segunda-feira, 29 de setembro de 2014


OS OLHOS DE UM CÃO SÃO CONFIÁVEIS AOS OLHOS DE UM PEIXE...

NADA PARA MEU OLHAR

Olhe nos meus olhos
E verás a luz
por trás das pálpebras
é puro amor

Real na dor
Sutil no apelo
Pleno desejo de fome ceder
mas não envergo

podes confiar amigo
que sei conter-me
fidelidade é meu traço único
união e afeto minha cumplicidade!

Sou capaz de dividir
Somar só se for afetos
Subtrair só dores
Multiplicar amores!

Entre todos sem arestas
preconceitos nem pensar
Que eu só sei amar
Vem nada, nada para meu olhar!

Liz Rabello




sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DEVEMOS SER COMO ÁRVORES QUE A CADA ANO QUE PASSA TROCAM SUAS “CASCAS” DEIXANDO À MOSTRA PARTES INTERNAS COLORIDAS...


 OUTONOS PSICODÉLICOS

OUTONOS PSICODÉLICOS

Cada primavera que vivemos
Nos traz uma mágoa
Uma chuva que não veio
Uma flor que não brotou
Uma tristeza escondida
Que no inverno desbotou!

Outonos psicodélicos
Eucalipto arco-íris
A cada ano que passa
Vamos trocando nossas cascas
Deixando à mostra
Partes internas coloridas

Aprendizado do Amor!

Liz Rabello 




quinta-feira, 18 de setembro de 2014



DIFERENÇAS SÃO RIQUEZAS

Folha branca
Folha negra
Mesmas cores/faces
De uma única folha
Sem diferenças
Só depende de quem vê
De quem olha
De como sente.
Pele branca pele negra
Onde é que estão as diferenças?
Onde é que estão as riquezas?
Só depende de quem vê
Um único ser humano
De quem sente como é.

Liz Rabello


É  PELAS  DIFERENÇAS QUE AS CORES

SE HARMONIZAM


O melhor do cinema brasileiro está neste filme, selecionado para o OSCAR de 2015.  "HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO" desmascara o verdadeiro amor, tanto da amizade como do carinho, Uma resposta aos homofóbicos, incapazes de amar e sentir o valor das diferenças. Uma resposta aos Felicianos que tanto desprezam quem é capaz de abrir o coração para permitir que as diferenças possam se estabelecer na sociedade. Quem pode determinar o que é certo e o que é errado? Para mim só amor é certo, mais nada.


Liz Rabello

quarta-feira, 17 de setembro de 2014





CEM RAZÕES

Liberte teu coração

ao sabor do vento
Deixe-o falar mais alto
do que o pensamento
Fluir tempestades de desejos!
Juízos pré moldados?
Não sei não...
Coração tem cem razões
Sempre a te guiar
Sem razão nenhuma a nortear
Se a consciência comandar
Tramas do destino amordaçar
Permitas a teu coração gritar
Que queres voar e amar!

LIZ RABELLO in INTERVALOS, ARMADILHAS DO DESTINO, 2013, BECO DOS POETAS) 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014



SETE MESES


Nossa Júlia respira
Poesia
Vida
Alegria
Afagos
Sonhos
Amor
Eternidade!

São 28 semanas de pulsar
7 estrelas a bailar!

Ansiedade por ver sua carinha...

Liz Rabello


 BROTEI ESTRELAS NAS MÃOS
Me joguei de corpo e alma
Quebrei correntes,
desbravei sertões 

Daqui...

O calor não me assustava.

as minhas garras,

me aqueceram as entranhas
Desfez teias de aranhas, sobrevivi. 
Bebi fel quando meu corpo
Reclamava mel.
Colecionei vagalumes 
E deles roubei a luz,
e tive uma constelação toda minha.
E, brotei estrelas nas mãos 
Estrelas só minhas...
Buquê de Luas!

Maria Lúcia Lopez




AMO MEU PAÍS!


O MESMO SOL QUE TE ILUMINA, OH CRISTO REDENTOR,  É  AQUELE QUE INJUSTAMENTE NÃO SE ABRE E NÃO SE MOSTRA PARA TODOS!


RETÓRICA COM SABOR DE FRUTA NOVA

Turistas e amantes de tua beleza
enchem teus bares de muitas riquezas
Trocas culturais e grandezas
Sambas, jazz, rock, qualquer som de pura magia
E lá embaixo, na zona sul, rica do Rio 
já começa o colorido cinzento
do abismo entre a pobreza e a riqueza,
herdadas do tempo colonial, 
dos negros fugidos aos morros, 
para sobreviverem do chicote
 ou da penumbra de uma liberdade em exílio, 
já que a Lei assinada pela Princesa Isabel
não passou de um engodo
 favorecia somente aos imigrantes brancos
 que aqui chegaram para branquear a nação negra
 Amo também esta nossa história, 
tão recente quanto injusta.

E cabe a mim em prosa ou em versos
Desta sina que propago
Ler às avessas 
criar um novo testamento de lucidez
uma retórica com sabor de fruta nova
pois que bem sei é lá no morro
que mora a sapiência
de se viver com o pouco que se tem
com alegria e samba nos pés
Com muito amor e paz no coração!

Ah... você me diz
É lá que estão os Comandos de Tráficos
As lutas entre a Polícia e os chefões
Mas é lá também que mora a solidariedade
Os negrinhos descamisados e sem livros
Onde a bola rola sob os pés!
Somente um banho de cultura
regado à Educação  e à dignidade
É que pode aflorar  a negação
 por ser laranja das drogas
E emergir a liderança de
todos os bons cidadãos que por lá estão!

Liz Rabello



terça-feira, 2 de setembro de 2014



SENTI... NÃO PODE FICAR ESQUECIDO DENTRO DE UM LIVRO UM POEMA TÃO LINDO ASSIM... ELE PRECISA SER LIDO!

"Ele chegou de mansinho, desfez os laços de fitas
Colheu margaridas, bordou-me poemas.
Estacionou numa hora mansa do tempo corrido
Desabotoando o vestido, pensei assim: "Não pode
haver despejo, em quem desse jeito bordou-me poemas".
Partiu, abraçando a sensação de haver colhido afetos 
Em botão. Não pode haver desapego de quem beijando
Meu peito, inspirou-me poemas."


Do livro Outros Cantos Outros Sois

Maria Lúcia Lopez

quinta-feira, 28 de agosto de 2014


LER UM LIVRO É...
ILUMINAR O ESPÍRITO DE PAZ


ADENTRAR PARA  A ESFERA DA SABEDORIA



CRIAR UM NOVO IMAGINÁRIO


 FANTÁSTICO MUNDO DE VALORES


ALCANÇAR A LUA


BRINCAR COM AS ESTRELAS



DESCER À TERRA REPLETOS DE LUZES



IRMANADOS PERMITIREM O AMOR


A AMIZADE E O RESPEITO


O COMPANHEIRISMO E O ABRAÇO!


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CORRENTE SANGUÍNEA


Nosso planeta é um mapa de desolação. Aqui, a água como recurso natural indispensável está acabando. O Rio Tietê, que corta nossa cidade por completo, é uma fonte de doenças, mal estar, putrefação e ausência de vida. Logo ali, ar saturado. Milhares de carros entopem a cidade, parados, de um lugar que não vai a lugar algum. Mais adiante, queimadas matam o solo fértil, nutrientes necessários à vida perdidos para além do tempo. Habitat natural de insetos, borboletas, abelhas completamente destruídos. Acolá, lavouras de milho, soja, frutas, legumes morrendo à míngua, por ausência de chuvas, que quando caem dos céus, em gotículas serenas já chegam como chuva ácida.


Acidez é a rota para nosso planeta, que cobra vida! O corpo humano é setenta por cento água. O planeta, mais... Porém a potável, que só ela é fonte de vida, é pouquíssima! Seu pequeno volume somado aos cumes de montanhas geladas, com o calor saturado e ampliado das contingências do consumo capitalista, lixo sem controle, camada de ozônio aumentando sua esfera, pobres placas de água doce se derretem e se transformam em salgada de mares e oceanos, que não aplacam nossa sede de viver!


O pior é que os seres humanos, os mais inteligentes dos animais, que tanto poderiam fazer para transformar em flores a corrente de sangue que corre em volta de nós, apenas promovem a guerra. Duelos destruidores por palavras, por ações, por armas nucleares, por bombas... Lágrimas de sangue em meu coração, quando tudo o que desejo é um pouco de amor... Um laço de união... Um coração de flor!

Liz Rabello


quarta-feira, 20 de agosto de 2014


LUA NO CHÃO

Quando a lua vem até você só para dizer boa noite é porque a vida mora dentro de você! Estávamos na chácara e um clarão imenso nos absorveu por inteiro, logo depois que a luz elétrica acabou e que a mudez do som e o vazio das imagens dos computadores nos tiraram de nossos afazeres habituais. A princípio, atônitos com a louca escuridão dos primeiros sinais do apagão, ficamos inertes. Depois nossas mãos se procuraram em busca da segurança que um espera do outro em momentos de “não sei o que fazer agora”. Rimos e nos abraçamos como se tivéssemos nos encontrado somente naquele instante. A noite estava escura e era tempo de verão! Lá fora parecia que tudo estava imóvel como a vida que parara em busca de uma nova melodia. De mãos dadas e muito abraçados fomos para a varanda. A rede ainda estava lá, como leito de amor a espera da sede aplacar. De lá conseguíamos ouvir o sibilar do vento nas águas da piscina, nas folhas dos arbustos, no diálogo com as nuvens, que teimavam em esconder as estrelas. Nossos carinhos trocados se enlaçavam, em sussurros e afagos se tocavam, nossos corpos arrepiados de prazer se procuravam. Nossas vestes se soltaram. E nenhuma estrela brilhou mais do que devia! Quando a febre do desejo saturou nossos sentidos e nossos corpos se acalmaram, percebemos que a lua se encaixava em nossas mãos, num único clarão que as nuvens nos legaram e enfim, deliciados, desejamos ardentemente que o apagão fosse eterno  e nunca mais se iluminasse!

Liz Rabello  (In LUA NO CHÃO, 2015)


SUSSURROS AO OUVIDO

Cantigas de ninar
Madrugadas em carinhos
Dedos em afagos nos cabelos
Massagens circulares
Sussurros sibiliantes
Eu te amo doce voz
Minha e tua a um som só!

Pra nunca mais estarmos sós!

Liz Rabello

segunda-feira, 18 de agosto de 2014




UM ASSALTO INUSITADO

Dizem que senhorinhas são mais sinalizadas para assaltos do que jovens mulheres ou homens. Por isto já estou na casa de mais de dez!  À mão armada ou não, certeza é que bandidos gostam de me explorar. E isto não acontece somente agora, pois logo que me casei, quando lavei pela primeira vez minhas roupas do enxoval, novinhas em folha e as pendurei no varal, saí para as compras. Ao voltar cadê as roupas? Nunca mais as vi! Minto, vi, sim, dentro do ônibus, dias depois uma garota vestindo meu terninho. Era impossível coincidências, pois eu havia escolhido o tecido de gorgurão vermelho, os botões e mandado para uma costureira confeccioná-lo. Designer escolhido e criado por mim. Não havia cópias da China, baratinhas como hoje em dia. Nada fiz, embora a vida inteira tivesse ímpetos de rasgar as vestes daquela menina.

No último assalto jurei: “Não vou mais permitir que me façam de boba!” Assim quando meu filho perguntou-me se sabia onde estava o relógio dele e cogitou de que havia sido roubado, fiquei com a última versão na cabeça. Não costumo ir ao centro de carro. Difícil estacionar. Fui de ônibus. E qual não foi minha surpresa quando observei um rapaz muito bem vestido, com um relógio igualzinho ao do meu filho. Marca, cor, senti até o mesmo perfume. Uma raiva muito grande e a lembrança do passado inacabado a perseguir-me. Em frente ao Metrô Marechal, o rapaz desceu. Fui atrás. Minha arma: meu guarda-chuva! Dei-lhe muitas guarda-chuvadas em suas costas, chamando-o de ladrão e gritando que queria meu relógio de volta. Em pânico, o rapaz obedeceu. Arrancou o relógio do pulso e em minha mão livre o depositou, safando-se do guarda-chuva o mais rápido que conseguiu fugir.

Muito feliz cheguei em casa com meu prêmio pendurado na lapela. Meu terninho vermelho finalmente estava vingado! Mas quando olhei em cima da cômoda ali estava brilhando, translúcido, angelical relíquia perdida: um relógio exatamente igual ao que eu havia “roubado” horas antes!

Liz Rabello (In "LUA NO CHÃO", Editora Essencial, 2015)