os leões saíssem da água e assim os abocanhar, voltando alimentados ao subir da maré.

Este conhecimento adquirido não morreria com a baleia, porque estava transmitindo para o seu filhote e este iria transmitir para os seus e assim por diante.

Aprendi muito com esta reportagem. Quanto temos aprendido? O que temos aprendido? O que estamos fazendo com o que temos aprendido? O nosso conhecimento morrerá conosco?

Penso principalmente sobre o que tenho aprendido no decorrer da minha vida, no meu relacionamento com Deus. Coisas que aprendi a um custo alto, através da dor, do sofrimento. Aprendi sobre o caráter de Deus, sobre sua sabedoria, sobre seu amor, sua misericórdia. Sei que tenho muito ainda a aprender, uma eternidade toda a viver para descobrir quem Deus é. São insondáveis os seus juízos e inescrutáveis seus caminhos. Mas desejo conhecer.

Do pouco que conheço, só considero aprendido aquilo que já consigo colocar em prática na minha vida. Aquilo que está radicado nele, o autor e consumador da minha fé, Jesus Cristo.

Agora entendo porque Jesus deixou como mandamento, ir e fazer discípulos. Para que não morresse os seus ensinamentos. Mais ainda, para que nós não morrêssemos nos nossos próprios caminhos.
Descobri que os meus primeiros discípulos são os meus filhos. São eles que convivem comigo, que observam as minhas ações e reações diante das situações e circunstâncias da vida. São eles que me vêem sem máscaras, que captam não o que digo, mas o que faço,
Descobri também, que para ser discípulo, não basta ouvir, tem que conviver, andar lado a lado, sentir as batidas do coração, desfrutar da intimidade.
Talvez seja este o motivo de tão poucos discípulos. Vivemos uma época de privacidades, independência, superficialidades nos relacionamentos. ´Poucos os que querem se expor, se entregar, aprender, ensinar, arriscar-se. 
Andrea Bergamascki



Lamento a vida não ser pra sempre, para viver todos os meus sonhos de uma única vez, mas bendigo minha finitude que me faz sentir o gosto de cada momento como se fosse o último. Lamento minha ignorância em entender tantos mistérios da vida, mas bendigo a pequena sabedoria do homem que há em mim e que me aproxima de tantas outras verdades, tão frágeis quanto as minhas. Lamento meu pouco poder de mudar os desígnios que mais me fazem sofrer, mas bendigo a capacidade humana de aprender com as dores e de superar-se sempre. Lamento não ter todas as coisas que me fariam felizes, mas bendigo as que tenho em minha vida e faço delas um motivo a mais para se feliz. Lamento ser apenas humano e não poder sentir todo o amor do mundo, mas bendigo minha humanidade que me faz capaz de amar o máximo que posso e entender que ter limites para amar, não significa não amar.
(D.A.)



"Senhor meu Deus, eu te peço em oração que limpe meus caminhos de tormentas. Andam sem luz, obstruídos pela má sorte. Minha saúde saturada pede um fôlego, um momento de paz e cuidado. Não quero mais tomar remédios, nem sentir dores lancitantes. Aceito de braços abertos, de bom coração dores suportáveis de coluna, joelhos, pernas e ombro direito. Aceito de volta meu passado sem dinheiro. Cartão de crédito no vermelho. Mas não aceito o desperdício, o gasto sem nexo, o exagero. Peço, meu Deus, a limpeza do coração de quem me cerca. A ausência de ódio, de injustiça contra mim. Que haja respeito, gratidão pelo bem financeiro que me proponho a fazer, que não me cobrem, nem com palavras, nem com atos, nem com desejos de me ver fechar os olhos para sempre para poder terem a liberdade que não permito ter. Que não me cobrem o que eles próprios não conseguem fazer... Amém"



"Senhor meu Deus, agradeço por tudo que tenho recebido de bênçãos que me chegam por todos os lados virtuais e reais. Mas há muito a pedir. Se for merecedora de suas mãos a me acalentar procuro discernimento para escolher palavras certas e delas fazer proveito no melhor momento. Quero tomar decisões muito mais com o coração do que a mente ou a razão. Não permita que o ódio entupa minhas veias de fel. Muita calma, muita calma para agir. Que minhas mágoas não sejam motivo para perder a fé. Que transborde de mim para aqueles que amo as mesmas sensações de paz e amor que estou pedindo primeiro a mim para iluminar os outros!"

domingo, 8 de março de 2015




O GRITO DAS PANELAS


Aqui em Campinas

Ninguém bateu panelas

Estão todas cheias

Povo ocupado comendo.

O filho da empregada

Estudando pra prova da faculdade

Ela me ligou do seu celular

E também não ouvi 

Panela nem cabeça vazia 

Fazer barulho por lá.



(Fla Perez)


São Paulo, bairros nobres
Brilham panelas em armários servis
Nada a se reclamar
Em pobres lares da periferia
Lotando pias
Esperam o ouro azul
Pra serem lavadas
Quando o racionamento deixar!


Morumbi, bairro nobre
torcedores de times pobres
Corinthianos e São Paulinos
Galera vibra, panelas gritam

mas nada tem de política

é apenas uma torcida

querendo na outra bater

Um a zero é bom nem ver!

Bairros nobres, edifícios luxuosos
Panelaço no terraço iluminado
Por segundos saíram do sofá
Por que é que vão brigar?
Por comida é que não é
Com certeza a raiva existe
Porque é preciso parar
com a polícia a revelar
os nomes da corrupção...


(Liz Rabello)


Se quiser bater panela...
É um direito todo seu.
É legítimo o seu ato,
Porém não vá cuspir no prato
Em que você comeu.


Bosco da Cruz

Se fosse pra bater panelas,
que fosse antes de estarem sujas.
E a sujeira não é só literal pela falta de água,
é abstrata num espírito de alienação e oportunismo.
Resultado da construção de uma identidade forjada, 
somos como formigas que trabalham
sem a menor consciência do propósito de sua obra.
O conhecer pode libertar, 
mas é certo que seu caminho
entristece os homens.


(Rodrigo Brandão)

A nova classe média
grita da janela de seu apartamento
financiado pela Caixa Econômica Federal,
batucando em suas panelas de teflon
compradas com a linha de crédito
liberada pelo governo esquerdista
que tanto odeiam! 

Hipocrisia, eu quero uma pra viver!

Nély Claudinely​

A REVOLTA DO ALPENDRE
(pequeno estudo para um cordel)

o rico bate panela

pra tirar a presidente
o pobre confia nela
diz que é gente como a gente.
o rico bate panela
acha que a coisa tá feia
o pobre ri da esparrela
pois a panela tá cheia.
o rico tem casserole
quer calar um discurso
o pobre segue seu curso
que seu curso não é mole.
o rico chama o juiz
diz meu deus, que roubalheira
o pobre quer CPIs
foi roubado a vida inteira.
o rico bate no peito
quer fazer um novo pleito
o pobre não bate, não
"jacabô a inleição".
o rico bate na testa
no aconchego do lar
não é que rico não presta
não presta pra protestar.
indignação na panela
o rico foi pra varanda
não se indigna com a favela
mas por ver que o pobre anda.
(marcílio godoi)

(Nely Claudinely)


BATE BATE PANELA QUE EU QUERO VER

Só de pó foram lá 500 quilos
mas ninguém nem ligou, nem quis saber
Junte aí com o Mensalão Mineiro e...
Bate! Bate panela que eu quero ver!
Já ouviu falar em Propinoduto 
no metrô paulistano e não quer crer
Tem também Privataria Tucana
Bate, bate panela que eu quero ver!
Pro rombo na SABESP e pros desvios,
dinheiro pelo ralo a escorrer
Para a seca que flagela São Paulo
Bate, bate panela que eu quero ver!
Pra polícia que mata na favela
sob o olhar complacente do poder
do Estado e também de sua gente
Bate! Bate panela que eu quero ver!
Pro entreguismo do país ao estrangeiro:
fim de feira, quem dá mais, quem vai querer? 
Petrobrax pelo preço de banana
Bate, bate panela que eu quero ver!
Para AQUELE em quem espera salvação
quem, perdendo, não aceitou perder...
Pra seus crimes, nem investigação.
Vai lá, bate panela que eu quero ver!
É legítimo o cargo que ELA tem
É machista ofender por ofender
Sobre esta, nenhuma acusação
Então, bate panela que eu quero ver!
Pra ação seletiva da justiça
aliada a jornal, rádio e TV
- seus dois lados, dois pesos, duas medidas
Bate, bate panela que eu quero ver!
Por um mundo melhor pra todo mundo
quem é capaz de se comprometer?
A quem pede direito, o meu respeito
Bate, bate panela que eu quero ver!
Pra defender a paz e a liberdade
protestar pelo justo, PODE SER
Consciência, razão, fraternidade
Aí, bate panela pra valer!
Panfletário: Socorro Lira 09/03/2015

Nély Claudinely​

Pegue um livro para ler

Em horário nobre de TV

Até bula de remédio
Ainda é melhor
do que ouvir o plimplim 
de um programa do PSDB

(Gedelci Quadros de Oliveira)