quarta-feira, 28 de junho de 2017


PRETINHA FEBEM
Há quase dois anos atrás as galinhas de uma chácara vizinha invadiram a minha. Tirei várias fotos e fiquei encantada com os visitantes inesperados. De lá prá cá, fui amadurecendo a ideia de fundar um galinheiro. Mas tinha que ser algo mais bonito, mais charmoso, para combinar com o local, que é um verdadeiro paraíso. Dito, pensado e feito. Tudo pronto e lá fui eu comprar três franguinhas novas e poedeiras. Chegaram. Uma que batizei de Pretinha, outra Branquela e mais uma Riscadinha. Logo de cara, a Pretinha mostrou garras. Como líder do grupo, bate nas outras duas, que a respeitam sem pestanejar. Seus ovos são os maiores, porque é ela quem se alimenta melhor. Agora está liderando a fuga. Num final de semana qualquer, minha cruz foi tapar buracos, com tijolos, para evitar que o túnel aumentasse. Eita Pretinha Febem! Assim não dá!

A danada continuou a aprontar até que um outro visitante, um cão marron e muito bravo, que vive invadindo chácaras que não lhe pertence, acabou com a vida da Riscadinha. Fiquei muito triste, mas não desisti dos planos. Criamos mais segurança. Fechamos melhor o galinheiro. E quando menos esperávamos, reaparece o tal do cão. Pelas penas pretas encontradas, a Pretinha defendeu com sua própria vida a Branquinha, que não vingou. Quando soube do fato, sem pensar mais nada, enviei a Pretinha para seu antigo dono. Seria mais feliz longe de mim e com muita tristeza dei fim ao galinheiro. Hoje fui até lá para transformar o local num viveiro de flores, orquídeas e plantas coloridas. Quem não tem franguinhas, nem ovos, se delicia com perfume de flores. E segue a vida!
Liz Rabello





quinta-feira, 15 de junho de 2017


"Sou feito de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou. Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo. E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigado a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias. E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de 'nós'."
Cora Coralina
 

MIL PEDAÇOS
Me fiz em mil pedaços
Pra você me decifrar
E de novo me montar
Quebra cabeça de desejos
Paixões desnorteadas
Estilhaços de esperanças
Paredes quebradas
Jogos de faz-de-conta
Vazios nos cantinhos
Invisíveis do olhar


Me fiz em mil pedaços
Pra você tentar juntar
Peças que não se encaixam
Antíteses paradoxais
Cores que não combinam
Com aurora ou entardecer
Viagens sem futuro
Sem passado a entender!
Um presente recortado
Em filetes de amanhecer


Me fiz em mil pedaços
Pra tentar me disfarçar
Que todinha me mostrava
E assim posso enganar!
Se quiseres me achar
Os pedaços encontrar
Basta apenas um por um
Sentimentos vir colar!
E não hás de me achar
Porque o meu Eu dentro de ti
Sempre perdido a te sondar


Liz Rabello (In Mil Pedaços, Editora Beco dos Poetas, 2012)

terça-feira, 13 de junho de 2017

ANDO POR AÍ SEMEANDO POESIA E MUITO AMOR


Desnuda tua alma
Amor não tem rótulos
Desnuda teu coração
Amor não tem cor
Desnuda tua fé
Amor não tem religião
Desnuda tua vivência
Amor não tem deficiência
Desnuda tuas vestes
Amor não tem genero
Desnuda teus caminhos
Amor não tem fronteiras

Liz Rabello

quinta-feira, 1 de junho de 2017


 ASAS DE BORBOLETA

Quero asas de borboleta
Para livrar-me da dor
Volúpia, pecado, torpor
Ao longe existe horizonte
Folhas, flores, frescor

Quero asas de borboleta
Para livrar-me dos fios
Enroscados no casulo, miolos
De muitas lutas, tijolos
Alçar voo em violetas

Quero asas de borboleta
Para livrar-me da inércia
Sementes em ausência
Ao longe existem nascentes
Rios que correm pro sem fim

Liz Rabello
(Fotos de Liz Rabello)


segunda-feira, 22 de maio de 2017

DIÁSPORA TRI (ÁSPERA)

 "No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam."

Carlos Drummond de Andrade (In: O Avesso das Coisas - 6ªEdição, 2007)


VOLVER O TEMPO

Caso pudesse fazê-lo voltar
E páginas de minha vida apagar
Só queria de novo embarcar
Na inocência do desejo
De um grande amor vivenciar

Caso pudesse fazê-lo voltar
Daria cordas à intuição
Olhos abertos a enxergar
o que mentia o coração
Fazer  pó da ilusão

Caso pudesse fazê-lo voltar
na diáspora tri(áspera)
São dois pra cá, dois pra lá
Liberaria INTERVALOS
E os faria dançar dois pra lá

Uma pra cá
Leve
Livre
Solta
Nas mãos de Deus
A sonhar

Caso pudesse fazê-lo voltar
E páginas de minha vida acrescentar
Só queria de novo escrever
Um próximo encontro mágico
Com outro amor pra voar
Liz Rabello


Fotos de Liz Rabello (In Beco do Batman - Vila Madalena - SP/2017)




BOLHAS DE SABÃO
Vou brincar com bolhas de sabão

Acreditar que a vida não é sonho vão
Enlouquecer paredes com sopros de funil
Escorregar tijolos de matiz
Anil róseo escarlate
Ao vento driblando rolando girando
Meu coração saltitando
Sorrisos doçuras de mel
Só criança é feliz assim!


Vou brincar com bolhas de sabão
Dentro delas dores mil
Casinhas de papelão
Barquinhos sem velas
Lua sem estrelas
Sol sem brilho próprio
Árvores sem folhas
Lagos sem peixinhos
Saudades sem olhos úmidos
Vento, leve embora minha dor!

Vou brincar com bolhas de sabão
Dentro delas muita luz
Esperanças verdes liz
Olhos de serenatas
Canções e perfumes de jasmim
Num impulso de alegria
Mãos seguram a euforia
De ver bolhas explodindo
Levam a dor e o amor
Levam saudades e esperanças!
Sorriso desaparece dos lábios
Vento parou mãos molhadas
Surpresa chegou, brinquedo acabou!

Liz Rabello (In INTERVALOS, Editora Beco dos Poetas, 2013)
Fotos de Carloz Torres (In Beco do Batman- Vila Madalena - SP)




quarta-feira, 17 de maio de 2017


MÚSICA DAS RENDAS DO SILÊNCIO

Nas frias manhãs de rendas
Tecidas pelo tempo neve
Garoa, tempestades, ventos
Jornadas em greve

Aranhas tecendo fios
Emaranhados de silêncios etéreos
Iscas adormecendo vidas
Lacrando voos em labirintos fúteis

Nas tardes quentes de rendas
Tecidas pelo tempo Sol
Lagartas expiram vida
Voam borboletas Do Re Mi Sol 

Liz Rabello

sexta-feira, 5 de maio de 2017

QUERO AS VARIAÇÕES DAS NUVENS... FICO LONGOS MINUTOS OLHANDO-AS QUANDO ESTOU À BEIRA DA PISCINA... MARAVILHOSA MAGIA QUE SE REFLETEM DOS CÉUS DO MEU PARAÍSO!


Quero nuvens pra remontar pedaços
Estrelas pra colar mosaicos
Infinito pra deixar mensagens
Eternidade caminhos afora
Uma foto, um livro é uma oportunidade
De se viver além do próprio tempo
(Liz Rabello)


(Ubatumirim - Litoral Norte de São Paulo - Foto por Nicholas Betoni)

Espetacular! Ubatumirim é uma prainha que o acesso é só pela mata, numa trilha, ou então por aquele braço de mar, quando a maré está mais baixa.


(Lagoinha - Ubatuba - Litoral Norte de São Paulo - Fotos por Liz Rabello)




quinta-feira, 4 de maio de 2017


VOO RASO OU GIGANTE!
Há quem diga que não goste de solidão... Eu gosto... Costumo até dizer que não estou sozinha... Sou sozinha! Apaixonada pela obra de Van Gogh, descobri, recentemente, que além do gosto pelas tintas e cores, também ele como eu, somos igualmente “solitários”... Quer algo melhor do que caminhar sozinha com seus pensamentos por uma trilha deserta e observar a fuga da luz? Sentar-se à beira de um lago e encantar-se com um lindo pôr-do-sol? Caminhar pela orla marítima, durante o entardecer? Esparramar-se em uma cama grande e dormir... Descansar da labuta e esquecer os problemas? Mas... há momentos, não raros, em que o corpo e a mente, como também o coração pede o voo e aí a gente se lembra que “O ser humano é um pássaro de uma asa só e que é preciso se juntar ao outro para poder voar!” É aí que a gente procura o Outro, o Amigo, o Amante... E se precipita no horizonte num voo raso ou gigante! E é lindo demais!
(Liz Rabello, in MIL PEDAÇOS, Editora Beco dos Poetas, 2012)

sexta-feira, 28 de abril de 2017




Mesmo que o Estado não me valorize, mesmo que os pais não percebam, mesmo que o salário não compense: Sou Professora... Uma das pessoas mais importantes do mundo!

“Cheguei a uma conclusão aterrorizante! Sou eu, o elemento decisivo na sala de aula. É a minha abordagem pessoal que cria o clima. É meu estado de ânimo diário que dita o tempo. Como professor, possuo o tremendo poder de tornar a vida de uma criança miserável ou cheia de alegria. Posso ser um instrumento de martírio ou de inspiração divina. Posso humilhar ou alegrar, ferir ou cicatrizar. Em todas as situações, é a minha atitude que determinará se uma crise será bem ou mal conduzida, e, então, uma criança poderá ser humanizada ou marginalizada.”

(HAIM GINOTT, professor canadense).

sexta-feira, 21 de abril de 2017


Na re(existência) de mim mesma
após tormentas 
percebo luz no fim do túnel
Será enfim a volta do ser não ser
que me traduz
ou será apenas o resistir ao fim de mim?

Liz Rabello

sábado, 1 de abril de 2017


QUANDO A ALMA TRANSBORDA...

Para onde vão os sonhos perdidos?
Eles, que se tornam invisíveis
Acoplados ao fundo da alma
De lá não se mostram acessíveis
Será que a música consegue trazê-los
De volta ao mundo real?
Ou será que a alma transborda
Quando a última tempestade passar?

Liz Rabello


segunda-feira, 27 de março de 2017


SAGRADO AMOR

Fria manhã de outono
Onde o verão se despetala
Pássaros em refúgios de ninhos
Fogem em canções desafinadas
Cantam o silêncio das mágoas
Dançam ao som de cordas
De violões arrebentadas
E teimam poesia
Pois todo amor é sagrado


Liz Rabello

quinta-feira, 23 de março de 2017

PEGADAS NAS PEDRAS

Amontoo sonhos estilhaçados
Remendo retalhos rasgados
Descubro poesias na dor
Releio emails trocados
Procuro respostas ausentes
Em feridas não cicatrizadas

Descubro que o frio me persegue
Solidão é palavra de ordem
Corrimão que da mão escorrega
Labirinto escuro sem trégua
Caminhos secretos é regra
Em minhas pegadas nas pedras

Liz Rabello

sexta-feira, 17 de março de 2017


METAMORFOSES
Mudanças repentinas
Renovações aqui, acolá
Reviravoltas na vida
Basta uma limpeza no sótão,
No quartinho de despejo
Álbuns em fotos puídas
Recordações brotam do nada 
Metamorfoses perdidas no tempo.

Jamais ter medo de arriscar
Agir em prol do que sonhamos.
Às vezes é necessário
Mudar a estratégia da vitória
Adiar desejos secretos,
Mas jamais eliminá-los de vez.
Afinal a esperança é um pó mágico
Numa gaveta discreta da alma.

A escolha é nossa
Cadeados em gavetas ou
Janelas escancaradas nos casulos
Coloridos de fiapos de esperanças
Prefiro ser equilibrista em 
Metamorfoses constantes 
Driblando estrelas brilhantes,
No infinito da vida!

Liz Rabello

quinta-feira, 16 de março de 2017


CÍRCULO VICIOSO

Sou ponto fora da curva
Na esquina perdida
Sou roda girando
Sem pouso gemido
Sou fonte jorrando
Icebergs quebrados
Sou amor em taças de fel  
Aos porcos oferecido
Entre a cruz e a espada
Restos mortais 
A cães famintos servidos
Filhos, amantes, amigos
Quem dá mais
Pra meu infeliz caminhar?

Liz Rabello

sábado, 11 de março de 2017


Sou árvore frondosa
Raízes firmes
Fincadas ao solo mãe
Nenhum navio me fará ondular
Em águas aventureiras do além mar
Só irei pra Portugal,
que não é logo ali, no fundo do quintal,
quando tiver passagem de volta, breve e certeira.
Liz Rabello

terça-feira, 7 de março de 2017


UMA ARTE BEM GOSTOSA

Cidinha Paixão era uma pessoa “quadradinha”, toda certinha, que andava com Diário Oficial debaixo dos braços. Mas era boa de coração. E por esta razão foi unânime a adesão. “Vamos fazer para ela, nossa Diretora predileta, uma festa de aniversário surpresa”.  E fizemos.  A data caiu numa quarta-feira.  Aulas foram desmarcadas. Na surdina, ninguém abriu a boca para falar o que não devia e a surpresa realmente foi para nós.  No almoço, o prato servido foi Strogonoff de carne e frango para todos os gostos. Unidos, professores e funcionários fizeram algo para preparar a festa, desde bexigas a enfeites de mesa, que por sinal ficou linda! Trabalhei na cozinha e muitas batatinhas descasquei, cortei e fritei. Tudo pronto, meio dia e nada da Cidinha aparecer. Uma hora, duas horas, três horas....  A fome aumentando e o estômago roncando. Fomos comprar mais batatinhas, porque elas é que estavam desaparecendo. Regadas à caipirinha, foi o que nos restou para conseguirmos fazer a espera durar.

Alguém contratou a escola de samba do bairro.  Os músicos e as passistas chegaram. Samba rolou solto no pátio interno, todo fechado, para ninguém saber o que rolava por lá. Eu só me lembro que me sentei na escada e que tirei os sapatos e ensaiei passinhos de samba que jamais soube dançar. Foi neste dia que aprendi que se ficasse de fogo, o que faria seria sorrir.  Foi a melhor festa de minha vida.  Gargalhei gargalos de alegria!

Cidinha não apareceu e nem soube se ela percebeu que no sábado seguinte a escola toda foi feliz da vida repor o dia do aniversário que não aconteceu.

Liz Rabello

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

 ENTRE O CÉU, O MAR, AS MONTANHAS E A ESTRADA


Tenho uma paz que não sei de onde vem... Vou fluindo dentro dela, mais me deixando carregar do que a levando, flexionando-me nas mãos da criação divina, agradecendo e fazendo a única coisa que sei fazer: AMAR 













Fotos de  Liz Rabello

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

AMANHECER E ENTARDECER... "INTERVALOS" ENTRE O CÉU E O MAR...
 LINDO DEMAIS!






SEGUNDA-FEIRA DE UMA APOSENTADA...   QUER VIDA MELHOR???