sábado, 4 de julho de 2015

VAMOS CONHECER FRANS KRAJCBERG?


"O artista sem fronteira, para nosso orgulho, vive aqui", diz a placa de boas-vindas na entrada de Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia. A pequena cidade foi eleita pelas baleias-jubarte como o destino anual de inverno e também por Frans Krajcberg como sua casa definitiva. Mas, quando se convive um pouco mais de perto com esse escultor e poeta da natureza, fica estranho imaginar que alguém tão livre tenha um CEP. "Sou um homem do mundo. Nasci e tenho o direito de viver nele", afirma Krajcberg, que cresceu na Polônia, perdeu a família na guerra e chegou aqui aos 27 anos, sozinho e com medo das pessoas. "Na Hungria, vi uma montanha de lixo num campo de concentração. Cheguei mais perto e eram corpos empilhados." Tamanho horror explica sua felicidade quando conheceu a natureza brasileira. "Ela me salvou. Sorria para mim e nunca perguntava de onde eu vinha ou que religião tinha. Foi quando descobri a vida." Hoje, Krajcberg mora num resquício de mata Atlântica com o mar no quintal e faz da sua arte um grito de revolta.



"Krajcberg ganhou projeção internacional com suas esculturas de madeira calcinadas nos anos 1970. Seu trabalho tem uma dimensão ética que vai além da arte: está ligado ao mundo sem ser panfletário e literal"

(Agnaldo Farias, crítico de arte)


Krajcberg vive a 7 m do chão, numa casa construída na árvore. Mas houve um tempo em que se escondeu nas montanhas. "Eu o conheci no interior de Minas, nos anos 1960. Ele morava em uma caverna no pico de Cata Branca, região de mineração em Itabirito, atéhoje apelidada de Barbudo das Pedras", conta Zé do Mato, que se tornou ajudante do tal Barbudo das Pedras. O artista vivia sem conforto, a barba por fazer, tomava banho no rio e trabalhava sem parar. Até hoje companheiro da solidão, o escultor inventou um jeito próprio de morar. "O melhor dia para mim é domingo. Me sinto bem sozinho", diz. Em sua casa monástica, apenas algumas cadeiras, uma cama estreita, poucas roupas e cinco malas empilhadas pois é, atéum homem livre precisa delas. O único luxo éa coleção de conchas, pedras, galhos secos e sementes. Boa parte dela recolhida no Sítio Natura, onde chegou em 1972, a convite do amigo e arquiteto Zanine Caldas, que o ajudou a conceber a casa da árvore. "Ele sonhava em transformar Nova Viçosa numa capital cultural", lembra. A utopia de Zanine chegou a reunir nomes como Chico Buarque, Oscar Niemeyer e Dorival Caymmi. Só Krajcberg ficou.
"Ele éum artista único e radical, que suscita reflexões e diálogos. Ano passado, estivemos juntos em sua exposição no Parque Bagatelle, em Paris, e fiquei impressionado com a reação visceral das pessoas"



A despeito da recomendação médica, Krajcberg quase nunca lembra de beber água. Quem o vê andando firme, gesticulando e dando ordens a seus 12 ajudantes, não imagina que esse senhor de 85 anos tenha passado recentemente pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Recuperado de uma infecção rara, ele parece ter mais pressa do que nunca - a mesma dos que defendem uma causa urgente. "A situação do planeta égrave. A natureza évingativa e nós a machucamos demais. Não podemos continuar passivos", brada. Ao transformar troncos e galhos calcinados em esculturas, Krajcberg protesta diante do que chama de barbárie do homem contra o homem e do homem contra a natureza. "Quero que minhas obras sejam um reflexo das queimadas. Por isso, uso as mesmas cores: vermelho e preto, fogo e morte." Entre os amigos queridos que são, na verdade, sua família está o cineasta Walter Salles. "Costumo brincar que Krajcberg é meu irmão mais novo e mais radical", diz. Os dois se conheceram em 1987, quando Salles filmou o documentário Krajcberg, o Poeta dos Vestígios. "Fazemos aniversário no mesmo dia, 12 de abril, e costumamos comemorar juntos." "Sou um homem revoltado." A frase recorrente de Krajcberg lhe rendeu a fama de brigão. Já denunciou as queimadas no Paraná, a exploração dos minérios em Minas Gerais e o desmatamento na Amazônia. Também defendeu as tartarugas de Nova Viçosa e se postou na frente de um trator para evitar a construção de uma avenida na cidade. Apesar dessas e de outras histórias de indignação, o escultor também pode ser muito engraçado. Inventa apelidos para as pessoas, diz bom-dia para árvores e dança quando ouve o toque alegre do seu celular. "Adoro seu humor. Acho extraordinário que, depois de tudo o que viveu, ainda mantenha um sorriso tão sincero", observa Walter Salles. Contradições como essas fazem do escultor um artista contundente. "Ele está inserido na história da arte há muito tempo. Começou como um artista abstrato nos anos 1950 e migrou para a escultura", resume o crítico Agnaldo Farias. Hoje, o que ele adora mesmo éfotografar. Acorda cedo e sai registrando flores. Nesses momentos, fala da importância de aproveitar o instante e saber olhar para as coisas. "Um dia nunca é igual ao outro." Não mesmo no mundo de Krajcberg.

                                                            (Walter Salles, cineasta)





"Tinha 17 anos quando conheci o Frans e comecei a trabalhar como seu ajudante. Ele morava numa caverna, pois queria fugir dos homens. Parecia um animal machucado. Ali, ele fez as primeiras gravuras na pedra e esculturas"


(Zé do Mato, montador de exposições)

sábado, 27 de junho de 2015


SE ESCOLHESSE O AZUL PARA PINTAR UMA TELA AINDA HOJE,
 ESTE SERIA O TOM...   VESTIDA DE AZUL...


Vou me vestir de azul
pra teus olhos iluminar
Para meu planeta
Encantar
Soltar a voz
cantar
Esperança
no olhar
voar!

Liz Rabello

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A POESIA SALVA



Tenho uma sala de aula muito difícil. Outro dia já não sabia mais como tentar chamar a atenção deles para mim. Queria explicar as figuras de linguagem. Parei, pensei. Tenho que fazer algo diferente e fiz. Fechei os olhos e comecei bem alto a declamar uma poesia: "O Velho Professor"... Foi a primeira vez que o fiz sem ter o texto suporte nas mãos... Consegui ir até o fim, sem bloquear e mais: Somente duas meninas é que pararam de brincar com o celular, assustadas quando todos batiam palmas pra mim. Atenção voltada para meu talento, consegui explicar a matéria nova... A poesia me salvou!

 Liz Rabello



terça-feira, 16 de junho de 2015

NOVOS LANÇAMENTOS DE LUA NO CHÃO



http://www.livrariacortez.com.br/index.cfm?i=1&pag=evento_293

segunda-feira, 1 de junho de 2015


ESQUECIDOS NO AEROPORTO DE PASSO FUNDO


Nosso voo de ida para Cruz Alta atrasou em Guarulhos, cerca de duas horas. Um imprevisto mal explicado, que gerou nossa chegada a Passo Fundo de tardezinha. Ficamos sem condução para Cruz Alta e os taxistas não queriam levar cinco pessoas. Resultado: Esperamos por mais de uma hora a chegada de uma Van. Outras consequências: Selamos um elo forte entre nós. Vimos um pôr do sol espetacular em céus gaúchos e fizemos amizade com um cãozinho tão abandonado quanto nós. Minha amiga Jussara Gabin me puxava de um lado e Betta Fernandes de outro. Eu mais parecia elástico esticado para entrar no táxi, que só levava quatro. Até que nossa loirinha foi literalmente expulsa do tal e meu elástico quebrou. As duas se uniram e eu feliz de lado vendo e sentindo que o melhor do encontro foi a união.






segunda-feira, 25 de maio de 2015



VESTIDO VERMELHO
Em nosso colo a sonhar

Com amores colorir
De vermelho paixão
Corações a tingir
Ilusões especiais
De rasgos de amor sorrir


Eis que a turba panelaço
Violenta sem igual
Pobre viralatinha manca
De preconceitos e tabus
Querem-na fora da elite
Por vestido vermelho vestir


Mas Vareta é de paz
Não permite a ninguém mentir
Mora lá no décimo terceiro andar
E se comporta como a Lady Blue
Respeita o sinal vermelho
E quer bem a todos os pedigrees


Vareta é mais racional
do que o humano animal
Que bate panela sem ter o que pedir
Carioca da gema zona sul no Leblon
Ou o dono do apê luxuoso dos jardins
Late zangada quando a paz é cortada

Afinal é uma viralatinha feliz!
Liz Rabello



Quando a gente se separa
Fica uma fissura
pequena fresta
Onde passam todas as agulhas
Onde vertem todos os desejos
Onde dormem todas as saudades
Onde jorram lágrimas salgadas
Corte e costura de minhas desilusões
Artesanato pueril de ilusões.

Liz Rabello

domingo, 24 de maio de 2015



APRESENTAÇÃO DO MEU NOVO LIVRO "LUA NO CHÃO" PARA OS AMIGOS EM SOROCABA, NO CANTINHO GIRASSOL




terça-feira, 19 de maio de 2015


"PERDOAR SEMPRE MESMO QUANDO DE REPENTE PERCEBEMOS QUE O PERDOADO NÃO SE JULGA CULPADO E QUE NÃO O PERDOA PELO MAL QUE NUNCA FEZ"
Liz Rabello

quarta-feira, 13 de maio de 2015


SARAU DA RESISTÊNCIA... 
CANTINHO DO GIRASSOL
MEMÓRIAS NEGRAS... NEGRAS MEMÓRIAS
LEMBRAR PARA NÃO REPETIR


13 DE MAIO DE 1888  DIA DE LIBERDADE??????

ÀS MINHAS CUSTAS
Tudo que sei do número treze
É que é o grupo do galo
É que é o dia do azar.
Tudo que sei de liberdade
É continuar escapando
Da penitenciária
Pois não existem quilombos
Para me guardar
Éle Semog

ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido o português.

Oswald de Andrade


MÃE PRETA
Raul Bopp

- Mãe preta, conta uma história!
- Então, feche os olhos, filhinho:
Longe, muito longe era uma vez o Rio Congo...
Por toda parte o mato grande
Muito sol batia o chão... Depois...
Os olhos da preta pararam
Acordaram-se as vozes do sangue
Glu-glus de água engasgada
Naquele dia do nunca mais
Era uma praia vazia com riscos brancos de areia
E batelões carregando escravos... Depois...

Ué, mãezinha, por que você não conta o resto da história?

NOSSA HISTÓRIA É ASSIM:
- Vamos pras Índias!
Dias e dias os horizontes se repetem...
Velas baixaram. E desembarcaram
O sol do lado de fora assistiu missa
Terra em que Deus anda de pés no chão!
Outros chegaram
- Queremos ouro!
Começou daí um Brasil-sem-história-certa.
A terra acordou-se com o alarido de caça de animais e de homens!
Mato-grande fou cúmplice nas novas plantações de sangue
Mulher foi espremer filho no escondido.


O sol espalhou verão nos canaviais das fazendas
O mato escondeu escravos
Com inscrições de chicote no lombo...

E veio o negro
Trouxe o sol na pele
E uma alma de nunca-mais
Carregada de vozes
Foi desbeiçar terra
Alargaram-se as lavouras
Brasil encheu-se de queixas de monjolo

Bandeiras passaram
Nem deixaram rasto
Outras cansaram
Não continuaram
A água do rio engasgou
Secou
Índio com alma hipotecada à floresta
Fugiu por caminhos escondidos
Negro ficou para trás
Apalpou a terra
 o sol foi trabalhar nas lavouras
o ouro cresceu pelos campos de milho África Brasil!

E foram chegando soldados e frades
Trouxeram as leis e os dez mandamentos


SENHOR DEUS DOS DESGRAÇADOS!
DIZEI-ME VÓS, SENHOR DEUS!
SE É LOUCURA, SE É VERDADE

Depois vieram as mulheres do próximo
Imigrantes com alma a retalho
Brasil subiu até o décimo andar
Litoral riu com os motores
Subúrbio confraternizou com a cidade
Negro coçou piano e fez música...


terça-feira, 12 de maio de 2015



PREFÁCIO


A luz se apaga, as estrelas brilham, a lua se posta ao chão para celebrar o amor. É assim que respira “Lua no Chão”, um apanhado de contos produzidos através da troca de experiências que Liz Rabello teve com amigos e parentes ao longo de sua trajetória. O real é reinventado por sua imaginação. Seus contos falam de amores perdidos, de amores impossíveis, reencontros, de espiritualidade, de religiosidade, de solidão, do amor eterno pelo pai. São histórias divertidas, por vezes tristes. Como não rir com “Um Assalto Inusitado”, onde uma sombrinha é utilizada como se fosse uma metralhadora? Como não se emocionar com a graça concedida por Deus em Peruíbe? Ou no reencontro com a amiga francesa? Como não se divertir com histórias de baratas de sete saias? Em meio a abismos e tempestades, micos e pássaros, Liz Rabello demonstra ainda sua preocupação com a natureza e preservação do meio ambiente deixando fluir toda sua emoção e criatividade. Utilizando gêneros literários diferentes, os contos são introduzidos por poemas que amarram a narrativa da história, demonstrando seu talento e força poética, como por exemplo, em Vassouras ao Vento, (poema classificado em sétimo lugar no primeiro concurso Cantinho Girassol, em 2014) ou em Luta, onde revela toda sua disposição para defender seus ideais. Os contos e poemas levam o leitor a refletir sobre uma série de questões e reforça valores como amizade, sinceridade, importância da família em nossas vidas, fé em Deus, fazendo de “Lua no Chão”, uma celebração ao amor e à vida. Às vezes nos encontramos em certas situações, onde fica difícil explicar o que realmente aconteceu. Teria sido um sonho, fruto da imaginação, uma realidade, ou apenas um desejo oculto no nosso inconsciente? Não sabemos! Cabe ao leitor preencher estes vazios e dele apropriar-se inserindo suas vivências e contextualizando a obra. Boa leitura!


Cícero C. Cândido


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segunda-feira, 4 de maio de 2015



REDENÇÃO




Ser mãe não é padecer no paraíso
É ficar horas ao relento procurando
Instigando o espírito a revelar
Um paradeiro perdido
É abraçar o próprio corpo em desalinho
Centopeia de sapatinhos
Cinderela à procura do próprio pé
Descalço, sem calçar sandálias franciscanas
Olhos perdidos no abismo da eternidade
Porque maior amor não há
Nem jamais resistirá
À dor real,
Fatia da canção
Faminta e desolada
De bracinhos no pescoço
Inconformada
Segue solitária em oração!
Fé é tua corrente viva
Até a ponte final
Do outro lado: Salvação!

Liz Rabello